Capítulo 2- Regras. - Revisado

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Vesti a saia plissada que era um xadrez de azul marinho e vermelho, juntamente uma blusa social branca com o logo do colégio, a gravata vermelha escura e o blazer azul possuindo a mesma tonalidade. Ajeitei o sapato social marrom e arrumei o meu cabelo da melhor maneira que pude, penteando—o com os dedos. A saia com seus babados e pregas indo até os joelhos davam uma movimentação e uma sensação de leveza. A própria personificação da boa menina.

Coloquei o medalhão no meu pescoço e peguei minha bolsa enquanto me dirigia à cozinha. Peguei um lanche que minha vó havia preparado e tomei — em um gole só— todo o suco de laranja que restava na garrafa da geladeira. Vovó reclamou dizendo que isso não era algo digno de uma garota delicada como eu, mas respondi dizendo que não era delicada. Ela revirou os olhos como sempre, começando a dissertar sobre seus avisos diários.

Ouvi os avisos de Jane Darling — sempre os mesmos — que consistiam basicamente em:

1 — Prestar atenção nas aulas.

2 — Não conversar com estranhos.

3 — Permanecer na escola até o final das aulas.

4 — Voltar cedo do colégio e de preferência antes do entardecer.

Ignorando todos os gritos e avisos de vovó, segui caminhando até alcançar a porta. Ela me deu um abraço apertado e um beijo na testa, eu segui pelas ruas movimentadas de Londres rumo a um ponto de ônibus.

Mais um dia qualquer na minha vida.

O céu estava nublado em um tom cinza, o que indicava que iria chover. Grande merda (como se alguma vez o sol realmente aparecesse nesse país cinza que é a Inglaterra). A minha caminhada durou cerca de vinte minutos até o ponto, depois demorei mais trinta minutos no trânsito até parar na estação de metrô, onde esperei que minhas contas não estivessem erradas — cerca de 17 minutos e trinta e oito segundos para chegar até a estação, e mais trinta minutos de caminhada.

Talvez minha vida fosse mais fácil se vovó se mudasse para o centro de Londres, como eu já havia sugerido milhares de vezes. Só que aparentemente ela tinha uma fixação pelo mar e como Londres não tem mar, ela gostava de morar bem no interior o mais perto possível do Oceano. Algo que eu nunca entendi.

...

Mabel Elizabeth Schofield estava parada na porta do colégio a minha espera, como sempre fazia desde os doze anos de idade, quando resolvemos em um belo dia nublado que seríamos melhores amigas. Ela é dona de cabelos maravilhosamente vermelhos, olhos verdes encantadores, um rosto coberto de sardas.

— Conseguiu?— ela perguntou animada, enquanto caminhávamos para dentro dos portões do prédio cinza.

— Não, eu passei a noite inteira tentando, mas não deu em nada. — respondi cansada, e como se não bastasse no segundo seguinte esbarrei em alguém no meio do corredor.

— Cuidado, órfã. — disse a voz acima de mim, então eu levantei a cabeça para ver o rosto castigado por espinhas avermelhadas (mini vulcões prestes a entrar em erupção, para ser mais específica) se contorcer em uma careta. Aquele rosto pertencia ao garoto mais idiota na história desse colégio: Patrick Smith.

Olhei pra ele sem paciência e o empurrei para longe de mim. Como se eu fosse ter medo de um projeto de valentão como ele.

— Saí para lá, espinhento.— retruquei com firmeza, entrando na sala junto com Mabel. Joguei meu material de qualquer jeito na carteira e voltei a me virar para porta, Patrick ainda estava lá me olhando com raiva, vermelho, tão vermelho que parecia um pimentão. Olhei para Mabel e então continuei: — Oh, meu deus. Mabel cuidado! O Patrick está nervoso, ele está muiiiiito nervoso, os vulcões na cara dele podem acabar entrando em erupção!— usei a minha voz mais dramática, me jogando nos braços de Mabel, fingindo estar desesperada.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora