Magnus

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 - Mag, o que você está fazendo? - Meu pai saiu na varanda e começou a me encarar com o celular estendido.

- Não tem sinal! - Dramatizei e ele começou a rir.

- Só tome cuidado com os pássaros, eles costumam pegar... - Antes que ele pudesse continuar um bicho enorme de asas veio para cima de mim, antes que pudesse ter qualquer reação ele deu uma leve arranhada em minha mão, fazendo com que a abrisse e então pegou o celular.

- Não!! - Gritei e ouvi as risadas de meus pais. - Parem de rir. Heyy bichinho, bichinhoo... Devolve, ele é meu! Hey!! - O pássaro ficava voando entorno do jardim, parecia que estava caçoando do meu desespero, tinha que me comunicar com as pessoas... Na verdade com Alexander, o resto eu nem me importava. - Mãe! - Olhei para minha mãe ao lado do meu pai, estava desesperado e eles apenas riam.

- Não sei se ele ouvirá seus apelos querido. - E então ela voltou a rir, era só o que me faltava.

- Passarinhoooo, psiu, psiu, psiu... Devolve!... E vocês dois, parem de rir!! - Fiquei encarando o animal implorando para que ele devolvesse... Tudo bem, inocência de minha parte achar que aquela coisa iria simplesmente descer e me dar o celular inteirinho. - Eu quero ele de volta, pelo amor do An... - Antes que pudesse terminar a frase o pássaro pareceu soltar o celular, fiquei observando aquela sena totalmente sem reação, o celular estava caindo em direção ao lago. Fiquei observando a cena com uma dor no coração até que o celular desapareceu na água. - Eu vou ter um troço... - Corri até o lugar e me agachei. - É fundo! Como vou o achar? - Ouvi passos atrás de mim, quando olhei vi minha mãe ainda de roupão e meu pai de pijama.

- Acho que irá ficar incomunicável por um tempinho. - Arqueei a sobrancelha para meu pai que claramente segurava o riso.

- Sério? - Olhei para minha mãe desesperado e ela deu de ombros.

- Você chegou na semana dos feriados, não terá praticamente nada aberto na cidade.

- Não acredito! Eu vou morrer... - Eles reviraram os olhos. Na casa dos meus pais não tinha computador, notebook, tablet... Eles preferiam ter mais contato com a natureza e esses aparelhos provavelmente os distrairiam. Bem, essa era a desculpa deles.

- Não seja exagerado Mag.

- Como vou falar com meu menino? - Ambos se entreolharam e deram um sorrisinho.

- Que coisinha mais fofa!! - Comentou minha mãe se abaixando e apertando minha bochecha, fiz careta e ambos riram.

- Você pode ligar para ele e avisar que está sem celular. - Comentou meu pai, me levantei e dei um sorriso um pouco sem graça. - Ah meu santo, você não sabe o número dele? - Neguei como confirmação e meu pai pareceu boquiaberto.

- Ah para de ser exagerado pai!

- Pensei que ele era um namorado aplicado, se eu fosse Alexander...

- Adoro esse seu incentivo maternal. - Minha mãe começou a rir, veio até mim e passou os braços em torno de minha cintura me conduzindo de volta à casa, meu pai nos acompanhou depois de dar mais uma olhadinha no lago.

- Talvez os peixes gostem de um pouco de tecnologia. - Minha mãe riu com a péssima piada, fiquei descrente com essa só que, não consegui não rir. - Fique calmo Mag, Alexander irá entender esse seu sumiço. - Assenti.

- Acho que sim. Bem, se fosse comigo, eu surtaria.

- Imagino. - Entramos pela porta de vidro ao lado da cozinha que dava para o jardim, senti o cheiro de café e mais do que na hora me lembrei de Alexander, ele realmente era viciado em café. Não conseguia entender como ele conseguia tomar isso sem um pingo de açúcar, era amargo demais para o meu gosto. Fui até a banqueta e fiquei observando meus pais, minha mãe foi se servir daquele líquido extremamente escuro, quente e amargo, enquanto meu pai foi pegar o suco na geladeira para nós, algo que tínhamos em comum: odiávamos café.

Os opostos realmente se atraem? (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora