Patins

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Acordei atrasada, como de costume. Todos estavam tão acostumados que nem ligavam mais, e eu realmente sabia lidar com aquelas situações.

— Por que a gente não compra um daqueles tapetes despertadores, que só desligam quando a gente pisa neles? — Vitória disse, sonolenta.

Era uma ótima pergunta, e a resposta estava no "modo soneca" que o tapete não tinha. Ou seja, era só levantar, colocar os pés e voltar a dormir, e ele não voltaria a tocar, e perderiamos a hora da mesma forma.

— A gente tá atasada de novo, mamãe?  — Duda me perguntou, quando coloquei a roupa nela, de forma apressada.

— A mamãe não é boa com essas coisas de acordar cedo. — falei, ajeitando seu cabelo.

— Bom, o papai é. Ele pode voltá a morar aqui e acordar a gente! — ela sorriu para mim, o que eu diria?

— Que ótima ideia, meu amor. — toquei a ponta de seu nariz — Vou ligar pra ele, e convidá-lo.

Ela sorriu, me abraçando forte. Estava com o informe azul e cinza da escola, e com duas chuquinhas na cabeça, tão fofa. Talvez eu não precisasse de um namorado novo, talvez eu precisasse concentrar todo esse amor nos meus pequenos, eles sim mereciam.

O dia passou devagar, as crianças da creche estavam bem entretidas com pinturas, quase não fizeram barulho. Mas em compensação, a bagunça...
Depois de limpar tudo, fui buscar as crianças na escolinha, e depois fomos para casa, com o ônibus lotado.

— Mamãe, você não vai sentá? — Duda perguntou, ela e Henry dividiam um único acento no ônibus.

— Não, meu amor. A mamãe quer fazer uns exercícios, sabe? — falei, ela deu um sorriso.

— Ô dinda, sabia que hoje eu fiz um desenho da nossa família? — Henry disse, me entregando a folha com rabiscos.

Depois de sua descrição detalhada, pude entender quem eram as pessoas.
Eu, Alissom, Duda, ele, Vitória e Bruno. E no final da folha: família feliz.

Queria sim, que isso fosse verdade, mas infelizmente não era.

...

— Como você entrou? — perguntei, Vivian estava jogada em meu sofá.

— Você me deu a chave, lembra? — ela deu de ombros, e pegou Duda no colo.

— Tia Vivi, olha meu desenho. — Henry mostrou seus rabiscos.

Vivian me olhou em desaprovação, e elogiou meu pequeno artista. Quando as crianças estavam na cozinha, ela puxou minha mão para um canto.

— É sério? Olha o que seu afilhado desenhou, Kate. — ela mostrou o desenho — O Alissom tá aqui, não aquele Greg.

Ah, eu não acredito nisso. Depois de todos esses anos você vai continuar defendendo o Alissom? — perguntei, estava a ponto de jogar ela da janela.

— Vou, e sabe que tenho razão. Kate, o seu coração...

— Bate pelo Alissom, eu sei! — a interrompi —  Agora todo mundo resolveu conversar com o meu coração e saber todos os segredos dele. Qual é Vivian, ele me abandonou!

— Ele não tinha escolha.

Eu havia perdido alguma parte da história?

— O que vocês estão me escondendo? — cruzei os braços.

— Não estamos te escondendo nada.

— Ah, é? E por que você e o Alissom disseram a mesma coisa sobre não ter escolha?

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora