Alissom
- O que você disse pra ela? - perguntei, assim que saí do quarto.
- Eu não disse nada. - ela cruzou os braços.
- Nada?
- Só falei o que está pra acontecer, Alissom. Você e eu vamos namorar, não dava pra negar depois daquele beijo.
- Anna Júlia, a Kate perdeu a memória! Será que você não podia respeitar isso?
- Eu não vou respeitar a concorrência!
- Que concorrência?
- Ai, por favor, Alissom! Você não vê que ela é completamente apaixonada por você? - ela gritou.
- Do que você tá falando? Ela nem sabe quem eu sou! Como vai ser apaixonada por mim?
- Não estou falando de agora, Alissom. Eu estou falando de quando eu fui na casa de praia e ela estava lá. A cada duas palavras que eu falava, ela olhava pra você! E agora, quando eu entrei no refeitório, ela continuava te olhando daquele jeito bobo.
- Para de falar bobagens, Kate não gosta de mim.
- É, ela não gosta. Ela te ama.
- Dá pra você parar? -
- Tá bom, é só você me pedir em namoro que isso tudo acaba. - Anna Júlia disse.
- Mas eu não sei quase nada sobre você! - queria ter dito "mas eu não gosto de você".
- Então me pergunta alguma coisa.
Humpf.
- Qual o seu tipo favorito de pizza?
- Não como carboidrato.
Pra começar, eu nem sei o que é carboidrato.
- Qual seu desenho favorito?
- Não gosto de desenho. Não tenho tempo pra isso.
- Você tá respondendo errado.
- Não vou ser do jeito que você quer. Deixa pra me conhecer depois que já estivermos namorando.
- Para de me pressionar! A gente conversa depois, tá bom? - saí, antes que ela pudesse dizer alguma coisa.
Eu não queria ver a Kate, nem ver a Anna Júlia. Tudo o que eu queria, era deitar na minha cama e chorar. Chorar por ter abandonado Kate, chorar por ter magoado ela e provavelmente ter magoado Anna Júlia também. Chorar porque durante seis anos eu não pude fazer isso.
Bati a porta de casa, Vitória e Bruno me olharam com uma cara desaprovadora, mas eu estava cansado demais pra ligar. Passei pelo quarto de Kate.
A porta entreaberta, tudo do jeito que ela deixou, exceto pelo sangue do piso. Me forcei a não entrar e deitar em sua cama, mas foi mais forte que eu, eu era fraco quando se tratava de Kate.
Aquele maldito livro azul, jogado no chão. Era tudo culpa dele! Joguei-o na parede, com força, algumas páginas caíram. Me obriguei a juntar elas, já que não eram minhas.
- Maldito livro azul! - resmunguei.
Mas uma das páginas estava borrada, como se tivessem chorado sobre ela. Não queria ler aquilo de novo, mas minha curiosidade me fez parar um pouco.
Pontos negativos do Alissom? Ah, era só o que faltava! Uma lista boba pra me xingar.
- O quê? Eu não sou mimado! - resmunguei novamente.
Passei os olhos ligeiramente, foi a leitura mais rápida que eu já havia feito.
- Pontos negativos do Greg: não ser o Alissom. Não ser o Alissom? - quase não acreditei.
Kate realmente gostava de mim, e eu achando que era do Greg que ela gostava. Droga! Eu havia estragado tudo. E agora? Como iria conquistar ela, se ela mal se lembrava de mim? E como faria isso sem magoar Anna Júlia? E por quê? Por que eu tentaria conquistat ela de novo, se eu já tive minba chance e desperdicei?
Eu era um fracasso. Consegui conquistar a menina mais teimosa do mundo, depois de achar que eu nunca teria chance disso, e consegui perde-la. Será que ainda havia uma chance?
- Alissom, estão ligando do hospital.- Vitória disse, entrando no quarto.
- O quê? Como assim? Aconteceu alguma coisa?
- Não, calma. Eles querem saber se você vai ir dormir lá no hospital, ou se vai mandar outra pessoa.
- Não sei se devo ir. Kate está brava comigo.
- Alissom, a Kate está sempre brava com você, porque a gente sempre se irrita com quem ama.
- Isso é mentira, Kate não se irrita com Duda.
- Ela se irrita, mas não demonstra, porque a Duda é o sol dela, mas pra você ela pode demonstrar.
- Vocês todos ficam me dizendo que ela me ama, mas eu gostaria de ouvir isso dela. E se eu bem conheço, a sua amiga nunca vai me dizer isso. - falei, minha voz saiu irritadiça.
- Ai, credo. Você é muito dramático, pelo amor de Deus! O mundo não gira em volta de você, Alissom. Se você quer a Kate, luta por ela, para de se fazer vítima, vai viver garoto. - ela saiu.
- Falar é fácil. - resmunguei.
- É só você levantar essa bunda e ir atras dela, é bem fácil. - Vitória gritou no corredor.
- Eu vou, mas não por causa de você! É uma péssima conselheira, sabia? - gritei de volta.
- Eu sei!
Em dez minutos eu já estava de volta ao hospital, com o olhar frio de Glória sobre mim. Ótimo, agora a enfermeira me odeia. Sem pudim de graça.
- Eu não tenho família, não? - Kate perguntou assim que me viu.
- Kate, você não entendeu, estamos à 200km de casa!
- E os meus pais não tem carro?
- Tem, mas eu não deixei eles virem pra cá, pois você não poderia receber a visita deles. Iriam ter que esperar, e perder dias importantes de trabalho. É época de Páscoa, sua mãe trabalha dobrado. - me atirei no sofá.
- Eu não quero que você fique aqui!
- Eu não ligo se você não quer! Você tem muito o que me explicar ainda, Kate. - me levantei novamente, e me aproximei da cama dela.
- Explicar o quê? - ela franziu a testa.
- Por que ficou incomodada quando Anna Júlia disse que era minha namorada? - fiz questão de olhar nos olhos dela, para me certificar de que não iria mentir.
- Não é da sua conta. - desviou o olhar.
- Katlyne Almeida, eu estou perguntando, e quero uma resposta! Por que ficou incomodada? - segurei seus braços.
Ela me olhou como se estivesse sofrendo para dizer aquilo. Kate, diga, por favor, diga.
- Porque eu...
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O irmão da minha melhor amiga 2
Teen FictionDepois de quase 6 anos, o mundo dela virou de cabeça para baixo. Uma filha e muitas descobertas. Novas paixões, novas surpresas; novos sentimentos. A baixinha marrenta que achava que a vida adulta era mais fácil; descobriu que estava errada... Não é...