O irmão da minha melhor amiga 2

Minha Kate

Alissom

Lá estava eu, sentado no carro, dirigindo até meu casamento. Quem imaginaria? Meu próprio pai não acreditaria! Talvez minha mãe já soubesse da minha paixão platônica pela Kate, mas com certeza, não imaginaria que Kate seria louca de casar comigo.

Talvez a Kate fosse louca, mas em algumas horas, ela seria a minha louca. Minha esposa, minha mulher, minha Kate. Para sempre, seremos eu e ela, e nada, nem ninguém, jamais iria nos separar. JAMAIS.

Meu terno azul estava com cheiro de lavanda, Agnes fez questão de lava-lo (o que eu achei besteira, pois ele era novo), e também com o perfume do papai, gostaria que ele estivesse perto de mim nesse momento importante.

Eu estava nervoso, nem um pouco a vontade com aquela roupa com cheiro forte de amaciante, mas é um preço a se pagar quando se casa. Se deixasse pela Kate, casariamos de bermuda e chinelo, mas duvido que sua mãe não daria um chilique.

Kate anda se cobrando demais, ela está sobregarregada, nem dorme direito. Mal falou comigo no telefone a semana toda, está ansiosa demais. Enquanto está falando comigo, ela pensa nas 38 atividades que tem que fazer depois.

Só espero que ela não esteja cansada hoje, porque vai ter que aguentar muita gente falando no ouvido dela, principalmente a mãe, e também, não quero que ela durma no meio da festa, sem aproveitar nada. E por outros motivos...

— Está nervoso? — Gabriel perguntou.

— Nervoso é pouco. — sequei as palmas das mãos na calça.

— Sabe, é estranho pensar na minha irmã do meio, casada. E eu não quero nem pensar no que vai acontecer depois dessa festa... — ele coçou a cabeça

— O que vai acontecer depois dessa festa? — provoquei, eu sabia a resposta.

— Você sabe muito bem. É melhor não me irritar, não é porque somos amigos que eu não posso te dar um soco nessa sua cara de pau.

— Relaxa, cara. Nem estou pensando nisso. — mentira — O que eu quero é que Kate aproveite a festa, sem se preocupar com a quantidade de comida pra todos.

— Ela estava bem preocupada, mamãe cobra ela demais.

— Desculpa eu perguntar, mas a sua mãe faz isso com todos os seus irmãos?

— Não.

— É sério? Mas por quê? — não acredito.

— Kate nunca foi de aceitar as coisas que a mamãe mandava. Mamãe disse pra ela fazer administração, pra ajudar ela nos negócios, Kate disse que queria fazer medicina, com a esperança de mamãe fosse ficar orgulhosa, ao invés disso ela falou "eu não vou te dar um tostão". Depois, Kate disse que queria arranjar um emprego, mamãe quase teve um treco. Imagina se iria deixar uma das filhas dela trabalhar em qualquer lugar.

— Não acredito nisso.

— E tem mais, quando Kate começou a namorar com o Thales, ela ficou morrendo de amores por ele, chamava até de filho, e quando Kate terminou com ele, quase colocou ela de castigo. Depois foi a história de morar sozinha, só Deus sabe o quanto minha irmã sofreu com isso. — ele colocou a mão no bolso.

— Não fazia ideia. Kate nunca me contou.

— Você tem que aprender uma coisa sobre a Kate, ela nunca vai te falar quando algo a machuca, você tem que adivinhar ou perguntar.

— Podia ter me dado uma bola de cristal de casamento.

— Vai por mim, nem a bola de cristal iria ajudar. — ele tocou meu ombro.

— Eu posso saber porquê vocês demoraram tanto? —  Deise perguntou, ela parecia brava.

— Nos perdemos no caminho. — Gabriel disse.

— Eu dei o endereço certo, era só ter colocado no Google.

— Estamos só dois minutos atrasados! — resmunguei.

— Olha, que eu saiba quem se atrasa é noiva, não o noivo. — ela olhou para mim, estava furiosa.

— Que eu saiba, esse é o meu casamento. — nem percebi quando as palavras saíram da minha boca.

Ela me olhou com furor, depois saiu pisando duro. Não me arrependo, ela foi má com a pessoa que eu mais amo na vida, não merecia a educação preciosa que minha mãe me deu.

— Cara, você tá querendo morrer? — Bernardo chegou.

— Ela não pode me matar, estamos na igreja. — sorri.

— Você que acha.

— Mandou bem, cunhado. — Gabriel deu um tapinha nas minhas costas — Começar o casamento brigado com a sogrinha, muito bom.

— Sua mãe mereceu.

— Eu sei, mas sabe que agora ela vai te infernizar.

— Não se eu me mudar com a sua irmã pra Finlândia.

— Você nem sabe onde fica a Finlândia.

— Exatamente, e nem a sua mãe.

— Você é perverso.

A igreja estava cada vez mais cheia, minha sograva ficava toda hora organizando as pessoas nos lugares, quanto exagero! Bernardo estava jogando no celular, Gabriel estava nervoso, como se o casamento fosse dele. E toda vez que eu o olhava, lembrava do que ele falou "eu não quero nem pensar no que vai acontecer depois dessa festa", eu sim, estava pensando nisso, foram longos anos esperando por essa noite.

Agnes chegou, o que significava que Kate também. Ai, meu Deus, o que eu faço? O que eu digo? Eu esqueci os meus votos. Meu estômago dá um pulo, acho que preciso ir ao banheiro antes. É tarde demais pra ter dor de barriga?

A música começa a tocar, os padrinhos e madrinhas entram, sim, é tarde demais. Me ajeito no altar, tento não parecer nervoso. Duda vem atrás com as pétalas de rosa, e logo após, a minha Kate.
Meu coração deu um salto, ela parecia um anjo. Acabo de me apaixonar novamente pela minha própria noiva.