Quebrando o encanto

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Eu criei muita expectativa em cima disso. Foram só algumas horas de conversa, e eu já havia me apaixonado. Acho que eu não poderia ser mais patética em acreditar que ele iria sentir o mesmo por mim. Era muita coisa pra minha cabeça, e ele estava ali como uma ponte de escape, eu confiava nele, sabia que me salvaria de qualquer coisa. Mas, me salvaria dele?

- O que você tá fazendo, Kate? - Alissom perguntou, assim que me viu saindo da cama.


- Eu estou com fome, ninguém me trouxe comida. - falei, enquanto ele me colocava na cadeira de rodas.

- Por que não me chamou?

- Porque você estava sorrindo, no mínimo era o melhor sonho da sua vida. Eu não iria atrapalhar.

- Realmente, mas imagina se eu acordo com você desmaiada aí no chão? Não iria ser muito legal.

- Mas eu não ia desmaiar, eu ia pegar comida. - cruzei os braços.

- Kate, você é muito maluca. - ele bufou - Eu estou pra ver o dia que você vai acabar se machucando.


- Isso quer dizer que você está desejando o dia em que eu vou me machucar? Ter batido a cabeça não foi o suficiente? - perguntei, estava querendo que ele ficasse sem jeito, mas ele nem deu bola.

- Você só conversa direito comigo, quando se machuca. - ele saiu, estava me conduzindo com a cadeira até o refeitório.

- Mas eu sou um anjo de pessoa.

- Sim, quando tá doente ou machucada. Que é basicamente quando você fica vulnerável.

- Você parece saber muito sobre mim, tem certeza que é só irmão da minha melhor amiga? - perguntei, não estava mais tão certa daquilo.


- Kate, você cresceu na minha casa, eu sei tudo sobre você. Eu sei até a hora que você vai no banheiro. - ele disse, fiz uma careta.

- Já percebi que meus pais me deixavam solta na casa dos outros.

- Sua mãe e seu pai trabalhavam muito pra sustentar cinco crianças, por isso, depois da escola você ficava na minha casa até sua mãe chegar do serviço.

- E a sua mãe gostava disso? De, além de cuidar de você e da sua irmã, cuidar de mim também?

- Minha mae adorava você, dizia até que um dia a gente ia casar. Só que você tava sempre me batendo, então eu acho que ela não enchergava bem.


- Ela deve ser uma pessoa bem humorada.

- Ela era. Minha mãe morreu há sete anos, mas tudo bem, eu já superei. - ele encostou a cadeira na mesa do refeitório.

- Ah, eu sinto muito.

Parabéns, Kate. Mandou bem.

- Mas agora, escolha o que quiser senhorita Kate.

Senhorita Kate.

Foi ele que disse isso pra mim. De repente, um flash muito rápido dele me pegando no colo e se jogando comigo na piscina. Rápido demais pra discernir se era realmente uma memória ou apenas fruto da minha imaginação.

- E então? - Alissom perguntou novamente.

- Ah, eu não sei. Escolhe você, senhor Alissom.

Ele foi para o balcão, e fiquei o observando. Ele parecia um anjo, com aquele cabelo loiro cheio de cachinhos.

- Pode me dizer se você viu o meu namorado por aqui? - uma menina loira perguntou.


- Qual o nome dele? - perguntei, mas não deveria ter feito isso.

- Alissom, ele é muito bonito. É loiro e bem alto.

NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO!


- Ele tá ali. - apontei.

Namorada. Ele tem uma namorada, é óbvio.

Me obriguei a sair dali, com muita dificuldade pois a cadeira era pesada. Algumas lágrimas caíram e molharam o meu rosto, o deixando vermelho.

- Ei, deixa eu te ajudar. - Glória disse. - O que faz sozinha? Cadê aquele bonitão?

- Tá com a namorada dele. - limpei o rosto.

- Agora eu entendi o rosto vermelho. Não esquenta querida, ele não vai ser o último homem a te magoar, por isso que eu digo que os homens só servem pra dar trabalho. - Glória disse, me ajudando a subir na cama.


- Eu já deveria saber.

- Não fique assim. Vou trazer o seu almoço, não chore mais.

- Não vou.

Assim que Glória saiu, Alissom entrou no quarto, ele estava desesperado.

- Kate, não faça mais isso! Eu pensei que haviam te sequestrado de novo. - como se ele não tivesse mais o que fazer.


- Não quis atrapalhar você e a sua namorada. - virei o rosto.


- Kate, não é bem assim. Ela não...

- Tanto faz, Alissom. - o interrompi.


- Não faz isso, por favor. Não fique brava comigo de novo.

- Parece que eu tenho muitos motivos pra ficar brava, não é?

- Por que você está brava afinal? - ele sentou na cama.


- Alissom, meu amor, não pode me deixar sozinha nesse hospital. - a menina entrou em meu quarto.


- É, Alissom, não pode deixar ela sozinha.

Eu estava com raiva, furiosa, irada. E por quê? Porque ele tem uma namorada? Ele não me deu esperanças, nem disse nada pra que eu obtivesse alguma. Eu sabia que um menino como ele, jamais se apaixonaria por mim, isso era fato.


O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora