Capítulo 45-O começo do fim.

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Killiam Jones é como ópio. Ele não mentiu quando disse que todas as mulheres vinham naturalmente até ele. Ele era uma droga e eu estava viciada.

Gancho fazia me sentir como uma garota normal. Uma garota ordinária aos olhos do mundo que vivia romances intensos e proibidos. Na verdade o único momento no qual eu me sentia de fato uma garota comum. O único momento em que era plenamente possível me desligar de toda a loucura que me cercava.

Trixie e Max estavam tirando todo o meu oxigênio. Durante todas as manhãs eu era obrigada a treinar luta corporal com o Max. Eu até arriscaria dizer que aquele brutamontes velho estava se esforçando minimamente para ser meu amigo. Claro que ele era um mercenário  que não se importava em me esculachar com xingamentos de todos os níveis. Obviamente ele não tinha a mínima noção de como ter tato. Mas ele se importava comigo. Uma vez eu exagarei tanto no uso da magia que acabei desmaiando. Trixie brigou comigo por ser tão imprudente. Max interviu gritando com a bruxa que as aulas cansativas dela e sua maneira incansável de me ensinar haviam me deixado naquele estado. Ele me defendeu. O que de uma forma ou de outra significa que ele minimamente gosta de mim.

Acontece que a magia funciona como problemas de matemática. Uma torneira enche uma piscina em 'x' horas, entretanto há um ralo que desenche a mesma em 'y', mantendo a vazão da torneira e o ralo aberto em quantas horas ela estará cheia? A magia é mais ou menos assim. Conforme ela vai sendo usada, ela mesmo se repõe dentro do ser. Entretanto quando o uso dela é incansável e ultrapassam os limites físicos do portador, sua reposição não consegue dar conta da demanda, então ela passa a fluir do próprio ser, usando o próprio portador como se fosse uma fonte de energia. Entre outras palavras ela pode levar a morte. Por isso é necessário usar com moderação.

Quando desfaleci naquela semana vim a acordar cerca de cinco dias depois. Gancho me contou que meu corpo fico em estado de alerta não deixando que qualquer pessoa pudesse tocá-lo. Trixie explicou o fenômeno como uma espécie de "restart" de toda a magia. Havia uma barreira de fogo azul ao meu redor, indolor e que não queimava nada ou ninguém (ao menos que tentassem me tocar). O corpo se blinda de todas as formas de agressão como uma última esperança para conseguir repor a magia. O tempo dentro daquela espécie de cápsula variava conforme os danos feitos ao ser.  Existiam casos de bruxas que acordavam milhares de anos depois. Além disso, caso a barreira fosse de alguma forma quebrada, isso significaria morte na certa.

Deprezando tudo isso a única coisa que verdadeiramente me importava era que Londres estava cada vez mais perto. Já estavamos no Atlântico Norte, recortando a costa da Escócia. Killiam estimava que deveríamos chegar a Bournemouth na costa de Inglaterra em uma semana e meia, talvez duas no máximo.

Fato esse que parecia deixar todos ali carrancudos e mal-humorados. Adaline Darling, eu mesma, sou a única exceção a regra. O que não faz sentido. Porque chegando a Londres vou poder voltar a ter uma vida normal. Isso quer dizer que:

1-Os marinheiros perderiam a médica mágica  mas voltariam a não ter mulheres no barco, o que eles consideravam má sorte.

2-Max vai poder se livrar do seu papel de babá.

3- Trixie vai poder voltar pra sua vida normal sem ter que ensinar uma garota comum sobre o mundo mágico. 

Eu entendo que ela gosta de mim e pode estar triste com a possibilidade de nunca nos vermos de novo. Queria muito que na Terra do Nunca funcionasse a Wi-fi porque ai poderíamos nos comumincar por facetime.

4-Gancho vai poder voltar a sua vida normal, roubando e fazendo o que ele quiser, com as mulheres que quiser.

A verdade é que Killiam é uma incógnita. Ele sempre evita quando tento falar sobre como serão nossas vidas quando eu voltar. Quase como se não conseguisse suportar a ideia. Rimos, comemos, bebemos, conversamos sobre tudo. Transamos também evidentemente. Muito na verdade. Ele era a pessoa ali que me fazia sentir mais confortável. Ah, também tinha o jeito com que eu  pegava-o me olhando de vez em quando ou a maneira como me fazia carinho enquanto estávamos deitados.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora