Eu obviamente desconversei e pedi que ele me levasse para casa, e foi o que ele fez. Assim que chegamos em casa, em um silêncio absoluto, me ocorreu perguntar com quem ele havia deixado as crianças.
— É melhor ver com seus próprios olhos. — ele sorriu, sem graça.
— Surpresaaaaaaa! — Bruno, meu primo apareceu gritando.
Como assim? Que parte da história eu havia perdido.
— Bruno? — perguntei, confusa.
— Poxa, pensei que ia me receber com mais animação. Vou até ligar pra tia Deise pra ver se ela tem um quarto sobrando lá naquela mansão. — pegou o celular do bolso, fingindo estar ligando..
Bruno Almeida, filho do irmão mais novo da mamãe. Parte da família da minha mãe morava fora do estado, e Bruno não seria diferente, por isso só nos víamos no natal ou ano novo. Mas o que ele estaria fazendo aqui no começo de Fevereiro?
— Ah, para de drama! Me dá um abraço — falei esticando os braços.
— Nossa você diminuiu! — ele disse quando me soltou — Você deve ter o que? Um metro e meio?
— Um metro e cinquenta e seis. — soquei seu braço.
— Ah tá, seis centímetros a mais. Grande diferença!
— Você veio aqui pra me insultar? É isso? — perguntei, fingindo estar ofendida.
— Não, eu vim pra visitar a minha sobrinha. — ele disse pegando a no colo.
— Oi, tio Buno. — ela disse, abraçando ele.
— Eu trouxe um presente pra você, está lá no seu quarto, por que não vai lá ver o que é? — ele disse, e ela e Henry saíram correndo.
— Não faz dois meses que você a viu. Fala a verdade, o que aconteceu?
— Vamos combinar de não tocar nesse assunto? — ele falou, obviamente havia brigado com seu pais mais uma vez.
— Tudo bem. Então, Bruno, já conheceu a Vitória? — falei, assim que ouvi a porta sendo aberta.
— Não, é sua amiga? — Bruno perguntou, sem nenhuma importância.
— É a mãe do Henry. — Vitória passou pela porte de entrada, e Bruno grudou os olhos nela — Essa aí.
Acho que se tivesse colocado um pote embaixo de seu queixo, poderia ter recolhido baba o suficiente para lavar a louça. Bruno parecia que tinha sido levado do céu ao inferno em dois segundos.
— Não sabia que iriamos ter visita. — ela disse, e começou a arrumar o cabelo.
— É só o meu primo que não me avisou que viria. — falei, mas nenhum deles pareceu me ouvir.
— Eu sou Bruno, o primo da Kate — ele disse meio atrapalhado — Prazer — ele esticou a mão.
— Eu sou Vitória, prazer. — ela sorriu, apertando sua mão.
Alissom puxou minha mão, o que me fez estremecer, mas era apenas para dar mais privacidade aos dois. As crianças haviam subido e estávamos claramente de vela. Entrei na cozinha e fechei a porta.
— Bom, eles vão demorar bastante. — Alissom disse.
— Ainda bem que ficamos presos na cozinha, porque eu estou faminta! — falei, mexendo nas panelas.
— Quando você não está, não é? — ele disse, sentando no chão.
Na verdade, era comum eu perder o apetite quando estava perto dele, pois a única coisa em que eu conseguia pensar era nas borboletas que acabavam se formando no meu estômago de vez em quando. E era exatamente isso que estava acontecendo, eu havia perdido a fome.
— Kate? — ele me chamou, me despertando do devaneio.
— O que foi? — perguntei.
— O que foi aquilo no carro? — ele me olhou profundamente nos olhos, sabia que não conseguiria mentir se ele continuasse a me olhar daquela maneira.
Suspirei, antes de tomar coragem pra falar o que eu realmente queria.
— Foi a imensa raiva que eu tenho de você, Alissom. — falei, chegando perto e oferecendo a minha mão para ele levantar.
— Eu não entendi. Quer me torturar, é isso? — ele perguntou, recusando minha oferta de ajuda e se levantando sozinho.
— Mais ou menos isso.
— Kate, eu sei que eu errei... — ele começou a falar, mas eu nem estava ouvindo, só conseguia ouvir meu coração.
Comecei a anda na direção dele, e ele dava um passo para trás, achando que fosse bater nele a qualquer minuto, mas não era meu objetivo naquele minuto. Ele andou até se encostar na parede, quando não tinha mais para onde correr de mim, e continuava a tagarelar pedindo desculpas. Só parou de falar quando coloquei a mão em seu peito, para me apoiar melhor.
— O que você...— ele começou, mas o interrompi com um beijo.
No começo, achei que seria apenas um beijinho para aliviar a dor do meu peito, mas na verdade, se tornou algo mais feroz do que isso. Estava com muita saudade, e ele também parecia sentir a mesma coisa, e por um minuto, parecia como nosso primeiro beijo. Ah, aquela cozinha era um lugar perigoso demais.
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O irmão da minha melhor amiga 2
Teen FictionDepois de quase 6 anos, o mundo dela virou de cabeça para baixo. Uma filha e muitas descobertas. Novas paixões, novas surpresas; novos sentimentos. A baixinha marrenta que achava que a vida adulta era mais fácil; descobriu que estava errada... Não é...