Capítulo 47

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MALUMA

Livre. Finalmente. Livre.

_Maluma, você entendeu tudo o que eu disse? – ouço Lorenzzo falar atrás de mim enquanto vou em direção a um taxi – Onde diabos você está indo?

_Preciso resolver uma coisa – informo antes de fechar a porta do taxi.

Minha cabeça estava cheia de perguntas indesejáveis e não posso dizer que o tempo em que estive preso não foi... reflexivo. Inspiro profundamente sentindo os dedos em minhas mãos retraírem-se. Minha cara havia melhorado um pouco, apesar de ainda estar inchada com os socos que levei dos policiais, mas foda-se, eu não me importava com os machucados. Minhas mãos estavam machucadas de tanto socar a parede e meus ouvidos – depois de ouvir os gritos de meus fãs – estavam um pouco doloridos.

O carinho e o amor que aquelas pessoas sentiam por mim – observo uma massa de fãs seguirem meu taxi que parou no sinal vermelho – era de certa forma, inspirador. O homem que eu sou hoje talvez tenha sido inspirado neles, em todos eles, meus fãs. As pessoas ali não sabiam da metade dos problemas em que eu estava envolvido, não me conheciam direito e me devotavam um amor, que eu ainda não entendia e mesmo assim parte de mim aquietava-se em tranquilidade em sentir aquele afeto.

Como amar uma pessoa que você nem conhece? E como não amar pessoas que te amam com essa intensidade?

Cheguei ao prédio de Amanda ignorando o porteiro que vinha atrás de mim, estou batendo na porta da única mulher que me faz brigar com meu próprio ego quando Antônio chega até mim.

_Senhor, o senhor não pode invadir esse prédio – diz ele enquanto dou um chute na porta ao me virar para ele.

_Ah sim? – pergunto irônico ao sentir minha boca adotar um bico e levantar minhas sobrancelhas – Não ligo – volto para a porta e dou mais um soco, droga! Por que ela não atendia? – Amanda!

_A-a senhorita Amanda não está – diz o porteiro congelando-me.

_Como assim ela não está aqui? – pergunto ao levanta-lo pelo colarinho de seu uniforme barato. O homem está suando feito um porco e o cheiro de urina invade minhas narinas.

_E-ela não vêm pra casa faz alguns dias – gagueja ele e o cheiro de urina torna-se maior.

Ao solta-lo escuto o exato momento em que ele chega ao chão, estou saindo do prédio com uma raiva incontrolável, paro na calçada e respiro fundo, infernos. Aquela mulher me deixa fora de mim. Retorno ao prédio onde Amanda mora sorrindo como um maníaco e o porteiro se encolhe.

_Posso usar seu telefone? – pergunto ao vê-lo estender-me o objeto com uma palidez antinatural. Disco números tão familiares para mim e após o terceiro toque a voz de Lorenzzo enche meus ouvidos – Alô?

_Preciso que traga meu carro para o prédio onde Amanda vive – declaro como se não fosse importante e dou um sorriso para o porteiro que se encolhe.

_O que diabos você está fazendo no apartamento da Amanda? O que anda acontecendo? Você acabou de sair da cadeia Maluma! – grita ele.

_Vinte minutos Lorenzzo, não me faça esperarmais que isso, ou eu posso ser preso novamente –resmungo e antes de desligar otelefone declaro debochado – Mas agora por roubo.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora