Fita amarela

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Às vezes a vida tem umas reviravoltas consideráveis. E às vezes, nessas reviravoltas, nós acabamos caindo e nos machucando feio.

— Embora? — Agnes fez expressão confusa.

— É, eu quero ir embora — falei arrumando minhas roupas.

— Kate, isso não é um hotel. Isso é um hospital! Você não pode simplesmente querer sair sem mais nem menos.

— Eu já estou boa, eu estou ótima, na verdade. Quero ir embora, então eu vou embora. Simples!

— Você acha que é super simples sair daqui? Pelo amor de Deus! Para de ser teimosa e deita nessa cama, AGORA! — Agnes gritou.

Cruzei os braços e fiquei sentada na cama até ela sair do quarto.

É tão fácil se sentir uma criança quando todas as pessoas fingem ser adultos. Eu acho que é mais fácil, sabe, ser adulto. É só fingir que não se importa com nada, e fingir que sua vida é plena e perfeita.

Ninguém liga pra sua dor. Todos a ridicularizam até sentirem a mesma coisa.
A minha cabeça estava, sei lá, girando feito um carrossel. Eu queria só descer e ficar quieta, mas não sei se seria a melhor decisão a tomar.

— Fiquei sabendo que tem alguém aqui, querendo sair do hospital... — um médico entrou fazendo cara feia.

— Não tem provas contra a minha pessoa.

— Vossa majestade não vai sair daqui, a não ser que melhore da noite para o dia. E, bom, eu acho que milagres não acontecem com crianças malcriadas — ele falou verificando o prontuário.

— Muito engraçado.

— Minhas piadas são sempre muito bem elogiadas, vossa excelência.

— Acredite, eu estou rindo por dentro.

— Ah, sim! Está guardando sua paixão secreta por mim, dentro do peito. Eu sei, eu sei, todas as minhas pacientes me amam. Sou simplesmente irresistível, não acha? — ele abriu um sorriso.

Ele era bonito, eu arriscaria que ele era modelo. Mas médicos são um pouco malucos, porque eles não dormem muito bem.
(Mas ele era sim, irresistivelmente maravilhoso e lindo)

— Com certeza. Minha paixão por você é muito secreta, tão secreta que nem eu sabia.

— O que você está fazendo aqui? Eu te mandei pra emergência! — uma mulher de uniforme roxo, disse.

— Eu já estou lá, esse é o meu holograma — ele disse balançando os dedos e piscando pra mim.

— Cuidado menina, ele destrói corações — ela disse sorrindo.

Sorri também. Talvez eu tenha rido não dá piada dela, mas sim, da frase irônica.
"Ele destrói corações" como se o meu coração já não estivesse todo destruído.

— Olha só quem voltou? Eu, o médico mais lindo do hospital — ele disse abrindo a porta.

— Que vai morrer logo logo se não voltar pra emergência — brinquei.

— Eu voltei pra me apresentar. Brincadeira, não foi pra isso que eu voltei. Mas à propósito, eu sou o Dr. Mason; John Mason. Mentira, ninguém no Brasil tem um nome tão bonito. Apesar de que o seu...

— Kate é meu apelido, meu nome é meio estranho. Às vezes eu até esqueço de como se escreve — interrompi.

— Meu nome é Dr. Oliveira. Benjamim Oliveira, para os íntimos — ele esticou sua mão para me cumprimentar.

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora