Capítulo 4-Branca de Neve e os Sete Anões. - Revisado

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Ouço batidas ritmadas na porta e depois o barulho da chave girando dentro do trinco. Vovó entra no quarto gritando para que eu acorde, mas eu já estou acordada. Levanto da cama fingindo que estou com sono e sigo toda minha rotina usual.

Antes de sair do quarto para tomar café, volto meu olhar para o medalhão caído no chão perto da janela. Embora eu não tenha conseguido dormir, passei a noite toda convencendo a mim mesma de que aquilo não tinha passado de algo da minha imaginação, uma reação de escape a toda conversa chocante que tive com vovó na noite passada. Esse tipo de coisa sempre acontece quando algo ruim me atinge. Quando eu caí da árvore naquela vez achei que tinha visto um menino, quando descobri que minha família não era bem o que eu sonhava imaginei luzes estranhas. Foi tudo minha imaginação. Foi assim com minha bisavó, talvez seja genética das garotas Darling. Genética ou quem sabe maldição.

Mesmo não querendo pegar o medalhão, ainda ligeiramente assustada pelas lembranças de ontem, eu me senti nua sem aquela pequena peça de metal. Então devagar, eu me aproximo dele, tocando a corrente fria e colocando o medalhão de volta no pescoço, antes de seguir o meu caminho para o colégio.

...

— Eu acho que estou ficando louca, Mabel — confesso enquanto nos sentamos em frente a nossa árvore. — Acho que deve ser alguma coisa que herdei da minha bisavó. Não é possível.

— O que aconteceu?— ela pergunta ao dar uma mordida em uma maçã grande e vermelha.

— Sei que parece loucura...—abro e fecho a boca tentando verbalizar tudo aquilo que eu passei, mas parece surreal até mesmo pra mim. — Ah, esqueça eu devo estar delirando.

Mabel se virou para mim com cara de tacho como quem diz "Me diz logo o que aconteceu, não estou lhe concedendo minha presença em vão." Vencida pela persistência dela eu finalmente lhe conto sobre tudo que havia acontecido.

— Okay. Isso é estranho — ela concluiu assim que terminei de lhe contar tudo. — Muito estranho.

— Para de me olhar assim.— digo manhosa fazendo um drama, ao mesmo tempo que lhe dava um empurrãozinho, afastando-a de mim. Mabel começou a gargalhar.

— Você deveria escrever um livro. Talvez faça até mais sucesso do que Peter Pan — Mabel me mostra a língua e volta a comer a maçã.

— Não sou boa com palavras e detesto ter de contar histórias — respondo, analisando Mabel enquanto ela mira à lixeira com o resto da maçã.

— Eu sinceramente acho que foi só uma reação ao estresse dessa sua conversa com Jane, ouvi dizer que isso acontece às vezes. – responde ao abocanhar um último pedaço da maçã que estava comendo. - ISSO! — ela grita de felicidade batendo algumas palmas sentadas como se fosse uma criança, quando o resto magro da maçã atinge prontamente o seu destino.

— Nossa ,Bel. Parabéns você acabou de acertar a maçã na lixeira! — digo, fazendo uma cara exageradamente feliz e batendo palmas de modo afetado.

—HÁ-HÁ-HA— Mabel diz fazendo uma careta exagerada e rindo de um jeito que a fazia parecer com uma foca. – Nem vem tirar o meu mérito de ter acertado a maçã naquela lixeira. – completou com as mãos na cintura e a sobrancelha arqueada.

— Olha só se não são as duas escórias da escola. A órfã e o pimentão. — Patrick se aproxima de nós chutando o meu pé, que está esticado sob o gramado, fazendo com que recolhesse minhas pernas para perto do meu corpo. Ali está o diabo em pessoa e todos os seus fiéis súditos.

— Olha só se não é A Branca de Neve e os Sete Anões — respondo com a língua afiada, fazendo referência óbvia a presença dele e aos seus seguidores cegos, enquanto me levanto do chão puxando Mabel comigo. Ela nunca sabia o que fazer nesse tipo de situação e sempre fica quieta e acuada. — Não me diga que você quer um beijo para despertar? Olha eu não beijo vulcões em erupção, se é isso que você veio implorar — digo com um sorriso ácido surgindo nos meus lábios.

Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora