Capítulo 25

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MALUMA

Sete meses.

_Você está com uma cara péssima, outra vez - ouço a voz de Yandel aproximando-se e logo uma toalha está caída em meu rosto, escondendo-me do sol quente. México devia ser uma porta de entrada do inferno ou essa era apenas mais uma punição de Deus, eu bem que merecia ser queimado até morrer.

Retiro a toalha de meu rosto e viro-me em sua direção. _Eu estou ótimo - ouço minha voz soar amarga pelo uísque. Uísque às dez horas da manhã, quem diria. Estava tornando-me um maldito alcoólatra.

Acompanho seu olhar até uma morena, vejo-a piscar em nossa direção e dar um mergulho na piscina. Seus olhos é como duas esferas azuis prolongando as gotas de água que caem por seu corpo ao sair da piscina. Em outro tempo eu estaria ajudando-a a percorrer cada gota. Yandel está olhando para mim quando encontro seus olhos novamente, ele parece pensar em algo quando nota os três copos de tequila vazios na mesa, mas limita-se a indica-los com a cabeça e suspirar pesadamente.

_Quer apostar quem dorme com ela primeiro? - pergunta ele ao levantar as sobrancelhas pra mim. Se ele estava testando meu humor ou a capacidade do meu pau nos dias atuais ele estava indo por um péssimo caminho.

Sorrio como um menino mal e tomo mais um gole do meu uísque. _Dormir com ela é a ultima coisa que eu faria - respondo ao bater meu copo na mesa. Quatro e pronto para o próximo, onde estava a garçonete?

_El Dirty Boy, Baby - burla-se Wisin ao ocupar a outra cadeira.

_Okay meninas - diz Lorenzzo ao olhar feio para minha fila de copos na mesa - Temos trabalho a fazer se vocês já esqueceram.

_Sempre tem trabalho a fazer - resmungo ao bufar, habito que eu havia pegado com Amanda.

Amanda... sinto meu coração dar um baque mudo e tranco minha cara imediatamente.

_Alguém aqui despertou de mal humor - comenta Wisin ao dar um tapa em minha testa.

_Estou ótimo - afirmo pela segunda vez naquele dia.

_Continue dizendo isso para si mesmo - diz Yandel ao levantar-se.

Yandel surpreende-me ao puxar minha cadeira e fazer-me cair de bunda no chão. _Carajo! - grito ao sentir o impacto.

_Vamos cabrón - diz ele afastando-se - Não temos o dia todo hoje.

Yandel iria gravar comigo a versão remix de "El Perdedor" enquanto Wisin - assim que Don Omar chegasse para nos acompanhar - gravaríamos o remix de "Sin Contrato". Minha vida tinha desenvolvido um padrão interessante: acordar, trabalhar, beber a cada intervalo de tempo, transar com mulheres e repassar os pesadelos da minha vida durante a noite.

Eu tentava dormir. Mas não conseguia escapar dos pesadelos, ultimamente eu ansiava por eles. O dia era pior que a noite, estar acordado era pior que dormir. Olhos castanhos, cabelo marsala - assim me disseram - assombravam meus dias. A musica... somente a musica fazia-me suportar aquilo. Tenho tentado evita-la a todo custo - Amanda, sinto seu nome ecoar por minha mente - Deus, como eu sentia falta daquela mulher.

Eu não falava com ninguém, nem mesmo com minha irmã desde que havia saído de Medellín. Não falava com qualquer pessoa a não ser com as mulheres, em quem eu me afogava em uma transa sem sentido durante as noites e com as garçonetes para pedir o próximo copo de bebida. Na verdade eu poderia até conversar com um fã durante os shows ou com Yandel e Wisin que não saiam do meu pé desde que Lorenzzo insistiu em fazer uma temporada com os dois no palco. Mas eu sabia o motivo, o pobre e coitadinho do Maluma estava com o coração partido.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora