AMANDA
As paredes são dividas entre as cores brancas e cinzas contrastando com as grades de metal da cadeia. Cadeia. Nunca havia pensado que estaria entrando em um lugar como aquele, se minha mãe tivesse se quer o ligeiro pensamento que um fio do meu cabelo entrou em uma cadeia, ela estaria enlouquecendo.
A palavra mãe deixa um sabor amargo em meus lábios conforme caminho em direção a uma porta de metal. A cada passo que dou as barbaridades que alguns presos me gritam me causam náuseas. Quando por fim o policial alto e negro abre a porta entro mais rápido que um raio, sentindo meus pulmões perderem o ar que me restava ao ver o estado em que se encontrava Maluma.
Meu Deus.
Ele esta sentado em uma cadeira com uma mesa de metal em sua frente, seus pulsos sustentam algemas de prata brilhante que descansam sobre a superfície fria da mesa. Noto as linhas grossas em uma coloração vermelha enegrecida em sua pele e dou um passo vacilante em sua direção. Maluma esta me olhando silencioso e não sei mais se quero gritar com ele ou chorar por vê-lo tão machucado.
_O que aconteceu com você? – pergunto preocupada ao ocupar a cadeira de frente a ele.
Seus olhos estão inchados, as pálpebras roxeadas em tons coloridos de azul, vermelho e roxo lhe dão uma aparência selvagem. Seus lábios exibem cortes do mesmo tom. Sinal que quem bateu nele não tinha fixado-se somente em seus belos e sedutores olhos.
_Pensei que não viria me ver – disse ele ao invés, recuso-me a entrar em seu jogo de culpa e abaixo meu olhar para sua camiseta, perguntando-me se haveria mais hematomas ali se eu a levantasse.
_Estive ocupada – retruco vendo-o semicerrar os olhos. Com dois pontapés Maluma chuta a mesa de madeira entre nos e ela cai no chão com um sonoro barulho assustando-me. Vejo-o esticar a perna e puxar minha cadeira com os pés até que estávamos joelhos contra joelhos.
_Por que você não me explica isso? Hm? – diz ele sarcástico. O que estava acontecendo?
_Qual é o seu problema Maluma? – questiono ao encarar seus olhos, as tempestades estavam formando-se em sua íris e aquilo não me parecia bom.
_Nenhuma Amanda, apenas fiz uma pergunta que você não quer responder – continuou ele – Você está com o mesmo vestido que fomos na festa.
_Você também está com suas roupas de festa – argumento desviando o olhar.
_Eu estou preso – responde irônico – E você bebe?
_Hospital – respondi enfatizando meu tom de indiferença. Eu era péssima nessas coisas Deus. Mas talvez fosse o melhor. Se somente Anitta podia tira-lo dali eu terminaria com aquilo, com tudo aquilo, se ele continuasse nesse lugar ele acabaria morrendo. Noto novamente seus machucados e observo um hematoma escuro aparecendo de um botão solto em sua camisa – Estava com J Balvin.
Foi como se eu tivesse disparado um gatilho dentro de sua cabeça. Ele levantou com um impulso fazendo sua cadeira cair. A forma em que ele estava caminhando de um lado para outro estava deixando-me preocupada.
_Por que diabos você estava com esse filho da puta? – vejo como a parede de metal aguenta firme após Maluma dar um chute junto com a palavra puta.
_Ele foi baleado – declaro – fui com ele para o hospital.
_E por que você foi com ele pro hospital Amanda? Você o conhece? – rosna ele parando a centímetros do meu rosto, não havia percebido que eu também tinha me levantado até que nossas testas estão milímetros por se tocar.
_Você sabe o porquê – minto. O que mais eu podia fazer? Culpa preenche-me. Eu tinha algumas horas para ligar para Anitta.
Maluma encara-me e seus olhos suavizam.
_Você está mentindo – diz ele – Por que está mentindo pra mim Amanda? É por causa de Anitta? É pela... gravidez?
Eu não estava nem lembrando-me da gravidez até ele mencionar isso. Musicas de ninar, fraldas e pés gordinhos preenchem minha mente. Meu coração da uma guinada levando-me a pisar em falso. As lagrimas começam a transbordar de meus olhos. As horas em que fiquei longe daquele homem formam um redemoinho em minha mente.
_Não posso continuar com isso – fungo quando a cabeça de Maluma esconde-se em meu pescoço – Você precisa entender.
Que só eu posso te ajudar agora.
_Nós temos um acordo – sussurra ele passando seu nariz por meu pescoço – Eu senti a sua falta.
Eu senti a sua falta também.
_Aquilo, a explosão – sussurro em seu peito – Foi uma tentativa de assassinato. Tentaram matar J Balvin.
Seu corpo endurece enquanto seu rosto volta a encarar os meus.
_Como você sabe disso? – vejo as cenas começando a clarear em sua mente – Você não estava no banheiro você estava com ele.
_Maluma – começo.
_Quando você saiu do teatro e um homem passou atrás de você não era coincidência – continua ele e cada vez seu tom foi ficando mais alto – O que diabos você está fazendo?
Sua voz ecoa por minha mente enquanto vejo-o chutar a mesa.
_Maluma – choramingo em ver sua fúria.
_Quanto tempo? – grita ele chutando a cadeira – Qual a porra do tempo você ficou com ele?
_Você deveria saber, já que passei a metade do tempo com você – respondo mas ele não me escuta, continua chutando as coisas, ouço a porta ameaçar ser aberta. Meu Deus – Maluma.
_Não Amanda, porra, não! Você fode com tudo na minha cabeça caralho! Por que você tinha que fazer essa merda? – continua ele gritando.
A sala de visitas é invadida por três policiais e Maluma se recusa a ceder chutando-os, se a cena não fosse tão preocupante seria de admirar Maluma, algemado dar conta de três homens. Policias – recorda minha mente – droga.
_Maluma para! – grito entrando em seu meio. Minhas mãos chegam a tocar seu peito, mas em seu acesso de fúria ele acabou não vendo que era eu. Sua perna acerta-me e caio de encontro à cadeira no chão. A dor em minhas costelas faz-me gritar – Maluma – choramingo.
Nossos olhos se encontram e ele parece horrorizado com o que fez. Maluma balança a cabeça de um lado para o outro enquanto os policiais conseguem levantarem-se e o conterem, levando-o para longe de mim.
_Maluma! – grito ao assumir com dificuldade uma postura sentada no chão frio.
_Não posso falar com você agora – ouço dizer de longe – Fica longe de mim.
Aquelas palavras ferem-me como uma bala disparada ao vento. Estou chorando quando passo correndo pelo corredor de celas. Lorenzzo olha-me passar da sala de entrada em que está a espera de noticiais com o advogado de Maluma para fora da delegacia. Se não fosse por Lorenzzo eu nunca teria conseguido entrar lá dentro.
A massa de fãs de Maluma estava acampando do lado de fora, com cartazes contra Anitta e placas de protesto contra a delegacia. Deveria ter mais de 500 pessoas, a rua estava interditada. Nenhum carro entrava ou saía. Passei correndo em meio as pessoas, sem saber a onde ir, eu não poderia ir para casa, não podia ficar sozinha comigo mesma e devido a isso, acabei voltando para o único lugar em que eu poderia ocupar-me com os problemas dos outros. Voltei ao hospital.
Quando a mãe de Balvin olhou minha cara ela ofereceu-me de pronto, um copo de água.
_Meu Deus querida não fique assim, faz apenas alguns minutos que o levaram, disseram que a cirurgia é simples sem risco de vida, sente-se aqui – eu não conseguia entender o que ela estava dizendo-me, mas aceito seu abraço e choro inconsoladamente – E pensar que uma hora dessas eu estaria fazendo pavê, tortas e tentando evitar que cutucassem o peru.
Ela percebe que não entendi nada do que ela disse, mas apenas sorri e canta uma canção baixa enquanto continuo agarrada aquela mulher. As horas passam e com elas meu coração aquieta-se. Era o fim? Entre mim e Maluma, esse seria o final de tudo? Algumas coisas não tinham sido feitas para durar.
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Livro 1 - Doce Tempestade
FanfictionAmanda é uma garota brasileira de 20 anos que acabou de ganhar uma bolsa de estudos na Colômbia. Viver em um alojamento com outras brasileiras que só pensam em festas e homens estava prejudicando e deixando a decidida e certinha univer...