Capítulo 42

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MALUMA

Alguém esta chorando na cela ao lado. Um choro terrível e assustador. Soco a parede querendo esganar a pobre alma ao lado, será que ele não percebia que chorar não ia resolver nada.

Você nunca chorou – ouço a voz de meu pai em minha cabeça – Nenhuma vez, nem quando te torturaram.

Engraçado. Nunca senti tanto desespero na vida. Eu não conhecia o medo. Ao menos não antes de Amanda. Nem mesmo com Daniela. Daniela – suspiro – ao lembrar da doce menina com quem cresci e planejei uma vida.

Uma velha lembrança me vêm na cabeça e deixo-me ser guiado diretamente para ela. Como fogo, a memoria queima e faz meu coração dar uma batida descompassada. Se meus pecados falassem. Eu seria um homem morto.

Nove anos atrás.

O pacote havia sido entregue, mas o pagamento não havia sido feito. O bastardo do meu pai não estava feliz. Mande Maluma ir resolver meus problemas e leve o infeliz marica narigudo de moicano com você. Mas que ótimo!

_A cara ele vai tremer na base quando a gente chegar lá – ouço-o dizer. O menino de o que? Catorze? Quinze anos? E naquele meio. Talvez a sociedade tenha razão. O lugar influência em suas escolhas. No meu caso nunca tive oportunidade de escolher.

_Só cala a boca e deixa eu resolver isso – digo-lhe ao estacionar o carro – Se por um a caso você abrir a boca e não, eu estou pouco me fodendo para o que o Senhor Londoño disse, meu turno, minhas regras. Você abre essa maldita boca e eu te amarro na traseira do carro e saio te arrastando à volta toda até o galpão. Entendeu?

_Sim senhor! – diz ele tremendo.

_Porque eu sempre tenho que ficar com os novatos – rosno ao bater minha porta.

Coloco meus óculos e caminho tranquilamente em direção a um velho bar. Prostitutas estão espalhadas como a peste. As condições dessa zona é tão precária que tudo fede a bafo de cerveja, maconha e a merda de cachorro. Ao passar pela porta ouço o sino de vento avisar minha chegada.

Passo meus olhos pelo lugar, vendo apenas quatro capangas daquele desgraçado. Quatro capangas armados. Francamente – rio ao cumprimenta-los com a cabeça – quatro capangas? Quem eles acham que eu sou? A porra do Spider Man?

A arma em minha cintura gela minha pele, lembrando-me a todo momento que ela estava ali. Espero não chegar atos extremos – como da ultima vez acusa meu cérebro – mas eu era um homem de punhos e eles deveriam saber que quatro deles não levariam a melhor contra mim. Se você não estivesse com a peste desse garoto – diz meu cérebro – droga! Onde estava o piralho?

Encontro o garoto sentado em um banco do bar pedindo uma bebida. Eu ia esfola-lo vivo.

_O que eu disse sobre abrir a porra da boca! – rosno ao sentar ao seu lado.

_Só pedi uma bebida! Eu nem disse nada – defendeu-se ele.

_Sem. Uma. Palavra. Se. Quer. – murmuro entredentes ao engolir a pinga que o barman coloca em um copo.

_Mas o que temos aqui? Meus amigos sejam bem vindos! – e que comece os jogos.

Vejo Barchel aproximar-se sorridente ocupando o lugar do garçom.

_Meu velho amigo Maluma o que te trás em meu humilde estabelecimento? – Barchel sabia o motivo deu estar aqui. Mas se ele queria começar assim.

_Vejo que você melhorou o lugar – comento indicando com uma mão a pintura e o sino de vento – Temos até um sino de vento. Onde conseguiu dinheiro para isso Barchel? Me disseram que os negócios por esses lados andam ruins.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora