Capítulo 27

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AMANDA

A melhor coisa que acontece aos domingos é o fato de não precisar acordar cedo – ao menos eu acreditava nisso – e todos que me conheciam já sabiam que, antes do meio dia eu estaria inconsciente para o mundo. Mas claro que ele não me conhecia bem, ou meu celular não teria me acordado com três mensagens de "Estou chegando".

Ao parecer Maluma estava para mudar esse mal habito. Fazia o que? Oito horas? Nove horas? Na verdade não fazia tanto tempo assim. Ouço batidas na porta e encolho-me no cobertor, se eu ficasse parada por bastante tempo talvez ele fosse embora.

O celular vibra. Abro um pequeno buraco em meu casulo e pego meu celular. A mensagem de Maluma era bem direta e clara.

Abre a porta ou vou arromba-la.

Arrasto-me em direção a porta não fazendo questão de apresentar uma boa aparência, parte de mim – eu devia confessar – esperava que ele desistisse daquilo – e teria que ser ele porque eu não iria ceder – antes que meu coração "piorasse" as coisas.

Maluma olha para mim e sorri sarcástico. Deus – suspiro irritada – como alguém pode parecer tão bom as – que horas eram agora? – olho para o relógio que havia posto na parede da sala vazia. Seis horas da manhã? Ele estava brincando comigo!

_Bom dia, Amanda. Você parece pes... pessoa que acabou de acordar – pego o seu "péssima" no ar e sinto minha cara transformar-se em uma careta.

_Eu estava dormindo – declaro como se fosse obvio – as pessoas gostam de dormir em um domingo de manhã.

_Não sabia – diz ele ao sorrir brincalhão. Como ele é irritante!

_Pois fique sabendo agora – rosno observando-o de braços cruzados. Ele me deixava tão... infantil!

Vejo-o franzindo a testa antes de entrar em meu apartamento. Ele parecia mandar aqui mais do eu. O que era hilário desde que eu pagava o aluguel.

_Pensei que podíamos começar com "isso" – diz ele abrindo meu pote de biscoitos.

_Começar comendo meus biscoitos? – reclamo pegando o pote de suas mãos – Vocês celebridades não fazem dieta ou algo do tipo?

Maluma sorri ao roubar uns biscoitos do meu pote. _Metabolismo bom – pisca ele ao entrar em meu quarto.

Em meu quarto – reflexiono – bagunçado com muitas malas. Droga, eu tinha um avião para pegar em duas horas! Como podia ter esquecido?

_Você está indo viajar? – diz ele ao parar no marco da porta. Tentei reconhecer seu "estado de humor" mas ele parecia...uma estatua fria cheia de mistério tempestuoso. Se isso podia fazer algum sentido.

_Volto para o Brasil daqui à uma hora – confesso assistindo seu balanço de cabeça intensificar o aperto de seus lábios, a linha fina que formou-se estava quase desaparecendo dentro de sua boca. Ele da um soco no marco da porta e assusto-me dando um passo para trás – E quando você iria me dizer? Han? Quando estivesse na porra do Brasil Amanda?

Estava-me sentindo um pouco idiota. Mas o que ele queria que eu tivesse feito? Dito "Boa noite Maluma e sabe amanhã? Vou para o Brasil" e esperar o que? Que ele fosse comigo?

_Não sei o porquê você está tão irritado – dou-lhe as costas e começo preparar um café – Você aparece em minha vida em menos de 24 horas e quer que eu te conte meus planos com antecedência? Me poupe!

Viro-me para verifica-lo e encontro-o olhando minha bunda. Serio mesmo? Só... sério mesmo?

_Pensei que nós iriamos ter um mês para testar esse relacionamento e você está indo para o Brasil – ouço sua voz tão próxima de meus ouvidos que um arrepio passa por minha pele até fazer-me fechar os dedinhos dos pés – Parece que ficou apenas uma opção.

_Que opção – gaguejo sem conseguir por o pó dentro do coador. Sinto seus braços rodearem minha cintura e sua barba fazer-me cocegas no pescoço - Que opção Maluma?

Viro-me com expectativa e vejo seu sorriso mortal e tentador em minha direção, sua sobrancelha está arqueada e antes de falar tenho a certeza que ele já sabia a resposta. Aquela era a cara de um homem que já havia ganhado a luta antes de sacar as armas na mesa.

_Posso ir com você pro Brasil ou... você pode ir comigo para Arias.

Maluma... na minha casa... conhecendo meu pai? Minha mãe? Meus cachorros? Minha família?

_Você não pode estar falando sério – respondo com as mãos trêmulas.

_Acredito que esse mês deveríamos ficar próximos – diz ele, inclinando-se para mim. Seus lábios param a centímetros dos meus e não sei se meu coração vai suportar tanta emoção às seis horas da manhã – Estou apenas lidando com o problema, a circunstância, como você disse que deveríamos fazer.

Cretino filho da puta! Xingo mentalmente. Que pessoa eu estava me transformando? Ele tirava o melhor – quero dizer o pior – de mim. Meu sangue fervia com ele por perto e imagino por um momento, o que eu não daria para tirar aquilo sorriso arrogante de seu rosto?

_Okay Maluma, você conseguiu – respondo irritada afastando-me de seus braços – Vou passar o Natal com você e o Ano Novo ao parecer, eu tinha apenas uma oportunidade de ficar com minha família e você roubou isso.

_Não estou roubando nada Amanda – diz ele distante caminhando na direção da porta de saída – Eu te dei duas escolhas e você decidiu.

A porta fecha com um baque deixando-me sozinha novamente em meu apartamento. Como eu ia dizer aquilo para minha mãe? Respiro fundo e pego meu celular entrando rapidamente no aplicativo whatsapp, procuro pela minha mãe e pressiono o ligar.

_Querida – diz ela animada. Deus como eu era uma pessoa horrível.

_Mãe – suspiro agoniada – aconteceu um imprevisto...

A linha fica silenciosa e escuto sua voz reservada perguntar. _Que imprevisto?

Chamou pelo nome – gemo interiormente – e lá vamos nós...

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora