O irmão da minha melhor amiga 2

O Cara mau

Caio

Ser o cara mau, que rouba crianças inocentes, nunca fez parte do meu currículo perfeito. Filho de um dos empresários mais ricos do estado, tem lá suas muitas vantagens...
O que me deixa furioso, e talvez um pouco confuso é que eu nunca fui o cara mau, nunca desrespeitei nenhuma regra.

Dizem que o amor muda as pessoas, estão corretos... ele muda, porém nem todas vezes é para o bem. Existem casos, onde o amor inunda as pessoas e as faz ser melhores, o que foi o meu caso por um período curto.

Quando eu conheci Callie, ela era meu mundo e foi assim por muito tempo, pelo menos para mim. Até que um dia, sem aviso prévio, sem nenhum tipo de pista, ela me deixou, alegando não estar preparada emocionalmente para um relacionamento sério.

Eu tentei persuadi-la e dizer que estava equivocada, mas ela não me escutou e simplesmente me deu as costas. Me devolveu o anel que eu lhe dei, que um dia fora de minha mãe e saiu pela porta sem nenhum resquício de sentimento.

Eu fiquei devastado, fiz uma coisa que nunca tivera feito antes, me deixei levar pela bebida. Meu pai aconselhou-me a deixar ela de lado e seguir minha vida, achar outra garota, focar em minha carreira, mas não... Eu não consegui!

Foi então que comecei a pensar em como reconquistá-la, e dei de cara com ela e um tal de Bernardo —  uma grande coincidência já que Duda é sobrinha dele — , os dois juntos, planejando casamento, filhos, casa própria... E me peguei pensando, o que eu tinha de tão errado? Por que ela quis uma vida com ele e comigo não?

No calor do momento, tomei medidas desesperadas pois como dizem, a razão desconhece as razões do coração.
Acabei sequestrando o amor da minha vida e a menina que estava com ela, para o meu azar.

Kate, contra todas as expectativas, se mostrou uma mulher e não uma menina, foi inteligente e forte.
E uma cicatriz em meu traseiro, pode provar isso.

Meu objetivo nunca foi ela, meu objetivo era apenas ser feliz com Callie, mas ele mudou quando Kate entrou na história e resolveu se meter em tudo.
Durante anos, planejei minuciosamente cada detalhe da minha vingança contra ela.

Não a odeio, apenas tenho um sentimento intenso por ela, algo forte e provocante, algo que deu motivo à minha patética vida. Uma vingança bem pensada e executada, era o que eu precisava. Mas como eu disse... Eu nem sempre fui o cara mau da história.

— Já bebeu vinho demais, não acha? — Greg me despertou do devaneio, tirando de perto a garrafa de Romanée-Conti.

— Desde quando você virou minha babá? —  rebati, passando a mão pela barba mal feita.

Greg ficou sem resposta, e se atirou no sofá ao meu lado, as mãos nas têmporas.

— Ele ainda está chorando — Greg quebrou o silêncio, sua expressão caída, cansada.

— E a menina? — eu quis saber, era ela que realmente importava.

— É teimosa como a mãe, não falou uma palavra desde que chegou... —  percebi inquietação ao falar da mãe da menina.

— Está apaixonado? — sorri com um pouco de sarcasmo, o que era o meu forte — Ora, ora! Temos aqui um amor impossível.

— Não diga bobagens, Caio! Não estou apaixonado por ninguém — ele disfarçou, porém os olhos não mentem. Principalmente os de alguém apaixonado.

Fiquei observando-o por alguns segundos e logo levantei-me, para checar a menina.
Ao entrar no quarto, lá estava ela abraçada às pernas e com o rosto enterrado entre elas.

— Posso entrar? —  bati de leve, exibindo um de meus melhores sorrisos.

A cara que ela me olhou, me lembrou muito sua mãe. Com raiva e sede de justiça, isso com certeza ela tinha herdado de Kate. O que era estranho, já que biologicamente, elas não eram parentes.

— Quero conversar com você sobre algumas regras —  comecei.

Ela mal me olhou, mas suas íris chispavam ódio puro.

— Você e seu irmão vão ficar aqui por um tempo, então se acostume a me ver todos os dias.

— A minha mãe vai te dar uma surra — foram suas únicas palavras.

— Olha, ela pode até tentar... garanto a você que o máximo que ela vai conseguir é nunca mais ver você — os seus grandes olhos se encheram e ela virou o rosto, igual a mãe.

Pareceu divertido imaginar alguma falha em meu plano perfeito, pois ele era a prova de falhas. Meu plano, e tudo que eu fazia, era perfeito! E eu passaria por cima de qualquer pessoa que ousasse estragá- lo.