Capítulo 55- A fraqueza das bruxas - Revisado

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Impulsionei os meus pés para cima deixando o chão e cortando o céu o mais alto possível, passando pela nuvem de fumaça que assolava a ilha, cobrindo o sol que brilhava alto no céu, como se ele nem sequer tivesse se dado o trabalho de nascer.

Nossas espadas se chocaram com o som fumegante do fogo ardente. Tão alto e estridentemente fino que tive vontade de gritar. O Crocodilo recuou com um sorriso no rosto, empurrando a si mesmo para longe no imenso azul do céu para pegar impulso. Ele veio na minha direção tão rápido quanto um projétil seu corpo se chocou ao meu. Minha espada de chamas azuis bloqueou sua navalha de descer mais sobre o meu rosto, sem evitar que um corte fosse feito na lateral da minha bochecha.

Senti o sangue escorrer quente pela pele e trinquei a mandíbula sentindo o ódio ferver dentro de mim a ponto de evaporar.

O Crocodilo continuou se forçando sobre mim, sem nunca largar sua espada negra esperando que eu cedesse. Dava pra sentir o cheiro de fumaça sufocante que saia daquele fogo negro, estava tão forte que dava pra sentir o gosto na língua, amargo como carvão. Carne chamuscada. Carvão. Cinzas.

Minhas pernas fraquejaram por um instante, minha concentração, toda a minha magia direcionada a um único objetivo: salvar a minha vida. Senti que começava a perder altura.

Estávamos despencando.

Dava pra ver o caos aparecendo por entre as nuvens. O vento soprava furioso cortando a minha pele como mil navalhas frias. Cortes de papel, centenas deles.

Em um movimento rápido desfiz a espada de chamas que desapareceu num suspiro. Minhas mão se posicionaram sobre o meu rosto, defendendo a minha pele da lâmina fumegante negra. Envolvi com a palma a navalha escura, impedindo que as chamas me cortassem até os ossos.

O fogo saiu rugindo das minhas veias explodindo pelas minhas mãos. As chamas azuis engoliram as pretas que se desfizeram em fagulhas. Minhas mãos trespassaram o limite da espada, se chocaram com o rosto do Crocodilo, os dedos envolvendo a pele da sua face queimando-o enquanto caíamos do céu.

Ele gritou conforme os meus dedos marcavam sua pele, suas mãos se ergueram e envolveram os meus pulsos, a chama negra pulsava sobre os seus dedos queimando-me para que eu parasse. Um rugido feroz, um grito de dor e raiva pura se desenroscou da minha garganta.

A magia estava se esgotando do meu corpo. Gota por gota era como uma torneira aberta drenando lentamente a minha vida. As feridas já não estavam se curando tão rápido como antes, a dor latente já não cessava mais. Dava pra sentir o gosto férreo pintado na língua.

Impulsionei o ar com os pés tentando retomar um ponto de equilíbrio e evitar que a queda me matasse. Estávamos dentro do coliseu, poucos metros acima de todo o caos que acontecia lá embaixo.

Aumentei a intensidade das chamas quando o Crocodilo gritou por baixo dos meus dedos, sentindo o seu rosto derreter. O canso assombrava o meu corpo, silencioso e subindo devagar pela espinha mas eu não me importava. Ouvir o grito daquele filho da puta valia completamente a pena.

-Adaline!- soou uma voz suave e levemente instável nos meus ouvidos, o que fez com que o fogo nas minhas mãos sumisse. Olhei atordoada para o dono da voz e vi os olhos azuis esverdeados lúcidos, bem ali.

Dava pra sentir todos ali nos olhando, como se o tempo parasse por um segundo só pra que pudéssemos entender o que estava acontecendo.

As chamas não haviam queimado o rosto do Crocodilo, mas espantando o veneno e o tom de pele esverdeado que lhe subia pelo corpo. A podridão havia diminuído,baixado até o início do pescoço. Olhei sua pele bronzeada e seus olhos tão únicos em completa confusão.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora