AMANDA
Esse é meu primeiro dia de trabalho e eu gostaria de estar com uma aparência melhor, mas os pesadelos – terríveis e sombrios – que me despertaram durante a pequena noite pensando em Maluma foi pior do que imaginei. Tento ignorar a marca envolta dos meus olhos e esquecer-me por um momento do homem que me mantém refém de tantas emoções.
O tempo parecia voar entre o céu azul de Medellín deixando um rastro de felicidade nos rostos das pessoas. Eu esperava que um pouco daquela felicidade esconde-se minha péssima aparência, tinha realmente tentado dar um jeito naquele cabelo – penso com frustração ao toca-lo – mas não tinha jeito, ele simplesmente não ficava no lugar.
Meu destino era uma das sedes globais da Editora Sotto. Um edifício comercial de vinte e cinco andares, revestido de aço e vidro curvo onde as palavras Sotto Editora estavam gravadas em aço acima das portas de vidro dianteiras. Engulo em seco antes de entrar, sentia-me tão intimidada que francamente era difícil não dar meia volta e sair correndo.
Um balcão de mogno escuro estava imponente no hall de entrada e uma atraente loira olha para mim de cima a baixo antes de sorrir. Ela mantém uma postura exemplar e seu terninho rosa parece zombar de minha calça jeans, blusa floral e sapatilha preta. Seu cabelo estava firmemente preso em uma espécie de coque o que deixava meu revolto cabelo ainda mais problemático. Ela parecia quase imaculada e intocável enquanto eu parecia ter saído de uma feira de peixe.
_Bom dia, sou Amanda Resende e estou aqui para o estagio com Margareth Bitencourt.
Ela arqueia a sobrancelha e sorri amigavelmente. _Um minuto Senhorita Resende.
Estou começando a achar que esse lugar vai me comer viva, talvez eu deveria ter me vestido melhor, mas havia pensado que – por ser uma editora tão moderna – as pessoas se vestiam mais descontraidamente. Poderia comprar algumas roupas se conseguisse o estagio – definitivamente – uma saia e um blazer ao menos.
A loira continua olhando-me enquanto fala com alguém no telefone. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo enquanto sinto a franja desprender-se. Arrumo meu óculos e tento fingir – ao menos na minha consciência – que não estou intimidada com aquela mulher.
_Senhorita Resende você é esperada no Setor 4. Siga até o segurança a esquerda, ele fará um crachá temporário até o seu definitivo chegar – diz ela sorrindo com desdém, certamente deve imaginar que uma pessoa como eu não chegaria a ter um crachá definitivo, mas eu estava determinada a provar o contrario para todos eles.
O segurança – que parece saído do filme Rambo – registra minha digital no sistema e imprime um cartão escrito "Estagiaria temporária" seguido da minha foto – que assustaria até demônios – e meu nome. Eu tinha que dar um jeito naquelas olheiras – ou no motivo que causa as olheiras – pensei comigo mesma antes de suspirar interiormente. Entro no elevador e vejo o segurança pressionar o botão quatro. Esse seria um longo dia.
O elevador sobe rapidamente para o quarto andar e quando as portas se abrem demoro um tempo para sair. Estou um pouco insegura olhando para o mar barulhento a minha volta, o quarto andar é cheio de mini blocos, onde cada um deles é composto de uma mesa de madeira, um computador e um telefone. As pessoas estavam todas ocupadas falando no telefone, andando rapidamente com papeis e pastas nas mãos, teclando furiosamente em seus computadores para notar uma estranha entrando no local. Mas não aquela mulher com seu terno preto bem modelado olhando para seu relógio de pulso com uma expressão severa, ao encontrar meu olhar ela franze ainda mais a cara e sei que estou com problemas.
_Você é Amanda? – pergunta ela ao apontar em minha direção.
_Sim – respondo vendo-a afastar-se em direção ao outro lado da bagunça de mini blocos apertados.
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Livro 1 - Doce Tempestade
Fiksi PenggemarAmanda é uma garota brasileira de 20 anos que acabou de ganhar uma bolsa de estudos na Colômbia. Viver em um alojamento com outras brasileiras que só pensam em festas e homens estava prejudicando e deixando a decidida e certinha univer...