Alec

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 Estava caminhando do lado de fora da casa com a avó de Magnus, ela era vários centímetros menor que eu, seu braço estava apoiado em torno ao meu enquanto acompanhava seus passos lentos sobre a neve. O sol estava com um brilho forte mas, infelizmente não nos aquecia de forma alguma, olhei mais uma vez para a senhora ao meu lado e ela parecia estar longe, seu olhar estava vago e então decidi esperar. Desde que tínhamos nos afastado de todos os outros ela não tinha falado muita coisa, a não ser que queria caminhar um pouco.

 Enquanto o silêncio reinava entre nós, várias possibilidades de uma futura conversa nada agradável passava pela minha cabeça. Confesso que ainda estava me sentindo um pouco chateado com o que Camille tinha falado e não podia reclamar, eles a conheciam a mais tempo e é claro, não tinham motivo nenhum para não gostar da loira.

 - Gosta de flores Alexander? - Olhei para a senhora, por sua pergunta peculiar e sem aviso prévio. Ela se afastou um pouco de mim e deu uma leve abaixada até um canteiro totalmente encoberto pela neve e que os únicos vestígios de cor eram pequenas flores lilases.

 - As admiro. - Respondi indo para o seu lado.

 - Essas são flores de inverno, resistem a ambientes extremos, diferente das outras. As admiro por isso, são minhas preferidas.  - Ela estava tocando com a ponta dos dedos as pétalas da pequena flor roxa. -  "As flores refletem bem o que é o amor; Quem deseja possuir uma flor, irá vê-la murchar; Mas quem olhar uma flor no campo, terá esta beleza para sempre." - Ela voltou a ficar reta e olhou para mim, ficamos em silêncio por um tempo até que ela sorriu. Estendi o braço para a própria que envolveu o seu no meu e voltamos a caminhar. - Camille quer e sempre quis possuir Magnus, queria o domar e quando ele estava com ela o percebia murchar e com você... Você o observa Alexander, está sempre ali por ele e se importa muito com sua flor para a querer prender.  - Ela parou e levantou a cabeça para me encarar. - E tive essa confirmação assim que saímos da sala e os deixamos a sós. - Ela sorriu. Continuamos andando. - Gosto da forma que age para com ele. Preso pelos meus familiares garoto, ainda mais pelo meu neto. Magnus nunca trouxe realmente alguém para conhecermos, sei que já devem ter lhe dito isso querido, mas, volto a repetir, ele realmente gosta de você e podemos perceber toda a reciprocidade.

 Não sabia o que falar, confesso que antes estava com um certo receio do que ela fosse falar, na verdade, estava com muito receio. Yumi tinha estado tão séria e agora estava me falando tudo isso, uma série de coisas tão bonitas... Confesso que senti meus olhos arderem um pouco com lágrimas que estavam se formando. Não esperava ser mal recepcionado pelos familiares de Magnus, mas isso?...

 - Não precisa falar nada garoto, o sinto relaxando aos poucos enquanto andamos. - Soltei a respiração que nem percebi estar segurando. - Não vou falar por todos nós mas acredito que os outros devem se sentir da mesma maneira. Não consigo por em palavras o quão feliz me sinto por ver minha criança daquela forma, você o faz feliz e isso é o que importa para mim, nunca vi Magnus com os olhinhos tão brilhantes como quando ele está com você, quando ele o olha... - A ouvi suspirando. - É tão lindo esse amor jovem, espero que vocês floresçam juntos assim como eu e meu velho.

 - Eu também. - Foi o que consegui falar no momento, meu coração não cabia dentro do meu peito, queria poder a abraçar mas talvez seria intimidade de mais... Queria poder ficar aqui para sempre, é como se todos fossem tão bons e compreensivos, cada momento com eles e Magnus eram bons, cheios de surpresas e que me acarretavam muita felicidade. Não só por eles me acharem bom para Mag mas sim por ele mesmo, gostava de o ver sorrindo, de o ver feliz, radiante e sentia que ele estava assim aqui.

 - Também quero que ele o faça feliz, você merece. - Ela começou a rir. - Não duvido que ele o faça, não mesmo. - Ela bateu a mão em meu peito de leve.  - Então menino, o que sabe de flores? 

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora