Alec

511 40 10
                                    

 Já era de madrugada e não conseguia pregar o olho, meus pensamentos estavam girando em torno de tudo o que tinha acontecido até agora e não nas coisas boas mas sim, nas brigas que tive ao longo do tempo. Principalmente com Robert e Maryse, ficava remoendo tudo o que tinham me falado, meus olhos começaram a marejar e minha garganta estava se fechando com o choro que estava querendo vir mais uma vez, não conseguia parar de pensar em tudo o que estava acontecendo, as coisas estavam turbulentas e ainda iria falar com Maryse, tentar falar com ela e mais uma vez me esquecer de mim e do que estou sentindo e me focar em argumentos para que ela aceite intervir em toda essa situação, principalmente por Max e Isabelle, seus...Seus filhos. 

 Esse último pensamento veio a mim seguido de um aperto enorme, sabia que eu também era filho de Maryse só que ela não pensava dessa maneira, os únicos filhos para ela eram os dois e... Claro que isso me causava uma certa inveja, eu não poderia ter nascido "normal"? Teria me poupado diversos problemas se eu fosse como o considerado normal pela sociedade. Senti Magnus se mexendo sob meu peito, olhei para baixo e ele continuava dormindo e logo me arrependi pelo pensamento que acabara de me ocorrer. Se eu tivesse nascido o considerado normal, hétero, com certeza não teria o conhecido e não valeria a pena, não mesmo.

 Muitas vezes senti que nunca iria achar ninguém que me completasse, não que eu estivesse procurando mas, sempre quis ter alguma pessoa, até mesmo um amigo só que nunca encontrei ninguém, nunca consegui me permitir ter ao menos uma amizade mais profunda com as pessoas até agora. No momento em que ele apareceu em minha vida, mesmo eu negando, percebi que algo dentro de mim já tinha mudado e fora de uma forma mágica. E aos poucos percebi que eu e ele nos completávamos de uma forma diferente e que não suportaria de forma alguma o magoar ou me separar de Magnus.

 Ele me transmitia uma calma, um conforto inexplicável. Perto de Magnus até parecia que as coisas poderiam ser mais positivas, melhorar e ainda mais, eu me sentia amado e protegido por ele. Pode ser meio tosca essa ideia mas era essa a sensação que ele me transmitia, algo maravilhoso em minha opinião, ainda mais por ser tão intenso e repleto de reciprocidade. 

Fechei os olhos tentando relaxar, parar de pensar em coisas tão tensas por enquanto e focar nos momentos bons, principalmente os vividos com meu namorado.

 - Por que eu não posso ir junto? - Perguntou-me Max assim que peguei as chaves para ir para o hospital conversar com Maryse.

  -Eu já expliquei Max. - Respondi e comecei a procurar minha carteira que se eu não me engano, estava em cima da mesa.  - Magnus, você viu minha carteira? - Fui até a cozinha onde Magnus estava tentando ensinar Isabelle a cozinhar algo que fosse possível de comer.

 - Está em cima da mesa. - Ele respondeu, olhei para trás e ela não estava lá, logo em seguida olhei para meu irmão que estava sentado e emburrado no sofá.

 - Max, Isabelle está te chamando. - Menti o observando, ele deu de ombros continuando sentado. - O que você está escondendo? - Andei até ele. - Max?

 - Não chegue perto! - Ele levantou a mão fazendo sinal para que eu parasse e eu arqueei a sobrancelha, o espertinho tinha a pego e sabia que eu não sairia sem ela.

 - Me devolve.

 - Eu quero ir junto!

 - Eu já falei que talvez ela não esteja em um dos seus melhores estados e que nossa conversa... Ah, pelo amor de Deus, para de birra! - Cheguei mais perto e ele pegou a carteira o mais rápido que pode e se abaixou com ela na barriga. Revirei os olhos e comecei a fazer cosquinha em meu irmão, ele dava gargalhadas e se remexia demais, até que por fim me entregou ela. 

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora