Alec

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 - Alec? - Olhei em direção a porta, Isabelle estava encostada no batente. Ela não estava maquiada como de costume, sua carinha estava um pouco triste e não estava me lembrando nada a Isabelle alegre de sempre. Ela ficou me encarando, nenhum de nós falávamos absolutamente nada, sabia entender o silêncio quando era preciso e respeitar esses momentos.

 Isabelle se desencostou e veio até mim, estava do outro lado do meu antigo quarto, perto da janela, tinha acabado de encerrar uma ligação com Magnus, estava tão mal com tudo isso quanto minha irmã e estava sentindo a falta dele, tudo bem que nem se tinha passado tanto tempo assim mas,  a presença dele, sua voz... Ele me acalmava.

 Ela envolveu os braços ao redor da minha cintura, pousou a cabeça em meu peito e ficamos abraçados em silêncio por um tempo. 

 - O que nós vamos fazer? 

 - Nós não vamos fazer nada. - Isabelle se afastou e ficou me olhando com os olhos arregalados. - Digo, você e Max, não vão se meter mais em discussão alguma. Eu vou cuidar disso mas, não quero nenhum de vocês dois envolvidos, voltem a suas respectivas rotinas, sem nem se incomodarem em dirigirem a palavra ao papai ou a Sara, pelo menos, nada além do necessário. 

 - Como assim? Não, é claro que não! -  Isabelle começou a andar pelo quarto e fazendo gestos de negação. - Isso é um absurdo, eu quero ajudar Alec, não sou uma criança!

 - Olha, eu vou cuidar disso entendeu? Não quero você e nem Max se metendo mais nesse rolo.

 - Essa não é uma escolha sua! 

 - Não torne as coisas mais difíceis Izzy, estou tentando ajudas então, me dê um voto de confiança ok? Hoje vou voltar a falar com o papai, se não adiantar nada... - Suspirei. - Só confie, tudo bem? Quando vocês voltarem da escola eu garanto que já vou ter ajeitado as coisas. - Isabelle se voltou para mim, seus olhos estavam levemente avermelhados, fui até ela e segurei sua mão. - Izzy, não vou deixar que nada de ruim aconteça com você e Max, nem que para isso eu tenha que voltar para essa casa. 

  - Mas Alec...

 - Vá se arrumar para não perder as aulas de tarde. - Isabelle me deu mais um abraço antes de se afastar. Estava com dó se Izzy e do estado em que ela se encontrava. Fui até o quarto de Max, precisava ver como o próprio estava, se Isabelle que era tão mais "forte" que ele, estava péssima, não consigo imaginar ele, não depois de ontem e do que ele presenciou. 

 Dei leves batidinhas na porta e entrei, meu irmão estava debaixo das cobertas, totalmente escondido embaixo de todo o pano. Fui até ele e me sentei no canto ao seu lado, na cama.

 - Eu não quero falar com ninguém. - Sua voz estava chorosa, apostaria que ele tinha se escondido para não mostrar que estava chorando.

 - Nem comigo? - Perguntei e ele não me respondeu, fiquei em silêncio e comecei a olhar o quarto, Max sempre fora muito organizado, seu quarto nem parecia o de uma criança, tinham mais livros que brinquedos, ele era viciado em mangás e jogos de tabuleiro, com certeza ele deveria estar se divertindo ao invés de estar chorando no quarto. Senti uma movimentação na cama, olhei para trás e ele estava me encarando, só com a cabeça para fora das cobertas, seus olhos estavam totalmente vermelhos ainda com vestígios de lágrimas, o nariz vermelhinho e o rosto ainda um pouco inchado.

 - É hoje que você vai embora? - Assenti e ele se jogou em cima de mim, meu irmão me abraçou tão forte que mais uma vez tive uma sensação de aperto dentro de mim. Fechei os olhos por um momento. - Não quero que você vá. 

 - Eu sei... - Nos afastei para que pudesse olhar para sua carinha, limpei as lágrimas de Max e dei um sorriso fraco para ele. - Hoje vou conversar com o papai novamente. 

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora