— Ei, o que aconteceu? Por que está chorando? — Alissom entrou no quarto e me abraçou.
Me agarrei forte em seus braços e molhei sua camisa com minhas lágrimas e sem dizer nenhum palavra, ele compreendeu que eu precisava dele naquele momento. E foi isso que ele fez, ficou ali comigo, até a crise de choro passar.
— Kate, meu amor, o que aconteceu? — ele repetiu novamente.
— Passei o dia todo escolhendo vestidos com a minha mãe, e em nenhum momento ela perguntou se eu queria estar lá. — voltei a chorar — Nosso casamento virou a meta de vida dela, e ela nem percebeu que eu estou no meio disso tudo, e que queremos coisas diferentes.
— Já tentou dizer isso à ela?
— Isso provavelmente magoaria seus sentimentos, e ela não iria no nosso casamento. — falei, limpando o rosto — Tá tudo bem, eu vou superar.
— Presta atenção, é o nosso casamento, quem vai planejar tudo, somos nós. Eu quero fazer parte, eu quero ajudar no que seu pai precisar e quero te ajudar também. Não deixe ela estragar um momento tão bonito das nossas vidas.
— Eu não sei o que fazer. Minha mãe é uma pessoa muito teimosa, mesmo que eu diga pra ela não ajudar, ela vai ajudar. Eu só queria escolher meu vestido, na loja que eu quero, do jeito que eu quero e na hora que eu quero.
— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu estou aqui. — ele acariciou meu rosto.
Queria poder ficar ali por horas, mas a campainha tocou e Alissom desceu para atender.
Não ouvi nenhum som sendo emitido, não era ninguém desconhecido.— Kate, eu trouxe uma lista de salões de festa pra você poder escolher. Aí nessa lista tem todos os serviços que o salão oferece. — Mamãe disse, escancarando a porta.
— Dona Deise, creio que agora não seja o momento. — Alissom tentou.
— Nunca é tarde para decidir detalhes de casamento. — ela sentou-se na cama — Olha, esse aqui oferece uma pista de gelo, então eu pensei em um casamento mais de inverno, sabe? —começou a folhar as páginas.
— Pra que? Eu não quero esquiar.
— Pros convidados se divertirem, ué! Ah, falando em convidados, eu já fiz a sua lista de convidados. — ela me entregou outra folha com uma lista enorme — Faltam só os seus amigos e os convidados do noivo.
Comecei a ler a lista e o primeiro nome eu no conhecia. Acho que em uma lista com 150 pessoas, eu conhecia dez.
— Mãe, quem é toda essa gente?— perguntei.
— Seus parentes, ora.
— Mas eu não conheço ninguém. Por que os convidaria?
— É óbvio que conhece! São seus tios e primos!
— Sim, de terceiro grau. Não vou convidar ninguém da lista. — rasguei a folha.
— Para de fazer cena, Kate. Está sendo inconveniente!
— Deise, o que você está fazendo? — papai apareceu na porta, para minha surpresa. Alissom estava logo atrás dele.
— Estou ajudando Kate com os preparativos do casamento, ora! — ela se levantou.
— Está se metendo e controlando todo o casamento da nossa filha, não está? — ele cruzou os braços.
— Sim. — falei, e ela me olhou ofendida.
— Não estou não! Estou apenas tirando o fardo que é preparar uma cerimônia sozinha.
— Querida, nossa filha colocou apenas uma condição para deixar a gente bancar todo o casamento. A condição era: seria tudo do jeito dela. E você está fazendo tudo do seu jeito!
— Eu só queria ajudar... — ela me olhou — Me desculpe querida, não percebi que estava me metendo dessa maneira.
— Tudo bem.
Meu pai ficou olhando para nós duas, parecia que estava esperando alguma coisa.
— Por que tá olhando assim pra gente? — falei.
— Estou esperando vocês se abraçarem. — Alissom prendeu o riso atrás de meu pai.
— Eu tenho 22 anos!
— E eu tenho 48!
— E eu não ligo. Vamos, se abracem!
Olhei para minha mãe e ela fez uma careta. Nos abraçamos de um jeito meio tosco, mas era apenas pra agradar meu pai, pois conhecendo ele como eu conhecia, não sairíamos dali até que fizéssemos o que ele disse.
— Feliz? — minha mae cruzou os braços.
— Ainda não. Você vai prometer para a sua filha e para o Alissom que não vai mais se meter em nada, a não ser que te peçam ajuda.
— Eu prometo. — ela fez uma careta.
Mamãe saiu do quarto e papai piscou para mim. Alissom se deitou em minha cama e fitou o teto por alguns segundos.
— Vamos começar a levar esse casamento a sério. — ele levantou — Me passa a caneta e vamos fazer essa lista de convidados.
Sentei-me do lado dele, entregando o papel e caneta. Era exatamente assim que eu queria, eu ele apenas, planejando nosso futuro.
Duda estava ao lado, dormindo como um anjo, nem desconfiava da confusão que tinha acontecido minutos atrás. Sorte a dela.Começamos a traçar um esboço do que seria a lista dos convidados e deu muito menos do que minha mae havia feito. Conseguimos colocar um valor menor que o de mamãe, juntando os meus convidados e os de Alissom.
— Não é tão difícil. — ele sorriu.
Suspirei. Nada parecia difícil quando eu estava ao lado dele. Sempre foi assim, desde que éramos crianças.
Quando tínhamos um problema muito grande, ele segurava a minha mão e a de Agnes e dizia que tudo ia ficar bem, e nós confiávamos nele.Em parte porque ele era mais velho, com isso, pensávamos que ele tinha mais experiência de vida, mas sempre tinha aquela ponta de sentimento por aqueles olhos que transmitiam paz.
Ele me olhava do mesmo jeito, mesmo depois de todos esses anos, e eu esperava que nunca parasse de me olhar assim.— Eu tenho um presente pra você. — ele disse se levantando e pegando uma caixinha comprida e preta.
— O que é?
— Se eu coloquei dentro de uma caixa, eu acho que é pra você abrir, não pra perguntar.
— E você vai falar com sua futura esposa desse jeito? — fiz beicinho.
— A minha futura esposa está me deixando nervoso. Abre logo, você vai gostar.
Olhei para ele desconfiada, abri a caixinha e dentro havia um colar prata. O cordão era fino, parecia tão delicado que eu tinha medo de quebrar. No meio, tinha um pingente redondo, cheio de desenhos em sua face, e ele tinha uma abertura. Tentei abrir mas meu dedos estavam trêmulos e eu nem tinha reparado.
Alissom então o pegou de minhas mãos e o abriu. Dentro, havia uma foto minha, dele e da Duda.
— É a nossa família. — ele sorriu — Gostaria que usasse no dia do nosso casamento.
— É lindo! É claro que eu vou usar, meu amor. Eu amei, muito obrigado — o abracei.
Ele era perfeito, assim como nossa família.
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O irmão da minha melhor amiga 2
Teen FictionDepois de quase 6 anos, o mundo dela virou de cabeça para baixo. Uma filha e muitas descobertas. Novas paixões, novas surpresas; novos sentimentos. A baixinha marrenta que achava que a vida adulta era mais fácil; descobriu que estava errada... Não é...