Capítulo 33

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MALUMA

Entro naquela casa sem preocupar-me em bater na porta. Não deveria me preocupar se estou incomodando alguém, eu pagava as contas, as coisas deveriam ser simples. Se colocássemos as coisas na ponta do lápis a casa era minha.

_Maluma é você? – ouço tia Yudy chamar-me. Tia, palavra embrulhou-se em meu estomago.

Ela sabia. Sabia que Manuela estava falando com meu pai há um tempo. E ela não me disse. Bonnie e Clyde estão sentados na sala agora já limpa da devastação que eu causei. Se minhas memorias apenas pudessem ser limpas daquela forma, eu não teria que sentir a adrenalina preparando-me para o confronto que eu sabia que viria.

Subo a escada para o sótão com passadas largas, não preciso abrir a porta para saber que o desgraçado está lá dentro. Esperando-me. O sótão está parcialmente iluminado e ele está parado segurando uma calcinha de Amanda. Aquele filho da puta!

_Ela me lembra Daniela – diz ele enquanto seguro meus punhos – Isso me faz pensar se é por esse motivo que você está tão apegado a ela.

Daniela. A imagem de uma moça sorridente com olhos achocolatados e cabelos cacheados batem com força em minha mente. Uma e outra vez, seu perfume de cravo e as sapatilhas florais que ela gostava de colocar todos os dias. Não.

Não era por isso que eu estava com Amanda. Amanda não era a Daniela.

_Ah, você não tinha chegado a esse entendimento – diz o merda do meu pai – Interessante, isso me faz pensar se J Balvin já percebeu? Pela sua cara, creio que talvez seria uma suposição adequada.

_Você nunca faz suposições adequadas – cuspo – Amanda e Daniela não se parecem absolutamente.

_A não? – intriga ele, cravando-me um punhal com tais palavras.

_O que você quer? – soltando a calcinha de Amanda no colchão, meu pai encara-me divertido. Como eu odiava isso, ele estava pouco se fodendo para o resto do mundo. Seu olho direito estava roxo o que me fez cruzar os braços em deleite. Ele parecia saído de uma batalha e era um pouco estranho o revirar em meu estomago. O ar torna-se pesado ao nosso redor e se arrependimentos matassem eu era um homem morto.

_Hora, hora, hora – ouço-o gargalhar – Será que não posso conversar com meus filhos?

_É estranho você querer ser pai em um tempo desses – digo irritado – Você não vai falar com Manuela. Quero você longe dela.

_Ou você fará o que? – pergunta ele animado calando-me – Ai está! Você sempre será você Juan, se vista melhor, suba a palcos, faça shows, foda com a mesma mulher se quiser, você sempre continuara sendo quem você é.

Aproximo-me de seu rosto dizendo: _Você não sabe quem eu sou.

_Sei exatamente quem você é Maluma – diz ele – Quando você cansar de fingir isso – vejo suas mãos indicar-me – Você pode voltar para a sua família.

_Manuela é minha família, Romeo é minha família, Yudy é contestável já que agora eu sei que ela participa das suas merdas – rosno trombando em seu ombro quando recolho a calcinha de Amanda.

Jogo minha mochila em um ombro e pego as duas malas de Amanda. Se eu ficasse mais um minuto com esse cara eu o mandaria para o inferno.

_Yudy é uma vadia dissimulada, você sabe – continuou meu pai enquanto eu direcionava-me para a porta – E você também já participou dessas merdas, ou já se esqueceu das coisas que você fez? Uma estrangeira, não vai mudar isso.

_As coisas que eu fiz – paro ao encara-lo – Não podem mudar, as coisas que eu faço agora não te dizem respeito, fique fora da minha vista ou te ponho em uma cova facilmente, não estou brincando, quero você longe da Manuela!

_E o que você sugere que eu diga para minha amada filhinha? – continua ele fazendo meus músculos contraírem-se, implorando-me por ação.

_Diga que você é uma droga de pai e que vai deixa-la em paz porra! – rosno arrastando-me para a escada.

Meus passos ecoam na escada e sua voz me faz olhar para a escada.

_Muito cuidado meu filho – diz ele e seu tom deixa-me alerta – Melhor cuidar de suas duas joias. Cuide como eu não cuidei de sua mãe. Não cometa o mesmo erro duas vezes. Nunca se sabe que tipo de coisas... podem acontecer.

_Isso é uma ameaça? – pergunto dando um passo em sua direção.

_Longe de um velho homem como eu fazer ameaças – ri ele ao dar-me um longo sorriso – As coisas acontecem. Cumprimente J Balvin por mim hoje à noite, diga que sinto saudades. Parece que não vou vê-lo mais.

_Dê você mesmo seus próprios recados de merda – respondo ao sair daquela casa.

Com um silvo, chamo Bonnie e Clyde, que me acompanham até o carro saltitantes. Amanda está confortavelmente sentada no banco do passageiro da frente e se eu não conhecesse melhor, diria que estava dormindo há algum tempo. Ela ainda estava chateada com o que aconteceu. Droga. Eu tinha que resolver aquilo também.

Arrumo Bonnie e Clyde no banco, guardo as malas de Amanda no porta malas e ponho minha mochila junto a meus filhotes.

_Primo! – a voz de Romeo chama-me da porta.

Seus olhinhos estão tristes e meu pai está ao seu lado com uma mão em seu ombro. Tia Yudy aparece ao seu lado segurando o bebe. Ela mantém um olhar firme. Como pude ter chegado a chamar tal mulher de mãe? O que tinha acontecido com ela? Por que deixou aquele desgraçado entrar em suas vidas de novo?

_Campeão – grito para Romeo – Fale para Manuela ligar-me quando ela chegar, certo?

Vejo seu balanço de cabeça com um aperto no coração. Eu iria tira-los daquela maluca. Quando dou a marcha ré no carro, não sei se conseguirei lidar com uma festa idiota hoje à noite.

Precisava o mais rápido possível deixar meus pequenos primos em segurança. Manuela ficaria bem após eu conversar com ela. Se ela queria passar natal comigo eu poderia comprar a porra da ceia inteira pra ela não ficar naquela casa, penduraria enfeites e posso não incomodar suas preciosas amigas. Seria fácil. Olho para Daniela e sua respiração está calma e sei que agora ela finalmente dormiu.

Ganho a estrada dirigindo a 110 quilômetros por hora. Multas era o menor das minhas preocupações. Ficaria tudo bem novamente, tinha que ficar.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora