Capítulo 5

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AMANDA

Quando cheguei na Colômbia parecia um sonho, cursar minha vida acadêmica fora do meu pais, acostumar-me com uma nova cultura, novas pessoas, fazer novos amigos – por mais difícil que fosse pra mim – eu estava em uma espécie de paraíso, vivenciando tudo que um dia eu desejei pra mim – ou quase tudo – mas como sempre, nenhum sonho é eterno e eu apenas não sabia na época como as coisas eram difíceis.

Eu não fazia ideia que dividir um apartamento com outras garotas totalmente diferentes da minha personalidade seria difícil, muito menos que não ter uma mãe fisicamente presente significaria roupas sujas, sem comida pronta ou casa limpa – apesar de sempre ter ajudado minha mãe nesse quesito -. Cheguei a pensar que a pior parte seria ter que aguentar os gemidos e gritos, o vai e vem de homens e mulheres num lugar que eu achei que seria "minha nova casa" com "minhas novas amigas" mas não foi bem assim.

Encontrar um emprego parecia na época ter sido a solução perfeita, eu trabalharia para um ricaço – que vivia mais fora de casa do que dentro – ganhando um belo de um salario, bancaria meu mini apartamento – o qual eu amava – e apenas teria que me lembrar de alimentar os dois cachorros mais fofos que havia conhecido na minha vida, cuidar de uma casa gigante e manter minhas notas no aceitável – sempre acima da media – ou foi isso que eu pensava.

E foi nesse ponto critico da minha vida que ele chegou, entrando na minha vida e no meu coração como se já comandasse os dois há muito tempo.

Jamais pensei que acabaria me apaixonando por uma pessoa como ele, nem que eu estaria sentada na escada do meu prédio, olhando fixamente um lado da rua onde eu sabia que ele entraria com o carro. Pergunto-me como a definição empregada x patrão, fugia a regra quando o assunto éramos nós dois. E me socava mentalmente cada vez que sentia a esperança começar a criar raízes dentro de mim.

Claro que, não posso falar "somos os melhores amigos", mas de certa forma tínhamos algo natural acontecendo, essa era a terceira semana seguida em que Maluma vinha me buscar para o trabalho – fora os dias em que ele me levou para a universidade – e mesmo eu me dizendo "ele tem um bom coração por baixo da camada bad-boy" ou "ele está com pena de você, não se iluda", meu coração insistia em bater descompassado cada vez que o barulho caro do motor invadia a rua.

Fixei meu olhar na janela do carro que estava abaixando e vi um sorriso abrindo no rosto de Maluma. E lá vamos nós outra vez, pensei. Eu deveria me acostumar com meu novo inferno pessoal.

_Bom dia – sorrio tímida ao entrar no carro.

_Maluma – disse ele ao ajeitar o retrovisor do caro. Fechei momentaneamente a cara pensando em como ele era irresponsável por não tê-las regulado antes mas, logo sorrio ao ver sua expressão de felicidade.

Havíamos combinado que eu deveria chama-lo de Maluma e então ele me chamaria de Amanda e pararia com o "bebe" – apelidos que provavelmente ele dizia a todas as mulheres – e que tentaria parar de andar nu pela casa.

A lembrança desse episodio fez minhas bochechas tingirem-se de vermelho, Maluma está com a sobrancelha arqueada desconfiando da minha reação, eu ainda não conseguia entender como minhas emoções eram colocadas em prova cada vez que eu estava perto desse homem.

_Que passa contigo bebe? – pergunta ele ao dirigir pela rua já tão familiar para mim. Maluma dirigindo deveria ser algo comentado na capa de uma revista, a maneira como ele colocava a mão direita sobre o volante e a esquerda apoiada na porta do carro, esfregando ligeiramente seu queijo era algo que me deixava desconfortável.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora