O irmão da minha melhor amiga 2

Esbarro

Alissom

Eu esperava que Kate estivesse furiosa comigo, eu esperava que ela me jogasse da janela, me triturasse, me jogasse aos porcos. Eu esperava qualquer coisa que aquela cabeça maléfica poderia pensar, mas jamais me beijar daquela maneira. Jamais se entregar a mim daquela forma...

Eu estava tão hipnotizado pela nova mulher que estava bem a minha frente, dona de seus próprios desejos, tomando as rédias de seus sentimentos que quase cheguei a pensar que poderíamos ter um final feliz...

Mas isso foi praticamente destruído no minuto seguinte.

— Alô?

— Preciso de você aqui, Alissom. Onde voce está?

— Você me deu seis dias de folga... — olhei para Kate.

— Você tem um dia apenas para voltar, ou você já sabe — ele desligou.

Kate me olhou, ela sabia. Nunca soube como consegui esconder por tanto tempo meu amor por ela, pois meus olhos sempre me entregavam, e ela sabia o que estava passando pela minha cabeça e sabia que eu não podia ficar e terminar o que havíamos começado.

— Eu...

— Vai voltar, eu imaginei — ela me interrompeu.

— Kate, você sabe que não é minha escolha. Você sabe que se eu pudesse...

— Pudesse o quê? Disse que esse emprego seria apenas para nos ajudar finaceiramente. Faz anos que nem toco nesse dinheiro, eu o deixo para emergências. Então o quê? Não pode ser racional e perceber que um emprego idiota te fez abandonar sua família? — ela cuspiu as palavras, furiosa.

— Kate... Eu queria, mas não posso — olhei para baixo, lembrando dos motivos.

Sabia que Kate me compreenderia se soubesse a verdade, sabia que ela se sentiria culpada por ter jogado tais coisas minha na cara. Sabia que estava perdendo o grande amor da minha vida, a pessoa que lutei tanto para conseguir. Sabia que estava perdendo toda a infância de minha filha. Mas eu estava certo de minha decisão: se afastar do meu amor e da minha filha era mais fácil do que imaginar o mundo sem elas presentes. Sem elas vivas.

— Por favor, Alissom. Eu não consigo sem você aqui.

Ela estava quase implorando, os olhos molhados, a boca se contraindo, afastando toda a vontade de chorar na minha frente. Eu as queria vivas, mas também as queria perto. Como poderia viver mais seis anos com aquilo? Até onde iria?

— Eu não estou numa situação fácil, Kate. Simplesmente não tenho escolha, e não espero que entenda, apenas tenho que ir.  — falei, por fim.

Ela piscou algumas vezes, detestava quando as coisas não saíam do jeito que ela queria, ainda mais quando tinha quase certeza de que conseguiria. Depois de um tempo, ela se levantou e saiu sem dizer nada.

Fiquei um tempo sentado na cama e peguei a mala que eu tinha trazido. Um presente que deveria dar a ela há alguns anos atrás. Um anel de compromisso, de noivado mais precisamente.

Era um belo anel, tinha a aste prata e várias pedrinhas formando uma flor. Não existia anel que mais descrevesse ela, mas de que adiantaria aquele anel naquela caixinha preta?

Decidi então, que contornaria aquela situação de alguma forma. Não podia viver com a ideia de que Kate e Duda viveriam longe de mim, ou pior, que fosse posto alguém em meu lugar. Mas o que faria? Não tinha escolha.

Kate

Não queria fazer a linha dramática que sai pela rua chorando enquanto toca my immortal de fundo, apesar de combinar muito com o momento. Apenas quis sair por um instante, pra não ter que olhar a cara do meu ex namorado. Sim, Ex. Ora, era a primeira vez que eu me tocava disso.