Sangue no chão

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Alissom

Horas antes...

— Como assim? Você hackeou o Facebook do pai dele?  — perguntei, para ver se eu entendia.

— Não! — ela revirou os olhos — O Bernanrdo hackeou o computador dele.

— Nossa, melhorou muito!

— Olha, eu só vou olhar o e-mail dele. Quem sabe ele tem uma pista de onde as crianças estão...

— Espera! — não podia ser... — Aquilo ali é uma foto da...

— Anna Júlia? — ela aproximou a foto.

— Não tô entendendo mais nada.

— Alissom... — ela me olhou — eles são irmãos! Anna Júlia e Caio são irmãos!

O fato de eu estar sentindo mais culpa ainda, não tinha nada a ver com eu ter namorado ela e nunca ter desconfiado disso, ou até mesmo procurado saber mais sobre a pessoa que estava namorando.
Concluímos que eu sou um idiota!

Peguei as chaves do carro e saí a procura de Anna Júlia. Encontrei ela de malas prontas, voltando para a Europa.

— Anna Júlia? — chamei, e ela se virou.

Seu rosto se iluminou e ela correu até mim, me dando um abraço apertado.

— O que faz aqui? Veio se despedir? — ela perguntou.

— Na verdade, eu vim pedir um grande favor — comecei.

Ela arqueou a sobrancelha e cruzou os braços.
Claro, eu sabia que o "favor" que ela achava que eu ia pedir, era outro, mas ela me escutou com atenção.

A medida em que eu falava, ela se mostrava horrorizada e surpresa, como se a pessoa que eu descrevia, fosse uma que ela nunca conheceu.

— E agora vocês não sabem onde a Duda e o Henri estão... — ela mordeu o lábio — Eu queria muito ajudar, mas eu não sei onde eles podem estar.

— Não é isso que eu quero de você. Na verdade, é uma coisa bem mais pessoal e maluca.

— Bom, eu adoro desafios. — ela sorriu — Me diz o que eu tenho que fazer.

— Vai servir de... moeda de troca — fiz uma careta.

— De o quê?

— Você vai fingir que foi obrigada por mim, a ir lá salvar as crianças. Tipo, um sequestro falso. Uma troca.

— Você quer acabar com um sequestro, planejando outro? — ela cruzou os braços.

— Basicamente.

Ela suspirou, pensou, pensou e pensou de novo.

— Tô dentro. Vou adorar irritar aquele mauricinho. Mas me prometa que mão vão machucar ele!

— Eu prometo. Nada vai acontecer a ele, fisicamente.

...

Assim que Kate entrou no elevador, meu coração se afundou por inteiro. Por sorte, o tio dela conseguiu obrigar ela a colocar uma escuta dentro da blusa, o que amenizava um pouco da agonia de esperar.
Mas a primeira bola fora já foi dada, quando ela ameaçou ele com uma arma.

— Ela tá armada?! — Ben gritou.

— Isso é tão a cara dela — falei e revirei os olhos.

Assim que escutei a voz de Caio, meu coração congelou. Kate era esperta, e muito forte também, mas seria páreo para os dois?
Meu celular começou a tocar, era Anna Júlia.

— E aí? Deu certo? — ela disse.

— Até agora sim, mas acabamos de descobrir que a Kate tá armada.

— E você achou mesmo que ela ia entrar lá, sem uma arma? Ela é maluca, mas não é burra.

— É, faz sentido.

— Eu tô chegando, me espera no elevador — ela desligou.

Eu queria que desse certo, mas também estava com medo do Caio voltar da cadeia e infernizar nossas vidas novamente. Afinal, gente rica e poderosa, nunca fica presa por muito tempo.

— Como ela conseguiu pegar a minha arma? — Ben continuava resmungando.

— Olha, você nunca iria dar uma arma pra ela, e o plano não iria funcionar se ela não tivesse uma... Vamos apenas esquecer essa parte e tentar não pensar o quão maluca a sua sobrinha é.

— É, sua namorada é bem pirada mesmo — Anna Júlia disse, me abraçando.

— Ela não é minha namorada. — ela fez cara de tédio.

— Prontos? — Ben disse, e nós assentimos.

Ao chegar no último andar, de cima pra baixo, nós amarramos Anna Júlia e colocamos uma mordaça na boca dela. Borramos um pouco o rímel dela, para aparentar desespero.

— Isso é uma arma de brinquedo, ok? Ninguém vai se machucar se tudo sair como o planejado — Ben instruiu.

A porta se abriu e nós entramos.
Anna Júlia se remexeu e começou a chorar, não sei se era parte do teatro, ou porque Kate estava apontando a arma para o irmão dela.

— É uma troca justa Caio. Ela, pelas crianças — Ben falou.

— Greg, pegue as crianças — Caio ordenou.

— Não sigo mais suas ordens — ele murmurou.

— Como é que é?

— Não sigo mais suas ordens! — Greg explodiu.

Dava pra ver a mágoa e furia em seus olhos.

— Você não tem escolha, nunca teve!

— Desculpa Caio, mas quem tem uma arma apontada pra cabeça, é você. Eu estou livre — ele sorriu.

— Bom, não tão livre assim. — Ben disse — Você ainda vai responder por ter ajudado no sequestro daquelas crianças.

— Acredite, a cadeia é um paraíso, comparado a conviver com esse cara.

— Eu tô ficando sem paciência! — Kate gritou.

Ela puxou Anna Júlia pelo braço, e colocou a arma na cabeça dela. Caio se desesperou e começou a gritar para soltá-la.
Jogou a chave para Ben e disse onde as crianças estavam.
Eu corri até lá e vi Duda e Henri, encolhidos, numa espécie de cela.

— Papai! — Duda gritou, assim que me viu.

Tirei eles de lá, o mais rápido possível, e Kate os abraçou, largando assim a arma no chão.

— Vocês estão bem? Estão feridos? — ela os segurou nos braços.

— Mamãe eu senti tanto medo! — Duda disse, entre soluços.

— Eu também Dinda! — Henri a abraçou.

Com tanta euforia, Kate esqueceu completamente da arma, mas Greg não. Com um movimento rápido, ele a capturou nas mãos e disparou.

Um grito. O barulho do disparo. Sangue no chão. Desespero.




O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora