Alec

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Estava com dor em todo o corpo, minha perna latejava a cada passo, o gesso me incomodava e minha cabeça voltou a doer por causa do acidente. Raphael tinha ligado para Magnus ir me buscar, depois de uma série de reclamações minhas alegando poder chamar um táxi e precisar ir em bora. E o asiático com todo o cuidado do mundo me levou até em casa, sempre preocupado em onde tocava para me ajudar. Nós estávamos tão próximos por causa da minha dificuldade para andar e essa proximidade me causava ondas elétricas, com uma sensação muito boa por estar sendo cuidado por ele.

Chegando em casa Magnus me colocou no sofá ajeitando algumas almofadas para eu ficar confortável e a cada minuto perguntava como estava.

-Magnus, não se preocupe, eu estou bem. Você pode ir, eu me viro.

-Péssimas notícias para você querido Ligthwood, eu vou precisar ficar de olho em sua pessoa pois no acidente você bateu a cabeça com muita força. Então, terá um enfermeiro particular durante essa semana! - Ele sorriu com a notícia.

-E-eu... Magnus, não quero te atrapalhar. Sério, não vejo necessidade para tanto.

-Você não tem ideia dos riscos que correu com essa pancada, não aparentou problema algum nos exames feitos mas, pode ser que apareça alguma coisa a longo prazo. - Confesso que estava achando um charme Magnus falando que seria uma espécie de enfermeiro particular.

-Mas...

-Sem mais e nem menos, está decidido. Está com fome? Dor? - Ele estava todo preocupado e não contive um sorriso. - O que foi?

-Nada. - Ele arqueou a sobrancelha e dei de ombros. - Estou bem, com um pouco de fome mais posso preparar algo pra gente. Ele negou, fui tentar me levantar e ele veio até mim me empurrando delicadamente com as pontas do dedo de volta para o sofá. Senti aquela sensação novamente, Magnus tinha algo, algo que me fazia me sentir bem...

-Pode deixa que eu preparo algo. - E então ele sumiu pelo apartamento.

Peguei um dos livros que tinha pego na biblioteca e que Magnus trouxera do hospital. Estava tentando o ler só que não conseguia me concentrar em leitura alguma com Magnus Bane pelo meu apartamento. Queria poder o ajudar ou pelo menos o observá-lo... Tentei me levantar só que senti uma dor aguda na costela e desisti.

Estava desviando de meu foco, meu pai não ficaria nada contente se meu rendimento caísse por causa de alguém. Peguei novamente o livro em mãos, não poderia me desconcentrar tanto por causa de alguém.

Depois de tomar um banho com muita dificuldade e me trocar, recusando que Magnus me ajudasse com isso fui para a cama com sua ajuda. Ele saiu do quarto me deixando um pouco mais a vontade, assim que Magnus saiu ouvi I Will Survive começar a tocar, a princípio estranhei mais depois o ouvi falando com alguém. Provavelmente era seu toque e ri, sentindo novamente uma pontada na costela e então logo parei fechando os olhos e relaxando para ver se conseguia dormir.

Quando abri os olhos vi que ainda era noite, estava decidindo voltar a dormir quando vi Magnus abrindo de leve a porta e dando uma espiadinha, fingi que estava dormindo e ouvi seus passos enquanto ele entrava no quarto. Ele colocou a mão em minha testa e acendeu o abajur na mesinha de cabeceira.

-Alexander... - Ele me chamou com a foz calma, mais que carregava um tom preocupado, abri os olhos devagar. -Por Deus Alexander, você está ardendo em febre. Está sentindo alguma coisa?

-Estou cansado, só isso. - Magnus me olhava com uma cara preocupada. Ele apoiou seu joelho na cama e se abaixou um pouco.

-Vem, levanta.

-Pra que?

-Precisamos abaixar a sua temperatura, tire a camisa. - Arqueei a sobrancelha e ele revirou os olhos. - Vamos Alexander, o que é bonito é para ser visto. - Estava envergonhado e Magnus apenas sorriu. -Vem, vai ser melhor para você. Prometo não te agarrar. - Senti meu rosto ficar cada vez mais quente e desviei o olhar aceitando sua ajuda para me levantar e tirar a blusa do pijama. - Agora você vai precisar se hidratar e vamos rezar para que a febre abaixe sem precisarmos de medicamentos, vou buscar um copo d'água. - Magnus ia sair mais parou no meio do caminho. - Acho melhor você ir para a sala, lá é mais fresco.- Assenti e ele veio me ajudar.

Senti sua mão em meu peito sem o pano para separar seu toque me fez arrepiar, estava rezando para ele não perceber e começamos a andar em direção a sala. Magnus me colocou no sofá que estava um pouco bagunçado, provavelmente porque ele deveria estar dormindo ali, fiquei o esperando voltar da cozinha e decidi ligar a televisão. Não estava passando muita coisa de interessante, deixei em um canal aleatório só para ter um pouco de barulho. Magnus voltou com um copo cheio de água e me entregou enquanto sentava no sofá de lado e ficava me olhando.

-Obrigado.

-Imagina. - Olhei de canto de olho e ele estava com a cabeça apoiada na mão enquanto me observava.

-É meio constrangedor quando você olha tanto. - Falei sem pensar e logo me arrependi.

-Gosto de observar as pessoas.

-Eu não queria incomodar você, provavelmente precisa estudar e em vez disso está aqui, de madrugada, comigo. - Olhei para Bane e ele continuava me olhando.

-Acredite, não é ruim estar em sua companhia. - Sorri um pouco envergonhado e abaixei a cabeça. Ficamos em silêncio e comecei a encarar a televisão, não sabia o que falar. Olhei para Magnus e o próprio estava encarando a televisão também,mais logo em seguida olhou para mim. - O que foi?

-Nada. - Ele sorriu se levantou e veio até mim, sentou ao meu lado no sofá e colocou a mão na minha testa, ele resmungou alguma coisa que não pude ouvir porque toda a minha atenção estava em seus olhos, migrei o olhar até seus lábios, tão distantes de mim e ele pareceu perceber a mudança abrupta na atmosfera. Magnus se aproximou um pouco mais, me arrepiei, estávamos nos encarando e ninguém desviava e então ele veio de encontro a mim. Nossas bocas se selaram.

Não sabia o que estava acontecendo comigo, me entregando a luxúria num momento como esse, voltei ao meu eu e me afastei de Magnus o encarando, não podia me deixar levar, não agora e estragar tudo.

-M-magnus, eu... Nós... Não podemos. - Magnus pareceu decepcionado, se afastou e comecei a tentar controlar minha respiração enquanto voltava ao normal. Agora cada vez mais queria ele perto de mim, queria sentir mais de seu toque e...

-Desculpe-me, não sei o que deu em mim. - Olhei para Magnus e ele me olhava, parecendo um pouco envergonhado.

-Não precisa se desculpar. Você não fez nada demais. - Estava tentando o tranquilizar, Magnus desviou o olhar e começou a encarar de volta a televisão que eu tinha esquecido da existência. Depois que o filme que começamos a assistir num completo silêncio acabou ele olhou para mim e colocou a mão na minha testa, depositando a um tempo ali e me olhando.

-Você parece melhor. Quer ir para cama? - Assenti e ele me ajudou no caminho de volta para o quarto, ainda calado. Me colocou na cama e me ajeitei, ele ainda continuava me observando até que depois de um tempo se virou.

-Magnus? - Chamei e ele se virou. - Não era só você quem queria... - Falei mais baixo e ele ficou estatizado onde estava. Depois do que pareciam longos minutos ele apenas sorriu e saiu, me deixando a sós com meus pensamentos. 

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora