Finalmente!

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Kate

O carro estacionou em frente à igreja, o que já me deixou nervosa a ponto de esquecer como que respirava. Passei meus olhos por todo o lugar, até encontrar quem eu mais queria ver: Alissom.

Ele estava parado na porta da igreja, esfregando as mãos na calça pra limpar o suor nervoso. Olhava perdido para os convidados que chegavam para cumprimenta-lo, e dava um sorriso para ocultar a ansiedade e distração.

Minha mãe andava de um lado para o outro, provavelmente procurando meu pai, que deveria estar trancado no banheiro para não ser incomodado por suas paranóias. Ela parecia tão nervosa que acabei achando que o casamento era dela.

Agnes estava no carro comigo, mas as gêmeas não a deixaram em paz um segundo. Ela murmurava um palavrão de vez em quando, mas logo depois pedia perdão, pois estava na frente de uma igreja, a cena era cômica.

Voltei a olhar Alissom mais uma vez, e, para minha surpresa, ele estava de olhos fechados, mexendo os lábios de forma rápida. Espera, ele estava orando? Era isso ou ele estava falando sozinho.

— Kate, para de olhar pra ele. Me ajuda aqui a trocar a Sol. — Agnes me despertou.

— Agnes, nós estamos dentro de um carro, e eu estou vestida de noiva. É sério que você quer que eu ajude a trocar a Sol?

— Eu sei, eu sei. Droga, eu não consigo me mexer nesse carro minúsculo! E esse vestido apertando meus seios, que merda! Ok, Kate eu volto em dez minutos, não saia daí.

Ela saiu do carro depressa, e deu uma das meninas para Duda carregar, pois levar as duas seria difícil. Ainda mais de salto.

Enfim, eu estava sozinha, com muito medo, admito, mas ansiosa para o desfecho da noite. Podia ser antiquado, ou até mesmo romântico, mas Alissom seria a primeira pessoa que me teria por inteira. Nunca ousei chegar tão longe com qualquer paquera que eu tive, nem mesmo com Alissom.

Queria que fosse com alguém especial, e que não me arrependesse depois. Que quando eu lembrasse desse momento, não me sentisse mal por ter feito isso apenas por desejo, e sim porque eu queria ter mais conexão ainda com a pessoa que eu escolhesse. Era um voto de amor eterno. Parte de mim ansiava isso, e parte de mim estava tão nervosa e com medo de fazer algo errado, que nem sequer conseguia pensar que algo daria certo.

— Está pronta? — meu pai disse, batendo na janela do carro.

Não.

— Sim.

Saí com dificuldade, pois o vestido era enorme. Meu pai se afastou um instante para me observar.

— Agora eu entendi o porquê da demora para a escolha do vestido. Ele caiu perfeitamente em você, não sei se algum outro ficaria tão bonito quanto esse. — ele disse, me girando.

Corei um pouco, meu pai sempre me elogiava, o que tornava muito difícil saber quando eu podia confiar no que ele estava dizendo. Apenas esperava que dessa vez ele estivesse certo.

A porta da igreja estava fechada, os padrinhos e madrinhas se posicionaram em fila, eu e meu pai fomos os últimos.

Um por um adentraram o grande salão da igreja, o que fez meu corpo se arrepiar, pois minha vez já iria chegar. Agnes e Gabriel entraram por último e a música começou a ser tocada. All of me, a música que mais combinava com nós dois.

— Vai dar tudo certo. — meu pai sussurrou em meu ouvido.

— E se eu tropeçar? E se eu rasgar o vestido? — minha mão começou a tremer.

— Bom, eu vou estar do seu lado, é só se apioar em mim que você não irá cair. E se cair, eu me atiro no chão com você. — ele disse, e me abraçou.

— Tudo bem. — fechei os olhos e respirei fundo — Eu estou pronta.

Começamos a andar, as pessoas viraram suas câmeras e flashes para meu rosto, o que me deixou um pouco incomodada, mas apenas até eu enxergar o meu noivo.

Eu sei que eu deveria olhar pros lados pra cumprimentar o pessoal, pelo menos foi o que minha mãe mandou eu fazer, mas eu só consegui olhar pra ele. Sim, esse era o momento em que nada poderia tirar minha atenção dele.

Olhos cravados um no outro, e parecia que todos haviam desaparecido da igreja, só havíamos eu e ele. Minha respiração se estabilizou, meus pés começaram a flutuar pelo tapete vermelho, eu estava em paz.

Acho que é isso que você deve sentir quando está perto da pessoa que ama: paz. Eu estava tão calma, tão tranquila, nem parecia que todos estavam com os olhos grudados em mim. E, sinceramente, os únicos olhos que eu queria naquele momento, eram os dele.

Meu pai colocou minha mão sobre a de Alissom, minha pele se arrepiou. Ele deu um daqueles sorrisos em que eu não conseguia resistir, e me conduziu até o altar.

Eu, sinceramente, não estava ouvindo nada do que a pastora estava dizendo, eu só conseguia pensar: eu estou casando com o homem mais lindo do mundo. Mas me torturava ter que esperar toda aquela falação pra poder beija-lo.

— Alissom Bittencourt Moura, você aceita Katlyne Almeida como sua legítima esposa, para ama-la e respeita-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até o último dia da sua vida?

— Aceito. —  ele sorriu.

— Katlyne Almeida, você aceita Alissom Bittencourt Moura como seu legítimo esposo, para ama-lo e respeita-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até o último dia de sua vida?

Não, eu tô numa igreja cheia de convidados, vestida de noiva, com um salão de festas cheio de comida me esperando, mas não, eu não quero me casar. Que pergunta idiota!

— É óbvio que eu aceito!

— Sendo assim, eu vos declaro: marido e mulher. Pode beijar a noiva.

— Finalmente! — gritei, e puxei o meu marido para meus lábios.

Minha mãe me cutucou, mas eu nem liguei, esse era o meu casamento. E nada, absolutamente nada, vai estragar esse momento, nem que eu tenha que expulsar ela da festa.

Alissom segurou meu rosto e olhou no fundo dos meus olhos antes de dizer:

— Como eu esperei por esse dia.


O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora