Magnus

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 - Ai! - Tentei fazer cara feia para Presidente Miau que estava no meu colo e tinha acabado de me arranhar, só que não consegui. Ele parecia uma bolinha de neve bem fofa, ahhhhmeudeusooooo. Continuei fazendo carinho nele e voltei a encarar a televisão do sofá.

 Alexander e seu pai tinham ido fazer uma visita ao escritório de Hodge por causa do ocorrido, Maryse não tinha saído do quarto e meus supostos amigos, estavam ocupados (já tinha ligado para todos, para ver se conseguia arranjar algo de divertido, mas...). 

 - Olha que neném esse gatinho, ahhhhmeudeusoooo....

 - Falando sozinho? - Quase que pulo do sofá e derrubo o gato quando ouço a voz de Maryse atrás de mim.

 - Por Madonna mulher, você poderia ter me matado! - Falei me virando e a encarando próxima ao sofá. - Não te ouvi chegando.

 - Claro que não, estava concentrado demais parecendo um bobo com esse gato.

 - Presidente Miau, gato é apenas para os mais íntimos. - E então ela revirou os olhos, fazendo uma cara de desprezo. Sorri e fiquei a observando enquanto ia em direção a cozinha.

 Esperei alguns minutinhos e como ela não voltava, desliguei a TV e coloquei o gatinho de lado, me levantando e indo atrás da mesma. Fui até a cozinha e me sentei numa das banquetas do balcão enquanto a observava ir de um lado para o outro.

 - Eu... hum... Vejo que considerou o que lhe falei. - Falei enquanto dobrava alguns guardanapos de papel e esperava por uma resposta.

 - Não deveria ter tido a ousadia.

 - E por que não? - Ela se virou para me encarar.

  - Você não sabe o que diz. - Revirei os olhos.

 - E você sabe?

 - Sei.

 - Se soubesse realmente, não estaria tão arrependida de tudo que falou para seu filho.

 - Quem disse que estou arrependida?

 - Não está? - Ela ficou em silêncio. - Só queria saber o motivo de tudo isso. - Falei e ela voltou a fazer o que estava fazendo antes de eu me intrometer. Suspirei, não iria forçar nada, já era um bom começo ela ter jantado conosco e não ter atacado o ex-marido.

 Continuei o que estava fazendo em silêncio enquanto pensava em algo animado para fazer quando Alexander chegasse, já que, muito provavelmente ele chegaria um pouco atormentado.

 - Eu não sei explicar, não entendo o que deu em mim. Fiquei atormentada quando ele me contou, naquele momento, naquele dia foi o mais puro preconceito, não queria, não aguentaria a ideia de ter um filho homossexual porque no fundo nenhuma mãe quer isso. E não me diga que a sua família não se importa porque é mais do que claro que se importam, vivemos numa sociedade onde o preconceito é enrustido e precisamos trabalhar com nós mesmo até por fim conseguimos aceitarmos, ainda, não é tão natural. - Mordi o interior da boca enquanto ela falava ainda sem se virar para mim. - Então fiquei sim transtornada com Alexander, tudo bem o filho dos outros, os outros, mas meu filho, meu menino... E então eu, pelo momento, por não saber o que fazer, por medo, e raiva e... Eu não sei o que me deu, sei que a atitude que resolvi tomar, a posição que decidi manter em relação ao meu próprio filho foi a pior, a mais monstruosa que qualquer mãe poderia tomar mas, eu fiquei amedrontada por aquilo. Você não tem noção do quanto amava e... e... Alexander foi meu primogênito, não tinha como... - Ela ficou em silêncio ainda de costas para mim, meu primeiro impeto foi me levantar e ir até Maryse, só que me segurei, não sabia se ela gostaria e então deixei fluir, esperando em silêncio até que ela continuasse ou não. - Eu não consegui ser mãe o suficiente por três anos, nos três anos seguintes eu simplesmente me afastei dele porque não sabia, estava coberta por tanto preconceito e raiva de mim mesma, achando que tinha o criado de forma errada, que a culpa era minha e de Robert, que se tudo fosse de uma forma diferente... Talvez se tivéssemos mais presentes na vida dos nossos filhos o que Alexander tinha me dito, não teria acontecido. Uma grande besteira, com o tempo, com a distância e toda a vez que o via, percebi que meu filho não tinha mudado e que o que eu tinha feito tinha sido errado mas, não iria me desculpar, me recusei a fazer qualquer coisa que  fosse para me redimir a Alexander, ele poderia não aceitar e não correria o risco, não deixaria meu orgulho de lado. - Sua voz estava chorosa e senti um muita pena. - E-eu... - Ela respirou fundo. - Comecei a pesquisar mais sobre Homossexuais, comecei a ver coisas sobre e me senti arrependida, só que ainda não conseguia e-eu...Eu fui covarde com o meu próprio filho, não conseguia olhar para a cara dele, todas as vezes que ele levava Max em casa... e pedir desculpas, eu estava com medo e a melhor forma que encontrei foi fazer o possível e o impossível para continuar afastada dele, mas Alexander nunca realmente se afastava, ele sempre aparecia e-ele... - Ela suspirou. - Sei que não é justificativa por tudo que fiz mas essa é a verdade. Tudo, tudo que falei e fiz para o meu filho foi por puro orgulho e burrice e ontem, depois do que você me disse eu consegui perceber o quão idiota eu estava sendo, que todo esse ódio forçado, toda a raiva, TUDO, não estava fazendo bem para ninguém e machucando todos nós e eu... Pelos céus, eu não quero magoar mais ninguém, estou tão exausta de tudo isso e durante todos esse dias que fiquei aqui, acompanhando vocês de perto, vendo Alexander e... Eu só tenho que me desculpar, nem que ele não queira nunca mais olhar para a minha cara. Não posso ficar mais nessa situação com o meu menininho, eu simplesmente não aguento mais e farei o possível e impossível para que ele aceite minhas desculpas porque eu o amo mais que tudo, Alexander nunca deixou de ser meu filho. Mas eu sim, eu deixei de ser mãe e me sinto tão envergonhada e arrependida disso. - E então ela se virou com os olhos cheios de lágrimas e eu confesso que também não estava nada bem, fiquei totalmente... Estranho com o que ela falou, consegui perceber que Maryse realmente estava falando a verdade e...

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora