O que uma mãe é capaz?

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Tinha pelo menos, uns vinte sete andares naquele prédio.
A pergunta agora era: Em qual eles estavam?

- Como vamos saber em qual eles estão? - perguntei, olhando para Alissom.

- Bom, se uma vizinha denunciou, é porque não estão lá em cima - ele respondeu.

É, fazia sentido.

Minhas mãos estavam tremendo, meu estômago estava embrulhado e minhas pernas tinham a consistência de gelatina. Mesmo assim, eu estava determinada a fazer as coisas do meu jeito.

- Ora. Ora. Ora - Greg falou, saindo de trás do balcão - Não esperava te ver aqui. Pelo menos, não tão cedo - ele sorriu, cínico.

Eu não vi muito bem o que aconteceu; não vi minhas pernas se movimentando rápido, nem meu punho se fechando e acertando aquele rosto perfeito. Só consegui sentir a dor na minha mão depois do golpe.

- Você ficou maluca? - ele disse, juntando os óculos do chão.

- Sim! Eu fiquei bem maluca! Quer mais um soco para provar que eu tô doidona?

Alissom apoiou os dedos na ponte do nariz e suspirou. Greg se arrastou para longe, com o orgulho ferido.

- Kate, eu amo que você seja meio maluca, isso é muito legal. Só que agora ele vai saber que a gente tá aqui!Você não pode sair dando soco nas pessoas! - ele ralhou.

- Você chama aquilo de pessoa? - apontei para Greg.

- Me escuta! O seu plano só vai funcionar, se você focar no que tem que fazer. Aliás, eu odiei o seu plano!

- Você tem alguma outra ideia? - perguntei.

Ele bufou, pois sabia que não tinha nenhum jeito além desse.
Ajustei o microfone da polícia dentro da roupa, para não ficar visível. Meu tio havia me obrigado a usar aquilo, sabe, por precaução.

Fui caminhando, lentamente, até onde Greg estava. Para minha sorte, ele já de encontrava no elevador, certamente para avisar Caio.

- Veio terminar o serviço? - ele perguntou se encolhendo no fundo.

- Greg, eu não tive a inteção de te machucar! - falei, parecendo arrependida.

Eu realmente não tive a intenção de machucar, pois a intenção era te matar!

- Não? - ele pareceu acreditar.

- Não! Eu nunca machucaria uma pessoa que eu amo!

- V-você me ama? - ele gagueijou.

Óbvio que não!

- Mas é óbvio que sim, Greg! Eu vim aqui por você - peguei sua mão - , só por você.

Subi meus olhos para ele e me aproximei devagar, até nossos rostos estarem próximos. E então, quando ele fechou os olhos, eu torci o braço dele atrás das costas e o derrubei no chão.

- O que acha que tá fazendo? - ele disse um pouco desorientado.

- Você acha que me conhece, só que você não sabe o inferno que eu passei. Não sabe os acidentes que aconteceram na minha vida, nem muito menos conhece meu passado doloroso! Se você gritar ou mexer algum músculo, eu quebro seu braço agora mesmo! - ele começou a ficar vermelho.

No dia em que eu fui a delegacia, eu abracei meu tio e acabei tomando uma das armas que ele tinha no cinto. Não que eu tivesse planejado aquilo, mas veio a calhar, e também, meu tio nunca me daria uma.

Mal sabia ele, que logo depois do meu suposto sequestro, eu comecei a frequentar clubes de tiro. E não é que eu acabei ficando boa na coisa?

- O que você vai fazer? - a voz de Greg saiu sufocada.

- Você vai me levar até o Caio, e vai servir de moeda de troca! - falei, levando -o do chão.

- Caio vai matar a sua filha, só por você ter ameaçado ele - encostei o cano da arma em sua costela e ele estremeceu.

- Eu sei. É por isso que eu também trouxe a irmãzinha dele. - sorri - Como é mesmo o nome dela? Ah, Anna Júlia!

Pude sentir seu pulso acelerar.

Chegamos no último andar ele apontou uma porta de metal.

- Caio, sou eu. Abre a porta! - ele gritou.

A porta se abriu e Caio não me viu, por eu ser um pouco mais baixa do que Greg. Mas assim que eu entrei, fiz questão de que ele me visse.
Caio pareceu surpreso, com whisky na mão e terno, parecendo a pessoa mais normal e elegante do mundo.

- Como conseguiu entrar aqui? - ele perguntou.

- Ah, não se preocupe! O Greg tava indo pro mesmo lugar e fez a gentileza de me mostrar o caminho - sorri, pressionando mais a arma na costela dele.

- Se você acha que eu vou trocar aqueles dois vermezinhos valiosos, por esse imprestável, você está enganada. - ele andou pela sala - Vai em frente; mate-o.

Tão previsível.
Greg, por outro lado, se mostrou surpreso e um pouco magoado. Não posso negar, era exatamente o que eu queria.

- Achei que diria isso. Então, eu tomei a liberdade de conhecer o seu pai e ele me mostrou belos retratos da sua família - ele parou e cerrou os punhos - , são adoráveis. Principalmente a sua irmã, Anna Júlia.

- Você está blefando! Anna Júlia está na Europa, e meu pai nunca diria a um estranho, a localização dela - ele sorriu, achando que tinha vencido.

- Bom, parece que você não andou observando muito bem a minha vida. Ao que me parece, Anna Júlia e Alissom estavam namorando até pouco tempo atrás.

Caio engasgou, e sua cor começou a se dissipar do rosto.

- O que você fez com ela? - ele veio pra cima de mim, mas eu apontei a arma e ele paralisou.

- Eu não fiz nada. Ainda! - levantei a sobrancelha - Mas experimenta tocar num fio de cabelo das minhas crianças, e você vai conhecer o que uma mãe desesperada é capaz de fazer.

Ainda sem cor ou qualquer expressão facial, ele se sentou na cadeira com seu whisky.

Sequestradores, sempre achando que são supervilões inteligentes. Mas a verdade é: Todos temos um ponto fraco!

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora