Capítulo 42-Me diz que me odeia

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Os impactos viam o tempo todo e de todos os lados possíveis. O barco oscilava de um lado a outro descontrolado.  Fui arremessada  de um lado para outro do barco, incapaz de me segurar em alguma coisa, o meu corpo rolando no chão de madeira, ralando no chão áspero.  Meu corpo bateu em centenas de lugares, desconhecidos. Bati com a cabeça numa barra de metal e depois disso o mundo ficou preto.  Tudo que eu ouvia eram gritos, ordens e barulhos de madeira quebrando, metal estalando no chão, mais gritos e mesmo de olhos fechados eu sentia meu corpo girando descontrolado de um lado para outro com o navio, a sensação horrível de ter o meu cérebro girando sem parar batendo contra os ossos do meu crânio.

- PEGUEM SUAS ARMAS E ATIREM PARA MATAR.  –a voz do Gancho ecoava por todos os cantos da minha mente. – SMEE, TOBIAS! DESÇAM AS ESCADAS E PEGUEM OS CANHÕES QUERO ESSAS TODAS ESSAS VAGABUNDAS MORTAS!- passos passando correndo, ouço barulhos de tiros, gritos bestiais de agonia. – MAX CONVOQUE OS ARQUEIROS! TRIXIE QUERO QUE QUEIME A CARA DESSAS BASTARDAS!

Mais um impacto grande atingiu o barco e Gancho voltou a gritar todos os palavrões existentes em línguas conhecidas e desconhecidas.  Ele gritou por Lorenzo para que ele subisse e assumisse o leme.

Gritos. Bombas. Tiros.  Rangidos. Explosões.

A base gelada de um metal tocou os meus ombros enquanto a pele quente da palma de uma mão tocou a minha bochecha e a minha nuca. Um dos braços me ergueu do chão enquanto a mão me dava tapas leves no rosto.

-Acorda Adaline.  Vamos lá.- tapas e mais tapas leves passam a atingir o meu rosto e aos poucos os meus olhos vão descolando e as pálpebras se abrindo. Aos poucos uma imagem borrada de olhos azuis  preocupadas vai se formando. Quando consegui firmeza nas costas vi um meio sorriso se abrir no seu rosto e ele  gritou algo para Lorenzo e num minutos os dois haviam trocado de lugar.

Quem estava do meu lado agora era Lorenzo, Gancho estava de volta controlando o leme como se lutasse uma batalha para manter o barco no eixo.

-O que está acontecendo?- indago levando as mãos a testa. Tateio levemente um corte no meu supercílio. Um líquido melado suja os meus dedos. Sangue. Limpo minha mão no vestido branco.

O barco oscila para a direita mais uma vez e Lorenzo chuta para longe um pedaço de madeira que escorrega na nossa direção.

-Sereias. Parecem pragas. Centenas delas ao redor do barco como formigas atacando um doce. - ele fala rapidamente. Fica de pé e me puxa para cima dando-me algum apoio.

Escuto o barulho da minha costela estalar quando me levanto e solto um grito de dor.

Vejo o deque com homens armados, atirando no mar abaixo. Debruço-me sobre o parapeito de madeira a lateral onde estou debruçada absolutamente toda cercada por sereias ou quase.

Eram monstros como Piscinoe, feias e irregulares, disformes, com rostos contorcidos, peles esverdeadas podres   recheadas de veias azuis, cabeças carecas com alguns poucos tufos de cabelo, bocas rasgada e dentes. Dentes afiados como facas. As bestas socavam, mordiam, se atiravam contra as laterais do barco.

Elas queriam afundar o navio.

Na parte de baixo do navio os marinheiros se revezavam para tentar matar as criaturas. Uma parte deles subia e descia desesperadamente trazendo mais e mais munição, enquanto uma parcela atirava contra as sereias. Com escorpetas, fuzis, revólveres, metralhadoras, bestas e até flechas.

Centenas delas eram atingidas de ambos os lados e caiam inertes na água só para serem substituídas por outras.

Trixie estava no meio entre os combatentes atiçando fogo nas feras que conseguia. O navio deu uma oscilação violenta para a esquerda e Gancho gritou de raiva ao ter de controlar o leme que queria girar por conta própria descontrolado.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora