Magnus

380 38 5
                                    

 Dois anos depois...

 Tinha acabado de chegar em casa depois de mais um plantão, o hospital estava ocupando muito do meu tempo ultimamente por causa de mais uma epidemia de gripe que tinha atingido a sociedade e eu não poderia ignorar os chamados, mesmo quando não fosse mais o meu horário.

 Coloquei as chaves do carro e da casa em cima do balcão da cozinha e olhei para o relógio, eram sete horas e provavelmente Alexander ainda estava no escritório com o pai. Nossas rotinas continuavam um caos, já fazia um bom tempo em que não tínhamos momentos a sós e sentia falta disso, falta dele. Porém, sei o quanto ele se preocupava e o quanto estávamos nos esforçando o máximo possível para não perder de vez meros minutos juntos. Peguei a garrafa de água de dentro da geladeira e fui até a pia pegar um copo para me servir. Amanhã eu teria um descanso depois de meses indo para o hospital sem um só dia de descanso, o tão esperado chegaria amanhã. Fechei os olhos, estava tão cansado...

 Subi para o quarto, precisava tomar banho e depois esperaria Alexander para jantarmos juntos. 


 Acordei com um barulho vindo do andar debaixo, me revirei na cama, acendi o abajur que tinha na mesinha de cabeceira e olhei para o relógio, eram nove horas e tinha dormido enquanto esperava meu menino. Levantei, provavelmente era ele quem tinha chego.

 Calcei minhas pantufas da pantera cor de rosa, novinhas em folha, que tinha ganho de dia dos namorados e desci um pouco mais recarregado e saltitante, degrau por degrau. Estranhei ao perceber que as luzes da sala de jantar estavam amenas, apenas a da cozinha totalmente acesa. Caminhei mais devagar até o local e me surpreendi ao ver a mesa totalmente arrumada a luz de velas. Senti um certo friozinho na barriga e me virei indo para a cozinha. O que será que ele estava aprontando?

 Quando cheguei no local Alexander estava terminando de por uma garrafa de vinho no suporte, ele se virou enquanto o encarava em silêncio e depois de um pequeno sobressalto ao me ver, ele sorriu. O que confesso ter me deixado sem ar. Ele ainda estava com a roupa que tinha ido trabalhar, calça e sapato social, uma camisa branca por dentro da calça e uma gravata vermelha, sem o seu paletó. Mordi os lábios, nunca me acostumaria com ele daquele jeito.

 - Você acordou. - Alexander caminhou até mim sorrindo e me deu um beijo demorado.

 - O que você está aprontando? - Perguntei ainda enquanto estávamos próximos.

 - Só preparei um jantar. - Mordi o interior da boca, ele sempre me surpreendia só que dessa vez parecia  que tinha algo a mais. O olhei desconfiado e meu anjinho de olhos azuis deu de ombros e saiu em direção a sala de jantar sorrindo.

 - Alexander! 

 - Inclusive, tenho que admitir, você está ótimo!- Ele disse quando passou por mim voltando para a cozinha para pegar a comida. Arqueei a sobrancelha. - Só espero que na cama não fique todo o brilho desse pijama.

 Olhei para a blusa do meu pijama que tinha várias bolinhas com as cores do arco-íris dentro, enfeitadas com purpurina. 

  - Venha, vamos para a sala de jantar. - Ele pegou na minha mão enquanto segurava uma travessa com a outra e me levou em direção a mesa. Nos sentamos e ele nos serviu. - Como foi no hospital?

- Quando estava saindo chegaram mais três no mesmo estado por causa da gripe, ardendo em febre, praticamente desacordados. Já está se esgotando o número de leitos, a diretoria está preocupada.

 - Ainda não desenvolveram nenhuma outra vacina?

 - Os testes estão indo mais devagar que todos esperávamos, o vírus se adapta a qualquer que seja o medicamento, se tornando mais forte. - Suspirei pegando um pedaço de carne. - Está um caos.

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora