Capítulo 15

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AMANDA

Maluma para de caminhar e me encara fixamente. Não consigo distinguir seu semblante mas pelo silêncio que ele está fazendo, fica obvio que está muito alterado. Sinto que estou pisando em areia movediça e não sei se é seguro me mover. Minha raiva está no nível do limite e a discussão parece longe de estar ao final. Lorenzzo tinha continuado a bater na porta e chamar por seu nome mas após algum tempo sem resposta ele também se calou.

_Maluma... eu não estou brincando com você - tento o meu melhor para abaixar o tom da minha voz, mas ele não parece estar a fim de tratar o assunto como pessoas racionais.

_Você vai continuar bancando a inocente, não acredito isso – grita ele ao socar o espelho, ouço cacos de vidro trincando-se e me afasto ainda mais sentindo a parede gelada arrepiar minha pele com o contado.

Maluma está batendo na própria cabeça e estou assustando-me, quando ele para e vira novamente pra mim, ameaçando dar um passo e voltando a recuar, começo a desesperar-me – Já conheci muitas mulheres, mas pra você eu tiro o chapéu. Mesmo tendo sido descoberta continua ai, fingindo que está tudo bem com esse seu silêncio e você tem a cara de pau de dizer que eu sou o manipulador?

_Estou dizendo a verdade – respondo suavemente sem coragem mais para brigar, vou agachando até o chão e sento-me sentindo-me derrotada – Quando comecei a trabalhar em sua casa, eu não sabia quem era você, qual era o seu trabalho muito menos o seu nome. Lorenzzo apenas havia me dito seu nome de tratamento Sr. Arias. Quando fui naquela festa eu não tinha intenção de te encontrar lá, já tinha bebido demais eu nunca tinha tomado bebida alcoólica antes daquele dia. Eu queria conhecer o lugar e quando te vi no meio de uma briga não percebi que estava no meio dela antes de ter você arrastando-me para fora dali.

Maluma continua em silencio e tomo isso como um sinal de que devo continuar a falar. _As cenas da noite em que dormimos juntos é confusa na minha cabeça e só posso afirmar que não tivemos nenhum envolvimento sexual, você pode ligar pro meu ginecologista ele te passara os exames caso você esteja desconfiando, já que não confia em mim. Eu não queria continuar a trabalhar pra você depois daquele dia... mas quando você não me reconheceu... não é por nada mas, eu precisava desse emprego e por isso continuei indo. Você, você se ofereceu para dar-me carona e... de tanto insistir acabei aceitando e na segunda vez, eu juro que também não tive intenção de encontrar você naquele lugar.

Levantei minha cabeça e Maluma continuava na mesma posição, eu precisava dos meus óculos.

Suspirando, continuei a falar. _Eu estava sentada sozinha Maluma...foi você, que se aproximou. Eu estava com raiva naquele dia porque havia tomado muita chuva após você deixar-me no meio do nada longe da UNAL. Eu dancei com J Balvin porque sabia que você não gostava dele e ele me beijou – escuto novamente um barulho alto e Maluma havia socado novamente o espelho ficando em silencio – e você se meteu na briga – continuei ao levantar do chão – Maluma você me levou pro banheiro e você me beijou com segundas intenções quando estava com outra mulher. Você foi pra minha casa durante a noite do mesmo dia e eu te aceitei mesmo estando magoada com você e no mesmo dia eu deixei você dormir lá de novo. Não porque tenho pena de você ou porque estou brincando com você, isso não é um jogo e por alguma razão cada vez que me afasto algo acontece para que eu me encontre de novo cerca de você.

_Você mentiu pra mim – rosnou ele sem se virar – Você teve a oportunidade de me contar e você não fez. Você podia ter me contado eu...

_Você o que? Aceitaria numa boa, não vejo o porque já que você está fazendo uma cena agora – sussurro – Esse é o casamento do seu amigo e você acabou com a festa, você... me machucou. Não foi com intenção... mas seu desequilíbrio emocional é tanto quando esta acordado quanto dormindo. Seus pesadelos...

_Não são problema seu – respondeu ele ao virar para mim finalmente.

_Então para de torna-los meu – respondo no mesmo tom. Estava cansada de aguentar o vai e vem de suas emoções. Minha cabeça estava latejando e meu braço dolorido, eu só queria ir embora.

Maluma sai da minha frente e ouço a porta bater, sou deixada sozinha com meus pensamentos e não posso evitar o choro que me corta o coração. Estava com vergonha de sair ao lado de fora. Aproximo-me do espelho e consigo distinguir manchas de maquiagem no meu rosto pelo vidro quebrado. Começo a esfrega-lo e limpa-lo com água e papel higiênico, o som do meu coração pulsando parecia deixar meus ouvidos tampados e estou tropeçando na barra do vestido quando saio do banheiro.

Um homem de terno está parado de lado de fora e após alguns momentos de reflexão percebo que é Lorenzzo. Ele entrega meus óculos e minha bolsinha sem dizer uma palavra, indo embora pelo corredor. Quando volto a enxergar tudo ao meu redor caminho pateticamente para fora da igreja, estou caminhando sem direção pelas ruas e não me importo de divagar irracionalmente enquanto tento chegar em meu apartamento.

Era longe e eu precisava dessa distração um tempo para conseguir acalmar meus sentimentos antes de fazer alguma besteira, quando pego meu telefone não sei exatamente o que estou fazendo e vejo-me discando o numero de Maluma.

_Esquece isso – resmungo para mim mesma ao desligar a ligação.

Chego em meu apartamento após horas de caminhada o céu já está escuro. Entro de baixo do meu chuveiro tomando um longo bainho. Quando finalmente estou escondida em baixo de camadas de cobertores segurando minhas pernas em posição fetal, escondo minha cabeça tentando juntar os pedaços de mim que ele havia quebrado como o espelho. Pergunto-me o que ele estava fazendo, se por algum momento estava pensando, sentindo-se devastado como eu.

Fecho meus olhos sem saber o que esperar para o dia de amanhã e quando ouço a chuva caindo forte do outro lado da janela sei que, jamais deveria tê-lo deixando entrar... em meu coração.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora