Capítulo 13- As crianças que caíram do berço.- REVISADO

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Dei um passo decidida pra dentro da árvore e senti o chão ceder sobre os meus pés. A gravidade como sempre minha grande amiga e parceira fez o seu trabalho de me levar junto. Caí de bunda sobre uma rampa de madeira e escorreguei pelo escuro cada vez para mais baixo da terra apenas vendo um pouco do que estava a minha frente graças a iluminação dos vagalumes. Finalmente a rampa desembocou em uma passagem maior e iluminada por tochas que estavam em todos os lugares do salão, suas chamas amarelas   lambiam o ar com suas língua alaranjadas sedentas.

Surpreendentemente eu consegui descer de pé do escorregador, um grande feito da minha parte, você sabe querido leitor que não levo jeito com a coordenação motora e que pelo meu histórico nos capítulos passados(contabilizando todas as minhas quedas), dá pra concluir que o universo também não zela pela minha integridade física.

Eu me encontrava em um espaço amplo em formato redondo. As paredes, o chão e o teto, tudo ali era feito de terra. Terra, dura, firme, seca, porosa de uma cor marrom clara. O teto em especial tinha um orifício que dava para o alto, para a copa da árvore, basicamente tínhamos a visão de dentro do tronco da árvore, como se ele fosse oco, o que era estranho pois a árvore se parecia mais firme e rígida do que qualquer outra coisa. Não sei como a engenharia conseguiria projetar algo como aquilo, também pouco me importava. Meu cérebro já começava a adotar o que todos ali diziam: há coisas que simplesmente não tem explicação.

Nas paredes haviam perfurações arredondadas que deviam ter mais ou menos uns dois metros de altura, que cobertas com folhas de bananeira e de outras espécies procuravam imitar uma porta. No total tinham quatro dessas perfurações, duas maiores na parede esquerda e duas menores e mais discretas na direita. A parede frontal estava repleta de alguns quadros estranhos, pinturas que eu nunca tinha visto antes (o que era estranho pois o estilo se parecia demais com o que eu havia estudado em alguns estilos na disciplina de história da arte), pele de animais esticadas... No chão, logo abaixo da parede colorida alguns baús outros abertos vertendo moedas dourada e pedras coloridas cintilantes enquanto outros, fechados, intactos, sozinhos em seus segredos. Também haviam algumas peças de roupas nobres, como uniformes de oficiais, chapéus benevolentes e até algumas perucas brancas daquelas que a gente vê nos filmes que envolvem tribunais. Espadas e algumas cadeiras que pareciam estofadas com veludo.

Já no centro da morada, havia o esqueleto de uma fogueira, alguns potes e cumbucas fechadas e dois bancos opostos um ao outro feitos de restos de troncos como do lado de fora. Nas paredes a iluminação era feita por várias tochas distribuídas por todo o perímetro.

-Tá babando de novo?-ouvi a voz de Peter dizer atrás de uma das folhas do lado direito. Ele afastou o as folhas e saiu do quarto, enquanto se ajeitava em uma calça grosseira marrom e tentava amarrar a parte de cima da blusa de algodão. O cabelo castanho acobreado estava molhado e bagunçado no topo da cabeça. A blusa não estava devidamente amarrada e eu conseguia ver parte do corpo delineado pelo tecido que grudava na pele ainda úmida e parte do peitoral que ficou exposto pela camisa mal amarrada. Sua atenção era toda voltada para o nó que ele tentava humildemente fazer.

-Com uma visão dessas quem não babaria?- respondi numa tirada só, as palavras escapando da minha boca antes que eu pudesse raciocinar. Ruborizei.

Um sorriso amarelo se pintou no seu rosto desenhado e seus olhos desviaram sua atenção das amarras para mim. Eles se arregalaram um pouco e se demoraram pelo meu corpo. Aquilo podia ser um ultraje e muita gente se sentiria ofendida, mas ao mesmo tempo que eu me sentia nua sobre os seus olhos queria que ele continuasse me admirando (e quem sabe me tocasse).

-Quem está babando agora?-disse mordendo o lábio antes de exibir meu melhor sorriso. Sim

Peter avançou até mim em passos rápidos e parou a minha frente. Ergui minha cabeça para conseguir sustentar o seu olhar sobre o meu, estávamos muito perto e ele era mais alto então só conseguia encarar seu peito. A sua respiração quente batia no meu rosto fazendo com que cada pelinho da minha nuca se eriçasse e que eu sentisse um friozinho gostoso na barriga.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora