-Poooooor favooooooooooor- a voz dos gêmeos enchia os meus ouvidos com aquelas vozes finas e irritantes.
E eles repetiam a palavra de novo, de novo e de novo, num coro interminável de por favores.
Por favor. Por favor.Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor.Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor.
-É melhor você fazer logo o que eles querem Adaline, vai ser menos doloroso.- Takashi falou sentado no banco de madeira enquanto mordia com vontade uma coxa gigante de peru.
As crianças continuavam gritando alto e correndo ao meu redor, em círculos, fazendo a minha cabeça girar e querer explodir com o barulho. A vontade que eu tinha era de pegar os dois pelo cabelo e bater uma cabeça na outra.
Crianças não são muito a minha praia. Prefiro jovens loiros desconhecidos que por acaso tomam café no Starbucks da esquina perto da escola.
Tomei um gole longo do hidromel no meu copo. Era doce demais pro meu gosto mas o álcool serviu pra esquentar as minhas bochechas. Entreguei o meu copo para Yakecam que estava sentado do meu lado, tomando um gole da sua própria bebida, se aconchegando no casaco de pele.
A noite estava tão fria que eu era capaz de sentir o vento cortando a minha pele.
-Vocês querem uma história?- perguntei levantando do meu lugar no banco e olhando para todos obstinada.
-Sim!- gritaram todos os meninos perdidos, os mais velhos se juntando a brincadeira inclusive.
A noite estava escura. O fogo tremeluzia nos nossos rostos e a lua iluminava a clareira. Todos os garotos se juntaram, um ao lado do outro, formando uma pequena multidão a me assistir.
-Então vocês vão ter uma história!- Gritei para eles, obviamente mais alegre do que deveria e eles responderam com gritos, me ovacionando. Os mais velhos, incluindo Yakecam, trocavam olhares entre sí e sorrisos, como se achassem graça dessa minha felicidade toda.
Até Sininho, que andava ocupada a tempos se juntou naquele momento. Observei sua luzinha flutuando silenciosamente até os ombros de Peter.
Abri minha boca pra começar a falar mas antes que conseguisse pronunciar a primeira sílaba Pan me interrompeu.
-Primeiro,- ele disse levantando a mão que estava sem a bebida e erguendo-a no ar para que todos parassem e prestassem atenção. Enruguei minha testa e fiz cara de brava.- Primeiro precisamos de efeitos especiais.
Assim que terminou de pronunciar a frase ele olhou pra mim intensamente nos olhos e com um sorriso de canto. O sangue subiu na minha bochecha e tenho certeza que ficaram ainda mais vermelhas. Felizmente o efeito do álcool vai disfarçar a minha vergonha.
O nosso contato visual foi quebrada quando passou, bem em frente aos meus olhos, em cima do meu nariz. Outro, mais outro, dois, três, cinco, seis. Um turbilhão deles. Quando dei por mim estava envolvida num turbilhão de vagalumes brilhante. Eles giravam, giravam, giravam e eu girava com eles.
Eram amarelos e brilhantes. Piscavam de maneira alternada e ocupavam todo o meu campo de visão. Parecia um universo. Eu estava dentro de uma galáxia, no universo e as estrelas estavam ali tão lindas. Tão perto.
Aos poucos elas foram parando de girar e o turbilhão foi se desfazendo me tirando do sonho que era estar perto das estrelas e me mandando de volta para o meio do acampamento. Os vagalumes se juntaram num aglomerado brilhante do meu lado.
-Seus efeitos especiais.- Peter disse se pronunciando atraindo minha atenção enquanto eu estava em um estado hipnótico de adoração.
-Vamos começar essa história logo.- falei me recompondo.-Antes de tudo.- falei pausadamente e andei na direção de Peter que levava sua própria caneca de hidromel a boca.
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Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)
Fantasy#1 em peter pan 25/6/2019 #3 em fantasia 5/01/2020 #3 em aventura 10/5/2018 #7 em romance 22/7/2019 #9 em mistério 28/12/2018 Adaline Darling nunca se sentiu verdadeiramente parte de algo. Talvez fosse a orfandade ou a crianção rígida da vó, quem...