Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)

Capítulo 10- A segunda estrela. - REVISADO

Vovó não esperava por mim na porta como geralmente fazia. Até porque eu estava cerca de duas horas adiantada do horário estipulado por ela. Agora, parada em frente a porta de madeira escura, a milímetros de tocar a maçaneta eu me pergunto o que eu deveria fazer. Entrar sem dizer nada, inventar uma desculpa qualquer ou contar a verdade?

Girei a maçaneta e abri a porta devagar tentando não fazer barulho, o que era pior, porque ao invés da porta se abrir sem fazer nenhum barulho a madeira velha rangeu alto, gritando por toda a casa, acabando com meus planos de ser discreta.

Vovó com toda sua dificuldade devido ao desgaste de anos pareceu uma corredora de maratona. Mais rápida que a luz ou que o próprio Usain Bolt, a velha apareceu como um flash na sala de estar e só parou de correr quando me viu na porta, se apoiando na poltrona e levando a mão ao peito como quem tinha um ataque cardíaco.

-Ai, ai , ai Adaline pelo amor de deus, você não pode me assustar desse jeito.- ela disse vindo na minha direção, pegando a minha cabeça e me beijando a testa daquele jeito típico que as vós fazem com lábios meio moles e babados que nos fazem passar a mão quando ninguém estiver olhando para limpar.

-Oi vó.- respondi me adiantando pela sala e me desvencilhando das suas mãos enrugadas o mais rápido possível.

-Espera...Por que você chegou mais cedo?- ela disse já passando da sua fase amorosa para a normal de sempre.

Merda.

-Eu...-hesitei e mordi a bochecha por dentro. O que diabos eu vou falar?-Eu menstruei no meio da sala de aula. É foi isso. Quando eu levantei foi tipo 'Vuuush!' sangue pra todo lado na cadeira foi horrível.- que desculpa bosta Adaline, pelo amor de deus.- Aí tive que ir pra enfermaria e tudo mais...Por isso preferiram me liberar.

-Ah é?- ela disse com desconfiança, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha fina.- Então por que a sua saia não está suja? E por que não me ligaram pra avisar que você viria mais cedo?

-É porque a escola tá uma bagunça, nossa você não sabe tem uns baderneiros lá que chutam latas de lixo e causam polêmicas é complicado. Enfim tava todo mundo tão atrapalhado acho que eles nem lembraram de ligar.- A baderneira era eu, mas okay ela não precisava saber disso.-A saía eles trocaram com uma dos achados e perdidos.

Estreitando os olhos para mim ela segurou minha atenção por longos e infinitos trinta segundos quando deu de ombros por si convencida voltando para a cozinha. Soltei o ar relaxando os ombros e me apressei para o meu quarto antes que ela fizesse mais perguntas e as histórias ficassem mais estúpidas.

Passei correndo pela porta e joguei as minhas coisas em um canto indo até a escrivaninha, abrindo todas as gavetas possíveis atrás do meu caderninho. O caderninho no qual eu tinha anotado todos os meus planos falhos pra escapar pela sacada, todas as motivações pelo qual eles falharam e todas as minhas observações sobre a rotina de vovó. Talvez não fosse a hora e algumas observações tivessem que ser feitas juntamente com alguns testes, mas eu não tinha mais tempo. Tinha que tentar o que eu chamava de plano número 27.

O que é o plano número 27?-é o que você leitor deve estar se perguntando. O plano é o mais arriscado até agora, o mais perigoso e com maior risco de vida, é basicamente: roubar a chave do cadeado da vovó. Okay, sou um pouco dramática, mas vocês nunca viram Jane Darling brava e não podem me tirar a razão.

1º-Conseguir entrar no quarto da vovó e achar o molho de chaves.

2º-Procurar pela quarta chave da direita para a esquerda. NECESSÁRIAMENTE NESSA ORDEM.

3º- Isso tem que acontecer depois dela já ter trancado a minha sacada para não precisar ir atrás da chave.

Certo. Nada muito desafiador. Eu só precisava me lembrar onde ela deixava o molho de chaves e lembrar que era a quarta chave da direita para a esquerda. A quarta chave da direita para a esquerda. A quarta chave da direita para a esquerda. A quarta chave da direita para a esquerda. Okay. Eu consigo.