OBS.: Pisinoe (do Πεισινόη : "que controla as mentes" ou "que insiste ou teima com as mentes")
O sol estava alpino, os raios refletiam nas águas da lagoa e da cascata e refletiam ainda mais brilhantes. Havia uma pequena margem de grama e a lagoa. Era enorme, gigantesca. Se eu não conseguisse ver a margem do outro lado (mesmo que essa parecesse só um filetinho de terra) teria dito que aquilo era um oceano. A Lagoa era cercada por um dos lados por uma parede de pedras irregulares por onde as águas caiam incessantes formando cachoeiras.
A água eram limpas e transparentes, com um tom azulado conforme a distância aumentava. Conseguia ver as pedras, os peixes nadando próximos dos meus pés, conforme a água batia nos meus sapatos.
Lá no fundo, ao se aproximar lentamente da margem dava para ver as barbatanas enormes que pulavam para fora da água de vez em quando. Uma criatura saia lentamente da água, me revelando sua feição aos poucos, primeiro os olhos, depois o nariz, a boca e o corpo de Peixe. Acho que essa seria a definição de sereia.
Os olhos eram grande e intensos. Tinha cabelos puxados para trás, lisos e longos, os fios de aspecto duro e negros como petróleo escorriam pelas costas da mulher-peixe. Sua pele parecia sedosa, quase feita de porcelana de tão linda, a cor não chegava a ser branca, mas tinha um aspecto que a fazia puxar para um azul esverdeado bem claro.
Todo detalhe do seu rosto parecia ter sido moldado especialmente pra ela. Os olhos combinavam perfeitamente com o nariz aquilino, fino e arrebitado que fazia um par perfeito com a boca pequena e carnuda.
O corpo era delgado, bem desenhado com curvas mais do que marcadas. Os seios eram fartos e arredondados, firmes como se a gravidade não existisse. A cintura parecia fina como pilão, e descia para um quadril largo que dava início a uma calda longa e colorida. Se ela tivesse pernas eu diria que teria mais ou menos 1,75 de altura. A calda dela especificamente era azul, as escamas começavam onde deveria ficar a virilha. Era sensual de um jeito brincalhão, mas ao mesmo tempo não arisca e perigosa. Misturava inocência com malícia se é que aquilo era possível. Fazia uma combinação fatal.
Não havia só uma sereia, mas várias que surgiam aos poucos todas com fisionomias diferentes mas igualmente lindas. Naquele momento eu estava me sentindo ao mesmo tempo hipnotizada pela beleza das sereias e desconfortável por estar no meio delas.
Aquela sereia aquela que estava mais perto olhava pra mim de um jeito estranho. Era como se tivesse um misto de malícia com serenidade no seu olhar e isso me deixava desconfortável. Ela me estendeu a mão.
Automaticamente tirei o arco das minhas costas, junto com a aljava, a adaga e a sacolinha com as pedras e coloquei tudo no chão. Tirei os meus tênis sujos e molhados e quando vi já estava caminhando em direção a água esticando minha mão para a garota que me aguardava. Não notei quando Sininho deixou o meu cabelo voando nervosa de um lado a outro. Também não ouvi enquanto gritava comigo sua voz meramente resumida a tilintares de sinos distantes.
A água roçou meus dedos dos pés fazendo cosquinhas na minha pele. Soltei uma risada e fui entrando na água. Eu não estava em plena consciência. Minha alma parecia estar flutuando e eu só via a moça na minha frente, a mão dela estendida pra mim e a maneira estranha com a qual ela me olhava.
Já estava com a água nos joelhos quando meus dedos roçaram os dela e sua mão agarrou a minha me puxando para perto. Seu corpo se colou no meu e minha respiração era lenta e entrecortada. Uma de suas mãos foram para o meu rosto e acariciaram a minha bochecha, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
Seus olhos não deixavam os meus e havia algo neles, algo que me incomodava e me dava vontade de correr mas eu não conseguia simplesmente parar de olhar. Ela aproximou o rosto do meu sua respiração batendo na minha pele e segurou o meu rosto com a outra mão de maneira delicada. Se inclinou lentamente com o rosto na minha direção e fui fechando os olhos aos poucos, os lábios dela roçaram levemente nos meus e fui puxada com força para fora da água.
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Me Leve Para A Terra Do Nunca ( EM REVISÃO)
Fantasy#1 em peter pan 25/6/2019 #3 em fantasia 5/01/2020 #3 em aventura 10/5/2018 #7 em romance 22/7/2019 #9 em mistério 28/12/2018 Adaline Darling nunca se sentiu verdadeiramente parte de algo. Talvez fosse a orfandade ou a crianção rígida da vó, quem...