YUDY
Minha respiração está pesada enquanto dirijo pelas ruas em direção a um hospital. Minhas amáveis crianças estão protegidas – graças a Deus – na casa de Maluma, com Yandel protegendo-as a probabilidade de algo dar errado eram quase nulas, ele era um ótimo atirador, criado junto de Maluma na adolescência e não deixaria que nada acontecesse com ele ou com as crianças.
Com a morte de Londoño o medo se espalhou rapidamente pelas ruas da Colômbia. Os policiais podiam falar absolutamente tudo o que eles quisessem sobre a máfia, o trafico e as gangues do local, mas certamente ninguém poderia negar o quanto eles contribuíam para que houvesse um controle da marginalidade do pais. Sem Londoño no controle os sinais de desastre já eram evidentes, os carros com som alto nas ruas, os gritos seguidos de tiros em vários locais, o aumento da prostituição, os assaltos recorrentes e a venda de droga nas ruas haviam aumentado e isso era apenas em três dias, oxalá – nego-me a pensar – o que acontecerá dali pra frente se Carlos não conseguisse puxar as rédeas.
Estaciono meu carro e solto um enorme suspiro movendo meus doloridos ombros na expectativa de obter algum controle psicológico. Que Deus me dê forças para não matar aquela vadia. Saio do carro recebendo os pequenos pingos de chuva, sem importar-me absolutamente com a sensação de frio e desconforto que elas causavam ao atingir minha pele. O cheiro de desinfetante e álcool deixam-me parcialmente tonta ao entrar no hospital e limito-me a sorrir para as pessoas de forma casual, não deixando transparecer – absolutamente – que eu não estava ali para uma visita rotineira.
Ouço a televisão ligada passando o noticiário do dia anterior e posso relembrar as palavras da jornalista com exatidão. Respiro três vezes e entro no quarto encontrando a vagabunda estirada na cama com um pé pendurado e uma tipoia no braço. Ela parecia saída de um filme de terror onde a mocinha – esturricada, com hematomas e ferida – insiste em passar camadas de maquiagem por cima da pele. Ela estava muito machucada e minhas mãos coçam por uma oportunidade de quebrar o resto de seus ossos. Será Deus? Será que esse era um teste de resistência?
_O que você está fazendo aqui? – a voz de Anitta causa-me repulsa, mas seu incomodo me faz sorrir pela primeira vez nesses dias tenebrosos.
_Ora querida – sorrio ainda mais com seu estresse evidente – Não posso cumprimentar a mãe dos meus futuros netos?
_Você não é mãe dele – cospe ela enojada.
_Sou mais mãe dele querida do que você jamais vai ser mãe de alguém – sua mascara cai por um exato minuto e apenas lembro-me de enfiar a mão na bolsa e ligar o gravador – Como você conseguiu fazer meu menino cair nesse seu golpe da barriga apenas me surpreende.
_Você não sabe de nada – diz Anitta irritada.
_A mas eu sei de muitas coisas – sorrio aproximando-me da cobra – Sei por exemplo que você deu uma desculpa patética para não ir fazer o exame de gravidez.
_Eu tinha show naquele dia – esclarece ela.
_Claro que sim – sorrio ao abaixar-me e olhar para seu saco urinário – Não conseguir ir para o banheiro fazer suas próprias necessidades deve ser terrível...
_O que você está fazendo? –grita ela tentando alcançar com o braço bom o botão na parede a fim de chamar a enfermeira.
_Estou apenas te ajudando – informo ao desconectar seu saco urinário.
_Enfermeira! – seus gritos fazem-me rosnar, abro o saco urinário com um pequeno canivete escondido em meu tênis e o cheiro forte de urina embrulha-me o estomago.
_Agora o momento da verdade - rio ao jogar o teste de gravides dentro do saco urinário. Balanço um pouco e o rosto de Anitta empalidece – Agora basta vermos os pauzinhos em querida?
Viro o saco urinário de lado e olho fixamente o teste de gravides. Negativo. O teste deu negativo.
_Parece que não temos uma mamãe aqui hoje – rio e ela tenta saltar em minha direção e acabo jogando o saco urinário em sua direção – Meu Deus que desastrada sou eu!
Anitta está coberta de urina e apenas tiro algumas fotos com meu celular para registrar o momento.
_Você vai pagar por isso sua cretina!- grita ela.
_Eu acho que não – afirmo e sorrio vendo-a empalidecer – Quando Maluma descobrir que você esteve mentindo eu não vou querer ser você.
_Eu abortei a criança devido ao acidente! – gagueja ela em uma tentativa desesperada de se defender.
_Conta outra meu bem – esclareço ao estralar os dedos – Se essa fosse sua primeira tentativa.
_Ele vai acreditar em mim – ela me parece um pouco paranoica – Ele vai, ele odeia você, ele vai acreditar em mim, eu vou ficar gravida e ele vai acreditar em mim!
Coloco uma luva e recolho o teste de gravides, aperto posteriormente o botão de chamada na enfermaria fixado na parede e saio do quarto acenando para Anitta.
_Vejo você no tribunal – um dos problemas havia sido esclarecido e resolvido, agora só faltava os piores pesadelos.
Que Deus proteja meu menino, onde será que ele está?
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Livro 1 - Doce Tempestade
FanficAmanda é uma garota brasileira de 20 anos que acabou de ganhar uma bolsa de estudos na Colômbia. Viver em um alojamento com outras brasileiras que só pensam em festas e homens estava prejudicando e deixando a decidida e certinha univer...