Me beije

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Três horas. TRÊS HORAS!!! Tudo isso pra limpar só a louça. A LOUÇA!!!

- E quando acabassem os pratos? O que você iria fazer?- perguntei quando finalmente guardei o último prato.

- Eu iria comprar pratos descartáveis, ou talvez pagaria uma empregada.

- Ah, sim! Bonito, muito bonito dona Vitória.

Vitória tinha muitas manias, uma delas era não saber fazer nada sem mim ou qualquer outra pessoa maior de idade.

- Ficou sabendo alguma coisa sobre o Alissom? - perguntei tentando transparecer indiferença.

Vitória me olhou com uma cara maliciosa e ficou mexendo nos cabelos.

- Eu sei que ele e a tal Ana Júlia andam brigando bastante.

- Sério? Por algum motivo especial? - me virei para pia, para ocultar o sorriso que me veio no rosto.

Vitória ainda estava atirada no sofá da sala que era separada por uma parede e por uma porta, da cozinha.

- Ela queria umas coisas que ele não quer.

- Como assim? Que tipo de coisas? - perguntei confusa.

Vitória exitou e se levantou do sofá contornado a bancada da frente da cozinha.

- Sabe, eu fui convidada para um jantar hoje... pelo Bruno - ela falou corando.

- Ai. Meu. Deus - falei pausando a cada palavra.

- É, sabe ele é um bom rapaz. Eu acho ele diferente dos outros meninos, ele me faz rir mesmo quando eu penso que nada mais vai ter graça e também... não consigo parar de pensar no beijo dele.

- Como assim? Já rolou um beijo? Eu tô no chão!

E simplesmente aconteceu da minha amiga estar apaixonada pelo meu primo. Que irônico.

Enquanto ela falava das várias borboletas no estômago que ela sentiu e dos ex namorados idiotas que ela teve, eu fui arrumando cada canto da casa.
Os quartos, a sala, o banheiro... tudo em perfeito alinhamento. Quando terminei, me lembrei de que ela não me contou sobre os motivos das brigas.

- Então Vitória, você não me contou os motivos...

- Ah, olha a hora! Eu preciso me arrumar! - ela saiu correndo.

Olhei no relógio eram 15h47. Ótima desculpa para dar.

Henry estava dormindo com a TV ligada e Duda estava babando. Coloquei os dois na minha cama e fui para a sala, arrumar a bagunça que eles já haviam feito com lápis de cor.

Duda fez um desenho. Estávamos eu, Alissom, ela, Henry, Vitória e Bruno. Meu cabelo era rosa e eu estava de mãos dadas com o Alissom. Achei aquilo tão fofo que quase chorei, não só pelo desenho mas pela saudade de casa, pela saudade de Duda, pela saudade das lembranças e das pessoas.

Rumei para a cozinha por estar com muita vontade de comer qualquer coisa que não fosse aquela gororoba de hospital.

Bruno chegou perto das 20h e para o desespero de Vitória, ele chegou cedo.

- Então, estou bonito? - ele perguntou girando.

Ele vestia uma blusa social vinho e uma calça jeans escura, ele estava todo bonitão mas não tirou o all star dos pés.

- Um gato, não é a toa que é meu primo! - brinquei.

- Obrigado, maluca.

- Você sabe alguma coisa sobre o Alissom a Ana Júlia? Me disseram que andam brigando...

- Ah, sim. Isso é por causa de... - ele parou olhando para a escada e sua boca foi ao chão.

Vitória veio descendo como nos filmes. Ela estava com um vestido justo de veludo preto que deixava a mostra seus ombros e tinha enrolado o cabelo que ia até a cintura.

Bruno a observou mais um pouco e estendeu o braço para ela.

- Você está linda - ele disse com um sorriso.

Os dois saíram sorrindo. Ficou somente eu e um sorvete na geladeira.
Pedi pizza e mais um monte de comida.
Coloquei música e comecei a dançar.

A campainha tocou. Pizza!

E quando abri a porta com a minha colher de sorvete na boca, dei de cara com aqueles olhos.

- O que você está fazendo aqui? - Alissom perguntou sorrindo.

Era aquele sorriso que você veria e se ele te pedisse qualquer coisa, você não teria coragem de negar.

- Eu moro aqui - recuperei o fôlego tentando mostra indiferença.

Um sorriso maior apareceu em seus lábios e, Deus! Eu vou desmaiar se ele continuar a sorrir assim.

- Por que não ligou? Eu teria te buscado.

Por alguns segundos eu fiquei suspirando e olhando pra ele. Em algum momento eu perdi esse menino por bobagens, por brigas e talvez por coisas idiotas demais para serem lembradas. Eu perdi esse menino que é perfeito pra mim e que sorri dessa maneira toda vez que me vê.

- Kate? - ele me despertou do devaneio.

- Ah... Errr... Eu não queria incomodar. A propósito o que está fazendo em casa a essa hora? - perguntei e ele entrou em casa.

Fechei a porta e reparei que ele estava me olhando.

- Eu moro aqui - ele sorriu.

Que pergunta idiota! Por isso que ele te largou!

- Cadê as crianças?

- No quarto, dormindo.

Algumas batidas de porta cortaram meu devaneio.

PIZZA!!!!

- Você ia comer tudo isso sozinha? - ele perguntou rindo das minhas quatro caixas de pizza.

- Sim, eu estava com fome - abri desesperadamente uma delas.

Me sentei no sofá com a primeira caixa e murmurei que não sabia como ainda estava viva sem pizza.
Alissom sentou do meu lado, não dei muita bola pois estava realmente concentrada na pizza.

Um silêncio inundou a sala.
Quando acabei a pizza, fui em direção a cozinha, peguei a segunda caixa é quando fui me virar dei de cara com ele.

Coloquei a caixa em cima da pia da cozinha e lavei minhas mãos e meu rosto. Ouvi um trinque, ele fechou a porta da cozinha.

- Você fechou a porta.

- Sim.

- Por que?

- Não sei.

Fiquei esperando qualquer coisa, qualquer coisa mesmo mas nada aconteceu. Então eu andei até ele e alcancei a maçaneta.
Ele segurou minha mão e entrelaçou ela com a dele.

- O que você tá fazendo?

- Eu não sei.

- Abre a porta.

- Você quer que eu abra?

NÃO NÃO NÃO NÃO

- Sim.

Ele sorriu e colocou uma de suas mãos em minha cintura e me puxou para nenhum espaço sobrasse entre nós. A sua outra mão ele colocou em meu rosto e acariciou ele.

- Eu senti saudade - ele sussurrou em meu ouvido, me fazendo arrepiar.

Quando ele voltou a olhar para mim, deixou meros centímetros entre nossas bocas mas não me beijou.

Meu corpo ansiava e pedia por aquele beijo.

- Me beije, por favor me beije!

- E porque eu faria isso?

- Por que eu estou pedindo. Me beije e esqueça qualquer coisa que já vivemos, qualquer briga e desentendimento.

Um sorriso cresceu em seus lábios e me apertou com força em seus braços.

- Como quiser...

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora