Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)

Capítulo 30- Vida de Pirata

POV GANCHO

Passeio com os dedos pelo meu gancho sentindo a ponta afiada pressionando contra a minha pele. As pessoas passavam por mim com a cabeça baixa com medo de que eu rasgasse a garganta delas. Depois que o Barba Negra havia morrido eu havia me tornado o pirata mais falado de todos os reinos. Quando você é um fora da lei as histórias sobre você aparecem naturalmente, fofocas, lendas...Diziam que eu havia estripado homens com o meu gancho, incendiado vilarejos, roubado mulheres, destruído navios, saqueado cidades...Não que boa parte disso não fosse verdade...As mulheres dos reis e dos camponeses vinham até mim por pura e espontânea vontade, eu não precisava roubar mingúem, talvez por isso eles me odiassem tanto. Não era culpa minha se sou bom de cama e se a minha fama me persegue em todos os lugares que vou. A grande diferença entre mim e os demais homens é que os homens  não se preocupam com prazer das suas mulheres, não sabem o que elas querem de verdade, não se preocupam com o prazer delas e as tratam apenas como objetos reprodutores...

É uma pena mas sobra mais pra mim.

Agora sobre os homens, não posso dizer que algumas histórias sejam realmente mentiras, matei muitos deles, no geral eu preferia uma morte bem mais limpa. Sem sangue e gritos, rápida e eficiente. Uma facada no coração ou um corte rápido na garganta. Não me arrependo. Nesse mundo ou você mata ou morre. É a leia do mais forte.  Quando você é um fora da lei e as pessoas te respeitam te tratam como um deus. Não vão te incomodar.Elas tem medo de você. E sabem que incomodar significa denunciar porque se não o fazem você consegue seguir a sua vida cuidando dos seus negócios sujos,  sendo parte da escória da sociedade o lixo que é, sem se preocupar mais do que o necessário com a polícia e os governos nas suas costas. Pregando cartazes e pedindo dinheiro pela sua cabeça. Tudo flui surpreendentemente bem quando sentem medo.

Além do mais o medo serve como um gerador de mais medo. Quase como se eu ganhasse uma propaganda e uma campanha de marketing totalmente eficiente e grátis. É assim: alguém te vê fazendo algo errado; como roubar uma casa, essa pessoa vai contar a história para outra pessoa que contará a outra a outra e a outra, até que no final você tenha roubado uma cidade inteira, saqueado, assassinado e incendiado tudo.

Voilà em menos de alguns meses você já é um ladrão, assassino e incendiário procurado em 15 países diferentes e nem preciso fazer tudo isso.

Não serei hipócrita a ponto de dizer que muitas dessas histórias não sejam reais. Já assassinei, incendiei, saqueei e roubei sim, durante uma parte muito longa da minha vida. Mas agora prefiro voltar a minha presença aos saques, tráfico e ao comércio no mercado negro... Rende mais e é menos perigoso.

Ainda assim a descrição de canalha, durão, violento, mulherengo, ignorante, calculista, avarento e frio ainda permanecia em mim e eu gostava dela. Fazia o máximo para mantê-la com a toda a discrição possível.

Nunca deixei mais de uma palavra rude sair da boca de alguém sem antes fazer a pessoa se afogar no próprio sangue. Até agora. Até aquela garota aparecer. Não sei o que me aconteceu, porque não a calei na primeira vez que ela me desafiou e ousou colocar aquela espada no meu pescoço. Poderia tê-la matado ali mesmo naquele exato momento mas não. Algo nela havia me impedido. Talvez fossem os olhos, não sei.

Ela sabia quem eu era. Conseguia ver que me reconhecia, via dentro dos seus olhos o medo que ela tinha de mim e a coragem que havia tempos que ninguém demonstrava. Coragem em me desafiar, me xingar e dizer coisas que eu com certeza não gostaria de ouvir. Coragem em deixar bem claro que não gostava de mim e de me olhar nos olhos. Contra todas as adversidades, sabendo que se eu quisesse ela estaria morta num segundo.

Isso é mais divertido do que eu imaginei. Porque é chato demais quando todas as pessoas te bajulam e nunca dizem a verdade porque tem medo de que você as mate. Mas eu não sou assim, não sou um pirata sanguinário. Mato apenas quem merecem e quando essa é a minha última alternativa. Sangue demora pra sair da roupa e os gritos de terror me dão dor de cabeça.