Capítulo 44- Fogo

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Seus lábios encostaram, suaves, acariciando e experimentando , sem quase tocá-los. Rezei para que ele me beijasse novamente como havia feito minutos atrás. Minha mente estava enevoada, beijá-lo havia sido como tomar água num deserto e eu queria mais. Queria me afogar nele, nos azuis dos seus olhos, no mar da sua alma.

Killiam se afastou, recuando ofegante para longe de mim. Levantou-se da cama e pegou a blusa numa das mãos. Demorei alguns minutos enquanto ele se vestia para entender o que estava acontecendo. A cama parecia maior e mais fria sem ele ali.

-Aonde vai?- sussurrei baixinho olhando-o para os dedos do meu pé que se prendiam ao lençol.

-Vou embora.- respondeu ao vestir a camisa branca.

-Mas...você não precisa...-começo a suplicar para que ele volte pra cama, para que me beije de novo ou que ao menos fique comigo ali até o fim da noite passar.

-Eu preciso sim Adaline.- ele disse sério, os olhos estavam escuros e seu semblante distante e confuso.

-Ah meu deus!- a realidade bateu na minha cara como um tapa. Ele tinha se arrependido, era óbvio. Se deixou levar por toda a situação e agora estava arrependido. Então iria embora e fingir que nada daquilo aconteceu.- Você se arrependeu não foi?- digo com a voz embargada quase num suplico de choro.

-Não! De jeito nenhum.- ele diz e se aproxima, sentando-se de volta na cama e me envolvendo nos seus braços.- Eu nunca me arrependeria de beijar você, eu só...Não quero me aproveitar Adaline. Porque sei que se eu continuar mais tempo aqui não vou conseguir me conter em só te beijar, muito provavelmente vou te jogar nessa cama e tirar a sua roupa com os dentes. – ele disse me fazendo ruborizar, tinha a testa franzida e o maxilar retesado. Meu coração se agitou com aquela declaração. Não pensei que o fizesse se sentir assim. Sou só uma garota.

Sorri e acariciei o seu rosto juntando nossos lábios num selinho forte e desesperado. Suspirei sobre ele quando sua boca relaxou sobre a minha mas ele se afastou novamente e eu quase gritei para que não fosse.

-Desculpa Adaline mas não posso simplesmente ficar aqui. Porque sei que você está frágil e confusa. Aliás há coisas mais complicadas do que isso.- ele completou o pensamento, se dando conta de que era bem mais velho que eu e dono de um barco que acabará de perder dezenas de homens, que estávamos nós dois assistindo o provável fim da magia.

Ele se apressou em deixar o meu quarto, tentando evitar me olhar com medo de não conseguir ir embora. O sol já começava a nascer e eu não conseguia dormir. Em partes por causa do beijo, em partes pelo fato de notar pela primeira vez que eu nunca vou conseguir viver uma vida normal.

Porque eu não sou uma garota normal. Nunca fui e nunca serei.

Sou uma Darling e esse sobrenome me condenou desde o meu primeiro momento. Eu nunca vou concluir o ensino médio. Nunca vou fazer uma faculdade ou chorar na minha formatura. Não vou ser a madrinha do casamento da minha amiga nem comemorar o ano novo com a minha avó. Ou conseguir namorar um cara legal e ser pedida em casamento num restaurante médio.

Eu tenho poderes. Um sobrenome famoso. O amor da minha vida é um personagem de contos de fada que na verdade é o vilão de tudo. Agora o vilão da história vem agindo como o mocinho até agora e começa aos poucos a tocar meu coração. Isso sem tirar o fato de que aparentemente eu sou a única pessoa que pode salvar a magia e pra isso eu preciso matar o meu ex namorado ou seja lá o que ele é.

Amanheceu.

Trixie veio conversar comigo pela manhã. Tinha o cabelo preso num coque e usava um vestido velho. Ela trouxe comida e ficou em silêncio enquanto eu tomava o café. Selecionou as minhas roupas e me vestiu com um tecido idêntico ao seu... Prendeu as minhas madeixas num coque parecido com o seu. Olhei-me no espelho e parecia estar num filme a lá século dezenove.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora