AMANDA
As crianças estão correndo em volta de J Balvin e não posso deixar de rir. Há tanto gliter em suas bochechas e sinos grudados em seu cabelo que ele parecia um típico brasileiro saído direto da Avenida de Carnaval.
_Você vai derruba-la – declaro indo atrás de pegar Paloma que esta em pé em seus ombros – Seja um adulto por favor.
_Tia Amanda é muito chata – diz ele ao invés e segura os pés de Paloma, erguendo-a ainda mais ao alto – Agora coloque a maldita pinha lá no alto palomita.
_Pronto – grita Paloma, uma menina de cinco anos, internada para tratamento quimioterápico há duas semanas.
J Balvin a solta e vejo a criança cair, assustada volto-me para ela afim de pegá-la, mas J Balvin apenas a segura pela cintura e a põe no chão. Talvez ele estivesse tentando me matar de susto.
_Parece que assustamos a Tia Amanda – diz Paloma sorrindo e J Balvin pisca pra mim. Imediatamente minhas mãos vão para minha cintura e olho feio antes de sorrir dizendo – Paloma vá pegar mais alguns sinos para o Tio JB e você – aponto para J Balvin – Não deveria ficar pegando peso.
_Se ela nem pesa nada – diz ele com olhos inocentes.
_Você ouviu a medica – reforço o sermão – Sem levantar peso.
_Você fica linda quando está preocupada comigo – diz ele ao vir em minha direção – Sabe como pode ficar mais linda? – observo o pote de gliter ameaçadoramente em suas mãos.
_Não – digo afastando-me – Não faz isso.
_Amanda – sorri ele perverso ao perseguir-me pelo enorme salão.
Estou fugindo de J Balvin há alguns minutos, mas o encontro foi inevitável. Ele joga o pote de gliter em minha cabeça e caio no chão rindo enquanto sinto seu corpo encontrar-se com o meu. Estamos no chão, cobertos de gliter e rindo como loucos.
_Eu não acredito que você fez isso – respondo balançando uma mecha cheia de gliter – Você é muito infantil, não pense que você não vai limpar isso.
_Mas o seu cabelo precisava de cor – continua ele inocente.
Por um momento seus olhos pareciam encarar um ponto fixo em meus cabelos, mas ele fita meus lábios e beija-me surpreendendo-me. Beijar J Balvin é como sentir o encontro das águas do mar com a areia da praia, você sente o toque gelado e salgado para logo acostumar-se e sentir o doce sabor quente acalmar seu corpo e torna-se parte de você.
Era terapêutico e eletrizante, muito diferente de Maluma que parecia uma combustão que me consumia, levava-me a perder a consciência e me queimava até eu não lembrar mais quem eu era.
Algo cai assustando-me e desgrudo meus lábios de J Balvin para olhar em direção do som. Maluma está parado na porta do salão e acaba de derrubar o vaso de flores que as crianças da ala 5 ficaram duas horas montando. Ele está tão transtornado que seu rosto está mais vermelho que o próprio sangue. Penso rapidamente que ele vai destruir todos os enfeites, o lugar ou partirá para cima de J Balvin, mas não. Ele apenas vira em direção ao corredor e some.
_Maluma – suspiro antes de levantar-me e sair correndo atrás dele.
Viro os corredores cega em busca daquele homem e pego pequenos vislumbres dele trombando em uma mesa de bufe, em enfermeiras, um cadeirante.
_Maluma! – grito correndo desviando das pessoas e objetos que entram em meu caminho, mas Maluma não para.
Quando chego à calçada do hospital eu vejo ocarro de Maluma passar pela rua cantando os pneus e sei que, verdadeiramente,depois daquele momento, eu o havia perdido.
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Livro 1 - Doce Tempestade
FanfictionAmanda é uma garota brasileira de 20 anos que acabou de ganhar uma bolsa de estudos na Colômbia. Viver em um alojamento com outras brasileiras que só pensam em festas e homens estava prejudicando e deixando a decidida e certinha univer...