É possível?

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Kate

— Você não vai falar comigo? — perguntei para Alissom, visto que ele estava me ignorando o dia inteiro.

— Tem algum assunto? — ele perguntou, cruzando os braços.

— Na verdade, eu tenho vários. Vamos começar com: o que você tá fazendo?

— Comida.

— Alissom, não me irrita. O que você tá fazendo? Por que tá me ignorando?

— Tô seguindo em frente. Você tá com o carinha lá, e eu tô com a minha filha. — ele me olhou, esperando a resposta que queria. 

— Eu não tô com carinha nenhum, Alissom. Foi só um beijo estúpido. — falei, com raiva.

— Não foi o que você escreveu no seu "caderno de mágoas".

O QUÊ?????

— Você leu? Alissom! — gritei, me preparando para bater nele.

— Não havia nenhum motivo para eu não ler. Não havia bilhetes, nem nada que me dessem a dica: não leia. — ele disse, me deixando ainda mais com raiva.

— Olha, você não tinha nenhum direito de ler as minhas coisas. Mas pelo visto, não leu o suficiente. — falei, indo buscar o livro azul, do qual ele estava se referindo.

— O que tá fazendo? — ele perguntou, quando me viu com o livro em mãos.

— Achei que se Alissom se afastasse de mim, as coisas entre eu e Greg, se tornariam mais fáceis. Erro meu, pois na verdade, eu havia me precipitado.
Ao invés de pensar: Kate, se afastar de Alissom, jura? Você já passou seis anos longe e não deu certo, o que mais de provas você quer? Eu pensei: Ah, deve funcionar. — comecei a ler em voz alta.

— Eu não preciso ouvir.

— Porém, com a ajuda amorosa de um garoto que me desejava, achei que o combo entre me afastar dele e me aproximar de Greg, seria suficiente.
Eu nem ao menos gostava daquele cara, por que raios eu estava tentando enfiá-lo guela abaixo? Estúpida heterossexualidade compulsiva! — continuei.

— Kate! — ele gritou.

— Quer que eu pare, não é? Porque mesmo depois de todo esse tempo, a culpa ainda continua sendo colocada nas minhas costas. Você é o mocinho, porque não se envolveu com ninguém, e eu sou a vilã, porque fui beijada, mesmo contra minha vontade. Tudo certo!

— Eu nunca disse isso. — ele chegou perto.

— Não precisou, Alissom. Te conheço desde pequena, não há barreiras entre nós. Você é completamente transparente.

Saí da cozinha, ele não tinha o direito de fazer aquilo. Era... era como se ele tivesse pegado meu celular pra ver minhas mensagens!
Ele havia me magoado, mais uma vez.

...


O dia estava indiscutivelmente quente, e já que estávamos na praia, o melhor a se fazer era aproveitar.

Duda colocou seu biquíni de sereia e Henri, uma bermuda azul.

— Onde está o Alissom? — Vitória perguntou.

— Não sei, eu não sou mãe dele. — falei, ríspida.

— Estou aqui, Vitória. Obrigada por perguntar. — ele disse, entregando o protetor solar para ela — Kate, podemos conversar?

— Não.

— É rápido, eu prometo. — ele suplicou.

— Ah, já que você insiste... continua sendo não. — falei, pegando minha bolsa com a maior raiva.

A praia estava um pouco cheia, por isso, optamos por ficar perto da beira.
As crianças logo se acomodaram na areia, debaixo do guarda sol. Vitória estendeu uma toalha no chão, e se deitou para pegar sol.

Eu me sentei na areia, pronta para ler meu livro e ficar ignorando Alissom pelo resto da minha vida. Porém...


— Não vai entrar na água? — ele disse, pegando meu livro.

— Não estou afim. Agora me devolve meu livro. — estiquei o braço.


— Ah, não tá afim? — ele arqueou a sobrancelha.

Me encolhi. Ele puxou meu braço me levando no colo, correndo até a água. Mesmo entre meus tapas e gritos histéricos, ele não me soltou.

Eu tentei fugir de dentro do mar, mas fui sem querer abraçada por ele. Ele enroscou os braços pelas minhas costas e começou a me levar de novo para o mar. Mas eu gritei tanto, que nem percebi que estávamos próximos de mais.


— Por que você faz isso? — perguntei, enroscando os braços em seu pescoço.

— É o único jeito de você falar comigo. Se bem que agora...

— Agora...?

— Não quero conversar.

-
— O que você quer? — perguntei, mas já sabia a resposta.

— Me peça, Kate. — ele suplicou, em voz baixa.

— Você sabe que as crianças estão ali, e que se nos virem, vão se encher de esperanças. — falei.

— Me peça, Kate. — ele repetiu.

— Não. — o empurrei.

— Você também quer!

— Eu sei, mas você não pode mais ter controle sobre mim! Chega!


— Kate, não faz assim. — ele colou nossas testas.

O mar estava calmo, a água não chegava nem no joelho. Vitória estava distraída, as crianças também... Eu poderia beijá-lo. Eu queria! Mas ele havia duvidado de mim... havia quebrado minha privacidade, eu não poderia...

— Me desculpa por invadir sua privacidade. — ele disse, em voz baixa.

Perdoá-lo. Ah, que se dane!

— Me beije! — falei, e prontamente ele o fez.

Nada é errado se te faz feliz - Assinado, Satanás.

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora