Capítulo 61

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AMANDA

Eu estava em uma cama. Em uma cama gigantesca e macia. O quarto tinha suas paredes cinzas deixando o aspecto escuro do mogno dos moveis horripilantes sobre o foco da seda vermelha que cobria o colchão. Consigo sentar-me com facilidade, mas o metal em um dos meus tornozelos faz-me estremecer. Eu estava presa na cama. O que diabos tinha acontecido comigo? Sinto-me enjoada ao respirar lentamente.

As imagens voltam claramente para mim. J Balvin me sequestrou. Infernos! Ele meteu uma seringa na minha bunda, aquele filho da puta me drogou e me sequestrou! Aquele desgraçado!

Aproximo meu corpo do meu pé e puxo a algema que o prende com força. Nenhum resultado.

_Droga – reclamo e reparo de soslaio uma pequena luzinha vermelha piscar.

Eu estava sendo filmada.

_J Balvin seu desgraçado! – grito tacando uma almofada em direção à câmera do outro lado da parede – O que você fez comigo? Cadê você? J Balvin!

Meus gritos se perdem entre as paredes daquele quarto por horas antes da luz vermelha apagar-se do nada. Estou encarando o teto desiludida com minha vida, repassando um passo de cada vez os caminhos que segui, as escolhas que eu fiz. Pergunto-me se mudaria alguma coisa em minha vida, se faria algo diferente. E o vazio é respondido com absoluta dor.

Alguém está entrando em meu quarto após meu tempo de silêncio incerto, mas apenas permaneço em minha posição, encarando o teto cinza, sem manchas, límpido, como um quadro vazio.

O colchão afunda parcialmente com o novo peso e alguém está deitado ao meu lado. Tomando uma respiração profunda viro minha cabeça lentamente em sua direção e encontro J Balvin olhando para mim. Seu cabelo está raspado mostrando uma tatuagem em seu crânio. Apenas o encaro por um momento e volto a olhar para o teto.

_Você me chamou – ouço-o dizer e apenas permaneço quieta – Amanda – seu rosto aproxima-se ainda mais do meu – Fale comigo.

_Por quê? – questiono.

_Por que você foi sequestrada? – pergunta ele.

_Não – nego – Por que você está fazendo isso? Já sei por que estou aqui, mas quero saber o que isso faz por você.

_Ele ama você - ele diz ao invés – E eu também amo você – como se tudo isso fizesse sentido.

_Vocês dois tem uma forma excêntrica de demonstrar amor – zombo e meu rosto é virado para ele, seus olhos a centímetros dos meus, sua boca a milímetros de tocar-me os lábios.

_Maluma precisa pagar também Amanda – diz ele acariciando meus cabelos – Você não entenderia, mas eu nunca machucaria você hermosa mia, nunca você.

_Você já me machucou – alfineto e vejo-o afastar-se com culpa, o colchão sobe com a ausência do peso extra – Eu confiei em você, eu gostava de você, cheguei a pensar que... que... te amava e tudo foi uma mentira, um caminho pra você conseguir o que diabos seja o que você quer.

_Amanda... – suplica ele ao olhar para mim a distancia, sua dor parecia palpável.

_Tudo o que você fez, tudo o que você disse era uma mentira – cuspo – Eu tenho nojo de você, inventar a doença na própria mãe. Se ela for mesmo a sua mãe.

_Eu nunca mentiria sobre isso – responde ele firme.

_Eu não sei de nada – rio irônica – Pensei que conhecia você, pensei que você era diferente.

_Eu não sou quem você pensa que sou Amanda – diz ele ajoelhado próximo à cama – Mas também não sou o próprio diabo. Maluma é bem pior que eu.

_Você traiu minha confiança – chuto.

_Ele destruiu seu coração – diz ele ao tentar acariciar meu cabelo, mas balanço-os furiosamente.

_Se você não for vir aqui para me matar – digo-lhe interrompendo sua fala ao lhe dar as costas – Deixe-me sozinha, deixe-me em luto, porque hoje pra mim, você morreu.

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora