Capítulo 18-Ela já estava aqui.

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Vocês se lembram o por quê,de eu nunca ter ficado com ninguém conhecido e só sair por aí beijando qualquer pessoa estranha minimamente atraente que eu visse pela rua? Não, vocês não sabem porque eu nunca disse.

Basicamente é porque eu nunca sei como agir quando eu encontro as pessoas que eu já beijei. Sempre olho pra elas e penso: "ah...é né eu já beijei essa boca...haha." Pois é, eu estava envergonhada demais pra olhar na direção dele ou pra conversar.

Graças a deus o último mês foi agitado. Comemoramos o fato de eu ter me tornado uma menina perdida numa festa maravilhosa e agora os meninos me lançam olhares mais gentis, conversam e me tratam como uma irmã e amiga. Até o Lorenzo mesmo com algumas reservas parece estar mais simpático (mesmo que de vez em quando ele volte a dizer o quanto a minha presença aqui é ruim e que eu deveria ir embora e blábláblá...) Nesses últimos trinta dias, não fizemos muitas coisas diferentes. Ficamos na Árvore do Nunca a maior parte do dia e os garotos começaram a me treinar para que eu realmente aprendesse a usar as armas.

Até que estou melhor e consigo acertar alguns alvos com o arco e flecha, mas o que me ganhou foi a espada. Não que eu seja muito boa, mas é um instrumento que me fascina. Quando você começa a pegar o jeito da arma ela se torna uma extensão do seu braço e os movimentos se tornam tão fluídos que se parece com uma dança ritmada, não com uma luta mortal.

Por conta disso não fiquei sozinha com Peter em nenhum momento. Acordávamos cedo e os meninos me treinavam, cada um na sua especialidade, acabávamos de noite e jantávamos depois contávamos histórias. Também fui dita como a 'mãe' dos meninos perdidos e fiquei com a obrigação de contar histórias. É divertido ver a reação de cada um e os rostos concentrados. A única parte chata é ter que repetir algumas histórias como Frozen, eles amaram essa história.

Pra dizer a verdade até que não é chato ser a 'mãe' dos meninos. Você começa a perceber como todos eles careciam de uma figura feminina, de um amor verdadeiramente de mãe. Ao mesmo tempo que me veem como uma deles, como amiga e irmã, as vezes percebo que me olham com ternura e um amor maternal...Quer dizer eles não envelheceram, faz quanto tempo que não recebem um abraço?

O curioso é que os mais velhos são os que parecem precisar mais de apoio. Eles podem não pedir ou se fazer de durões, mas vejo nos olhos deles quando conto as histórias.

Não vou dizer que Peter não tentou falar comigo. Porque ele tentou e muito, mas por nunca estarmos sozinhos e por conta da minha falta de jeito as poucas vezes que nossos olhos se cruzavam e embora eu quisesse falar alguma coisa e agir normalmente meus pés eram mais rápidos e eu agia como se não tivesse visto.

Estúpido eu sei, babaca também. Mas eu não consigo agir de outra maneira sabe? Quando eu vi, já passei reto.

Aprendi também nesse último mês a gostar daquela carne emborrachada, dura e chamuscada que eles preparam. Ela continua ruim, mas você não para pra sentir o gosto quando está morrendo de fome. Ainda vou ensiná-los a fazer alguma coisa, quem sabe a temperar essa carne.

Terminei de colocar a minha roupa no quarto e sai de lá pronta. Fui singela até a fogueira do lado de fora esperando que todos os garotos estivessem lá sentados e esperando por mim, mas na verdade não.

As estrelas da noite iluminavam o céu, as árvores se remexiam com a brisa e as corujas cantavam. O fogo crepitava na lareira, as chamas lambendo o ar e estalando a madeira. Mas ninguém estava lá. Eu estava usando minha amada calça jeans azul clara e uma blusa de manga comprida cinza junto com um tênis velho. Meu cabelo que era curto e antes batia na minha nuca cresceu nesse meio tempo e agora está na metade do meu pescoço...Ás vezes me faz cócegas quando a brisa bate e muitas vezes acabo rindo sozinha.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora