Levantei o meu olhar do chão assim que paramos de caminhar. Estávamos em frente a uma árvore gigantesca. Talvez a maior que eu já tivesse visto na vida, eu não conseguia ver até onde os seus galhos iam, subindo infinitamente como se quisessem tocar o céu. O tronco era mais escuro, forte e robusto com algumas partes cobertas de musgo verde. As folhas eram de um verde forte e vibrante com caules grossos. Haviam cipós que desciam do topo até o chão e se enrolavam nos galhos grossos das outras árvores formando uma espécie de rede, um organismo vivo e interconectado.
Contornamos o tronco da árvore até estarmos de cara com uma abertura enorme no tronco. Um buraco escuro que parecia não ter fundo. Olhei confusa para o buraco e de volta para Peter, ele sorriu e me deu uma piscadela, soltando um assobio alto logo em seguida.
-Chamou Peter?-duas vozes idênticas disseram juntas. Dei um pulo de susto e teria caído no buraco na árvore se ele não tivesse me segurado. Me virei de costas para ver dois meninos idênticos de mais ou menos oito anos.
Ao me ver eles seus olhos se arregalaram e um sorriso esboçou os lábios dos meninos, ao mesmo tempo, sincronizados. Eles usavam calças de couro iguais a de Peter e blusas de linho clara, tinham folhas em certas partes do traje e trajavam um manto de pele de guaxinim cinza, cheio de pelos e duas listras pretas no centro.
-Wendy!-disse o da direita se aproximando de mim e me puxando pela mão.
-Jane!- respondeu ao mesmo tempo o da esquerda fazendo exatamente a mesma coisa e me puxando pela mão.
-Não idiota!- os dois gritaram um para o outro ao mesmo tempo, me puxando para longe de Pan me fazendo cambalear alguns passos para frente.
-Você não tá vendo que é a Wendy? Olha o rosto dela.- falou o da direita encarando o irmão nos olhos enquanto franzia o cenho. -
-É você que não tá vendo que é a Jane! O cabelo dela também era curtinho assim.- replicou o da esquerda se inclinando na direção do irmão. Os dois estavam falando consigo mesmos completamente alheios a minha presença.
-Gêmeos!-Pan gritou atrás de mim se reaproximando e pousando a mão nas minhas costas. Ao chamado de Peter os garotos pararam de discutir e se viraram para ele automaticamente batendo continência como fazem os soldados.- Essa aqui é Adaline.- ele disse por fim.
Seus olhos eram diferentes de qualquer coisa que eu já tinha visto. O gêmeo da direita tinha um olho preto e o outro de um azul extremamente claro, já o da esquerda tinha um olho verde e outro castanho. Tirando isso os dois eram exatamente iguais, cabelos cacheados e vermelhos, uma pele branca cheia de sardas, um corpinho magro e uma altura que não deveria passar de 1,40.
-Ela vai ser a nossa nova mãe!
-Ela vai ser uma garota perdida!
Felizes os garotos pulavam e balançavam os meus braços como se eu fossem algum tipo de corda. Aonde eu fui me meter? Na creche? Adaline é bom começar a pensar em ir embora. Você nunca fui boa com crianças.
-Todd! Cariel! Venham aqui!- outra voz masculina gritou um pouco mais a frente. Os gêmeos soltaram a minha mão e correram para uma das árvores, contornando e subindo, pendurados pelos galhos com maestria impecável.
Levantei meus olhos até o som de onde vinha a voz e encontrei um garoto. Estava no topo da árvore, escondido por entre os ramos e folhas, ele tinha um pé no tronco da árvore e o outro em um galho grosso, uma das mãos segurava firmemente em um dos ramos enquanto deixava o corpo pender para baixo, pendurado. Aquela imagem me lembrou o meu pesadelo e senti um frio momentâneo percorrer minha espinha. O moleque que aparentava ter a minha idade, mais ou menos. Ele se vestia da mesma maneira que os outros, mas com a diferença de um manto vermelho de pele de raposa que pendia em suas costas. O jovem possuía cabelos castanhos compridos, olhos da mesma cor e me encarava com o rosto de poucos amigos.
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Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)
Fantasy#1 em peter pan 25/6/2019 #3 em fantasia 5/01/2020 #3 em aventura 10/5/2018 #7 em romance 22/7/2019 #9 em mistério 28/12/2018 Adaline Darling nunca se sentiu verdadeiramente parte de algo. Talvez fosse a orfandade ou a crianção rígida da vó, quem...