Alec

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 Estava na sala de jantar debruçado sobre os livros da faculdade e algumas pesquisas para o trabalho de conclusão. Estava no último semestre e não que eu não tivesse tido contato com esse caos no ano passado, acompanhando Magnus e Clary em seus trabalhos conclusivos mas, era diferente quando era você quem tinha que fazer. Quando era seu.

  Suspirei fazendo mais algumas anotações até que ouvi o barulho da porta do quarto se abrindo. Levantei a cabeça e olhei para o corredor, a tempo de ver Magnus saindo com cara de sono, com um edredom sobre si.

 - Não acredito que está acordado ainda. - Ele resmungou se aproximando.

 - Eu te acordei? - Ele negou parando atrás de mim que estava sentado na cadeira na ponta da mesa.

 - Não deveria estar acordado até agora.

 - Quem não deveria estar acordado é você doutor Bane. - Disse e virei o rosto para trás. - Amanhã você tem um plantão para cumprir.

 - Então, você deveria estar na cama comigo, aproveitando a noite porque amanhã eu não estarei aqui.

 - Eu já vou. 

 - Nas últimas semanas estou ouvindo isso várias vezes e quando acordo, adivinha quem eu encontro dormindo sobre os livros? - Ele ironizou sorrindo. - Vamos lá querido, ficar virando o dia por causa da faculdade não vai fazer bem para você. 

 - Já vou.

 - Santa Beyoncé e de onde vem tanta teimosia? - Magnus se afastou. - Quer mais café?

 - Não. Onde você vai?

 - Você vive a base de café Alexander. Sorte sua que deixamos a cafeteira para fora. - Me levantei  e fui atrás de Magnus para a cozinha.

 - Não, vai dormir... - Me aproximei dele o impedindo de começar a fazer o café e então ele virou fazendo biquinho.

 - Não consigo. - Abri um leve sorriso aproximando nossos corpos.

 - Quanta dependência doutor Bane.

 - Eu seii... - Magnus disse fazendo drama e se juntando mais a mim. - Nossas vidas estão de cabeça para baixo.

 - Na verdade, eu diria que elas estão se organizando aos poucos.

 - Mas enquanto não se organizam totalmente, elas estão totalmente reviradas. Cansei. - Ele disse encostando o rosto em meu peito.

 - Ei, olha para mim. - Disse nos afastando um pouco, como Magnus não olhou, levei minha mão até a ponta do seu queixo e o fiz olhar para mim. - Tudo vai se ajeitar aos poucos.

 - Mas você está muito sobrecarregado e... Ah, merda! Estou começando a achar que a culpa é minha. Poderíamos ter deixado essa mudança idiota para depois, assim pelo menos você estaria mais tranquilo.

 - Amor, a culpa não é sua. Ambos concordamos que o espaço estava se tornando insuficiente e a mudança não está me atrapalhando em nada. Só estou tenso por causa das coisas da faculdade. Não tem nada a ver com a gente.

 -Ah... - Me curvei um pouco aproximando nossos lábios, mas não a ponto de os selar.

 - Mag, não se preocupe.

 - Ainda acho que você está muito...

 - Amor. - Falei em tom de aviso e ele suspirou.

 - Tudo bem. - E então nos demos um selinho. - Agora, nós podemos ir para a cama?

 - Vamos. - Disse desistindo de mais um pouco de estudos. Ele pegou em minha mão, apaguei a luz da cozinha ao sair e da sala de jantar enquanto caminhávamos de volta para o quarto.

 Nos deitamos e ele rolou para perto de mim na cama, se aconchegando sob meu peito. Passei os braços em torno dele e fechei os olhos me permitindo sentir seu cheiro de sândalo. Estávamos em silêncio enquanto ele brincava entrelaçando nossos, até que depois de alguns breves minutos, ele parou e sua respiração ficou mais lenta e pesada. Beijei o topo de sua cabeça com cuidado para que ele não acordasse e juntei um pouco mais nossos corpos.

  Não estava conseguindo dormir e então vários pensamentos invadiram minha cabeça. Realmente os últimos meses tinham sido muito corridos. Magnus tinha se formado, agora trabalhando no hospital principal da cidade, enquanto eu estava no último ano e estagiando no novo escritório do meu pai. Que depois que perdeu todos os seus bens para Sara e perdeu uma luta judicial, reivindicando os seus direitos, se reergueu com a ajuda de minha mãe que por incrível que pareça, se mudou também para a cidade junto com meus irmãos, tinha voltado a advogar e que estava mais do que ao lado de Robert, dando todo o apoio necessário para ele.  

 E também, é claro que não podia deixar de fora a mudança, que eu e Magnus tínhamos concordado em fazer. O apartamento estava ficando pequeno para nós dois e agora mais do que nunca, com as visitas da família, afilhadas e amigos...

 Respirei fundo deixando que mais um pouco do cheiro dele me invadisse, fazendo com que uma onda de tranquilidade me tomasse por alguns instantes. Porque por mais que nossas rotinas agora estivessem totalmente corridas, que nossos momentos juntos estivessem se tornando difíceis e que eu estivesse prestes a ficar louco por causa da faculdade, ele era a minha âncora e todo caos parecia se dissipar quando estávamos perto. Coisa que não tinha mudado durante todos os anos juntos. E esperava que para ele em relação a mim, fosse o mesmo.


 Tinha sido a última aula do dia. Saí com alguns novos livros da biblioteca, um pouco desajeitado quando acabo trombando com Hodge.

 - Meu Deus, que furacão. - Sorri.

 - Me desculpe, estou um pouco afobado. Último semestre. - Disse dando de ombros e ele sorriu de volta.

 - Acredite, eu sei como é.

 -  E como vão as meninas? Will?

 - Elas estão mais bagunceiras do que nunca e WIll se afastou do hospital por um tempo, porque ele quer aproveitar mais as duas. - Sorri.

 - Ah  claro, Magnus me falou que ele tirou alguns dias de licença.

 -  Sim. E como Magnus está?

 - Bem. As coisas andam bem mais corridas agora, mas, bem.

 - Nem me fale, quando comecei a namorar Will, percebi o caos que é ser médico. - Comecei a rir. 

 - Agora preciso ir.

 - Claro. E quando puder, vão visitar as meninas. Elas estão cobrando. - Sorri assentindo e sai andando.

 Bem, pelo menos uma tentativa de Magnus cupido tinha dado mais do que certo. Sorri assim que entrei no carro colocando minhas coisas no banco do passageiro.

 Will e Hodge acabaram se esbarrando algumas vezes por obra do destino (um destino maravilhoso com os olhos puxados) e acabaram entrando numa relação mais rápido do que o esperado. E ainda, por mais um pequeno incentivo, depois de um ano acabaram adotando Mel e Liv. Que os adoraram assim que tiveram o primeiro contato. Resolvendo vários problemas numa jogada só. E o melhor, agora, éramos tipo padrinhos das meninas e amigos do mais novo casal. Loucura como as coisas mudam com o tempo.


Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora