Capítulo 7

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AMANDA

Acordo no meio da noite sentindo muito calor. Minhas pernas estão presas entre as de Maluma e seu braço está jogado em minha cintura como se ele tivesse medo que eu fugisse – ou caísse da cama – como já havia mencionado. Sinto sua respiração quente fazer cocegas em meu pescoço e pergunto-me como chegamos a ficar naquela posição maluca.

Desembaraço-me de seu corpo e levanto-me sem saber muito o que fazer. Minha visão está acostumando-se lentamente a escuridão e vou tateando pelos cantos até chegar a cozinha, eu precisava tomar um copo de água, fazer xixi, refletir um pouco sobre tudo isso sem ter a pressão daquele homem na minha cabeça.

Acordar pela manhã com um medo irracional de enfrenta-lo somente para descobrir que ele havia partido foi uma espécie de choque. Eu estava muito abalada quando cheguei na universidade pela manhã e Rita estava extremamente irritada ao devolver meu celular e meus documentos gritando-me sobre "a irresponsabilidade de voltar pra casa com um estranho" – novamente – mas o que realmente me chocou naquele dia foi Yasmin.

Yasmin havia agarrado a mim e a Rita pela mão levando-nos para o banheiro. Estávamos presas em uma das cabines quando Yasmin sacou uma revista de sua mochila surrada e eu deparei-me comum ângulo da minha bunda estampado em HD na capa da Astros -ofuscando parcialmente minha mão a marcar a cara de Anitta - e foi naquele momento que o dia não tinha ficado pior.

Ao ler a manchete sinto meu mundo cair, ser acusada de ter relações sexuais com dois reggaetoneros e ser virgem era uma espécie de facada no coração, mas o que mais me magoou foi ver a cara de Maluma, ele estava focado em Anitta caindo no chão e tinha dormido na minha casa! Eu não sabia mais o porque tinha chorado, se era de revolta, humilhação, desespero. Se alguém conseguisse me identificar minha vida acadêmica estava arruinada, quem iria querer trabalhar com um profissional que se prestava aquele tipo de papel?

Eu tinha feito meu pedido de demissão no notebook e estava para enviar a Lorenzzo por email quando ouvi batidas em minha porta. Pensei seriamente que seria Jhony já que ele queria "cobrar-me" as maquiagens que eu havia jogado fora pela madrugada e foi exatamente por isso que não me importei em abrir a porta de pijama. Ver Maluma com o olhar perdido pedindo-me para ficar na minha casa só me fez querer chorar mais ainda. Queria entender se para ele isso era um tipo de jogo? De piada interna! E quase lhe perguntei se ele havia descoberto e estava divertindo-se com aquilo mas ao vê-lo entrar em choque quando abri a boca desviei de assunto imediatamente.

_Não – gritou Maluma do quarto assustando-me – Deixem ele ir!

Corri em direção a cama e vejo Maluma debatendo-se. Subo na cama e seguro seus braços. Não consigo vê-lo daquele jeito.

_Esta tudo bem – murmuro ao tentar acorda-lo – Maluma, acorda, está tudo bem é apenas um pesadelo.

Vejo seus olhos abrirem-se confusos e ele segura minha cintura apertado. _Amanda – sussurra ele e naquele momento ele não é mais Maluma o cantor de reggaeton famoso nacional e internacionalmente. Ele é apenas um homem quebrado e indefeso agarrando-se a mim sem saber como recolher seus pedaços.

_Estou aqui, foi apenas um pesadelo – sussurro acariciando sua cabeça. Seu cabelo está começando a nascer novamente e desejo por um momento vê-lo com o cabelo grande. Será que mudaria muita coisa? – Está tudo bem, shh.

_Não me deixe – pediu ele antes de enfiar a cara na minha barriga.

Sinto o suor de seu rosto molhar minha blusa e seus braços enlaçar minha cintura ainda mais. Eu seria incapaz de deixar aquele homem naquele momento. Encosto-me em meu travesseiro sentindo-o congelar por ver-me mover. Ao ajeitar-me novamente na cama, sinto-o relaxar enquanto acaricio seu cabelo. Logo ouço sua respiração uniforme novamente e um barulho suave sair de seus lábios, percebo que ele voltou a dormir deixando-me com meus pensamentos novamente.

Aquele homem era um verdadeiro mistério e eu não sabia se estava preparada emocionalmente para descobrir o que estava de errado com ele. Meus braços estavam abraçando-o enquanto ele dormia e por um minuto senti que eu estava segurando meu mundo inteiro.

Incrivelmente era interessante pensar que, aquele mundo parecia o único, capaz de me destruir. 

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora