Fala pra ela

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Minha respiração começou a ofegar, foi tudo escurecendo.

Não era hora de desmaiar, não era hora Kate... se concentra.

— O que você está fazendo? — perguntei, mas minha voz saiu fraca.

— O que eu estou fazendo? Fala pra ela Alissom, o que eu estou fazendo?

Não conseguia pensar direito, não conseguia raciocinar, nao iria conseguir aguentar.

Mesmo com a cabeça raspada e a barba por fazer, mesmo depois de os anos terem passado eu reconheceria esse monstro que quase matou o Alissom... Caio, era ele.

Caio estava com uma arma apontada para a cabeça de Henri e... Greg, estava apontando a arma pra cabeça  de Duda.

— G-Greg? — gagueijei.

Ele somente baixou os olhos e deu um passo para trás.

— Você prometeu que os deixaria em paz! — Alissom gritou.

— Ah, mudei de ideia. Eu faço o que eu quiser, e se gritar comigo de novo — ele olhou para mim e apontou a arma — Eu estouro a cabeça dela.

Eu não estava entendendo nada, não conseguia pensar em nada, eu só conseguia enxergar aquela arma na cabeça de Duda e eu não conseguia mais pensar.

— Por favor, solta eles. Eu fico no lugar deles, eu faço o que você quiser... é dinheiro que você quer? Eu consigo! Só... só deixa eles irem — falei desesperada.

— Dinheiro? Você acha que eu quero dinheiro? Eu não vim atrás de dinheiro! — ele cuspiu com um sorriso sínico nos lábios.

— Então o que você quer?

— Vingança, Kate! Eu passei todo esse tempo na prisão, por sua causa! Mas lá de dentro, eu conseguia controlar a sua vida sem você perceber — ele pausou e olhou para o Alissom — primeiro, eu tirei seu namoradinho do estado para que você sofresse com a falta dele. Depois deixei ele voltar para bagunçar ainda mais a sua cabeça, e coloquei o Greg na sua cola para mapear todos os seus passos.

Quando ele falou que tirou o Alissom do estado, minha mão gelou.  Meu coração acelerou de um jeito horrível e eu olhei para ele, que estava ainda de cabeça baixa.
Depois de todos os xingamentos e coisas horríveis que fiz, pensando que ele havia me deixado por dinheiro... Eu estava envergonhada!

— Caio, solta as crianças — Alissom disse, tentando manter a calma.

— Depois disso — ele o ignorou — Eu tentei apagar todas as suas memórias.

— Não... Eu desmaiei e bati a cabeça... —  falei, não entendendo.

— Ah, Kate... Greg atirou uma pedra na sua cabeça, foi isso que fez você desmaiar. Bom, confesso que a intenção era só você se machucar, mas o plano saiu melhor do que o esperado!

— Você é maluco! — gritei.

— Isso não é nada comparado ao tiro na minha bunda e a todos esses anos na prisão! — ele berrou.

Todas essas coisas que estavam acontecendo de ruim na minha vida, estavam o tempo todo sendo controladas por ele. Agora sim, tudo fazia sentido.

— O que você vai fazer? — perguntei quase chorando.

— Bom, o Henri eu vou rouba-lo para mim e fazer ele se tornar o meu sucessor, pois ele é inteligente e forte, vejo um futuro brilhante para ele! E com a Duda... ainda não sei, talvez eu... — ele sorriu cínico — Não vou contar meus planos, não!

Vitória que até agora não tinha dado um piu, começou a ter uma crise de ansiedade e saiu de perto.

Conforme ele ia falando, minha cabeça parecia que ia explodir de tanta raiva, medo, ódio, tristeza... E quanto mais ele falava, mais a vontade de chorar aumentava.

Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer... Me senti tão inútil, tão impotente, tão lixo.

— Por favor, não leva eles — falei já aos prantos.

— Não vai adiantar implorar, não vai adiantar oferecer você em troca, não vai adiantar nada Kate. Eu planejei a minha vingança, passo a passo, minuto a minuto e nada vai dar errado! —  ele sussurrou no meu ouvido.

—  Por favor — falei fraco.

Ele sorriu, era isso que ele queria, era o meu sofrimento que ele queria, era ver eu definhando cada dia mais. Era tirar as coisas mais importantes da minha vida e me deixar a dúvida de eles estarem bem e vivos, para o resto da vida.

Ele pegou Henri pelo braço e saiu da varanda com ele, depois Greg pegou Duda e saiu atrás.
Os dois saíram do quarto e desceram as escadas lentamente. Alissom me abraçou forte e eu abafei meus gritos no ombro dele.

— Ele vai matar ela —  falei desesperada, soluçando como uma criança.

— Kate, nós vamos dar um jeito. Vamos dar um jeito — ele disse repetidamente.

Como nós dariamos um jeito? Ele estava com as peças mais importantes, ele controlava tudo, como faríamos isso?

— Me desculpa — falei ainda abraçada nele.

— Você não sabia...

— Eu falei coisas horríveis, eu te tratei como lixo, eu me afastei e encontrei outra pessoa... que agora está apontando uma arma pra cabeça da nossa filha. Me desculpa, por favor!

— Eu te desculpo, okay? Você tá perdoada!

— Obrigada.

O que eu iria fazer? Se eles sumissem?  O que seria minha vida? Eles eram minha vida, meu motivo de viver, de respirar e acordar. Eles me fizeram amadurecer e me fizeram a melhor mãe desse mundo, então como eu iria viver?

O irmão da minha melhor amiga 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora