Capítulo 9

770 60 4
                                    

AMANDA

Jhony chegou em casa alguns minutos antes de Maluma sair – ou assim eu acreditava – sentia-me confusa e desconectada com as coisas ao redor. Imagina-lo encontrando Maluma na minha casa estava fazendo-me chorar ainda mais. Eu devia ser no mínimo patética por importar-me com alguém tão bastardamente egoísta.

Após o súbito ataque de Maluma comigo pela manhã eu passei de extremamente irritada para absolutamente chorosa – se fazia algum sentido – ouvir o baque da porta foi pior que receber um tapa na cara e foi daquele jeito que Jhony me encontrou.

Estava sentada no chão da sala vazia, segurando o outro par de pantufa que minha prima havia me presenteado no natal. As mãos delicadas de Jhony limparam as lagrimas do meu rosto, sentia-me tão passada que havia perdido a coragem de me mover. Qual era o problema dele? Eu não tinha feito nada de errado. Vejo Jhony dizendo-me coisas suaves e me colocando na cama, ele estava abraçando-me há algum tempo enquanto eu chorava em sua camiseta.

_Chega né – disse ele após algum tempo, dando tapinhas nas minhas costas – Nem que você tivesse engolido um oceano.

Fungo sem saber como terminar com as lágrimas que não param de fluir.

_Santa madre – resmunga Jhony ao afastar-se de mim – Vamos abrir esse quarto, exalar o ar de um novo dia e sair desse clima pesadão, cruzes, até parece que morreu alguém aqui, sinto que posso evocar um defunto.

Um pequeno sorriso ameaça sair do meu rosto quando vejo Jhony abrindo minhas janelas, ele era muito divertido e parecia estar sempre pra cima, hoje ele não parecia uma mulher a não ser um gay comum. Era ele um transformista? Não teria coragem de perguntar e não me importaria se ele fosse, só queria parar de chorar por alguém que não merece nenhuma lágrima.

_Isso é uma cueca G no seu banheiro? – grita Jhony entrando no quarto segurando uma cueca – Quem é o boy?

Não o tinha visto saindo do quarto e estava envergonhada ao olhar o vestígio de Maluma na minha casa. Minha vontade era queimar tudo e esquecer que ele já esteve aqui.

_Jogue fora por favor – digo a ele indo ao banheiro pegar uma Aspirina.

_Quero saber de tudo – diz ele ao invés – Com uma cueca desse tamanho, ou a mala é grande ou a bunda é, se for as duas coisas melhor ainda!

_Jhony – suspiro ao olha-lo cansada.

Ficando sério por um momento ouço-o perguntar. _Ele machucou você?

_Não como você está pensando – confessei – Emocionalmente ele retirou meu chão.

Jhony me da um tapa na bunda e pisca de lado dizendo:_ É por isso que você jamais deve se apaixonar criança, você dorme com um hoje, com outro amanhã e nunca se entrega de coração porque homem não dá valor.

_Não funcionaria entre nós dois – continuei ao engolir a Aspirina sem água, a sensação do comprimido parado em minha garganta parecia um alivio comparado com a dor em meu coração – Somos muitos diferentes e ele não se sente assim e eu não me arriscaria.

_Senhor! Senhor! – gritou Antonio no que parecia ser o corredor de fora do meu apartamento.

Saio do banheiro e fico olhando para minha porta, Jhony está atrás de mim fazendo o mesmo e juntos observamos esta ser aberta de supetão, o baque na parede não assustou mais que a cara de Maluma ao ir na direção de Jhony.

Maluma passa por mim retirando-me do caminho antes de levantar Jhony pelo colarinho e gruda-lo na parede. Sua voz era uma mistura de rosnado com uma fúria mal contida. _O que você está fazendo aqui?

_Querida – chama-me Jhony engolindo em seco, ele parecia estar perdendo o oxigênio e seu rosto estava adquirindo uma coloração avermelhada – Não é por nada mas estou ficando todo borradinho nesse momento.

_Você não tem o direito de entrar na minha casa – grito sentindo a raiva invadir-me novamente. O que diabos se passava na cabeça daquele homem? – Como você ousa entrar na minha casa como se tivesse algum direito. Quem eu deixo entrar aqui ou não, não é da sua conta. Solta o meu amigo agora!

Estou puxando a calça de moletom de Maluma e vejo Jhony escorregar pela parede. Maluma está encarando sério e ouço Jhony respirando rapidamente ao cair sentado no chão

_Você está bem? – pergunto ao rodear Maluma e ir em direção a Jhony, que parece estar tendo algum tipo de ataque – Olha só o que você fez!

_Eu mal toquei nessa florzinha – grunhiu Maluma – Por que você não me disse que ele é gay?

Não estou acreditando nesse homem! _Isso não te diz respeito eu não preciso te dizer nada, eu não te conheço!

_Me diz que você transou com ele? – pergunta Jhony saindo do seu estado "assustado" para "incrédulo".

Ouço Maluma dizer um "não" como se fosse a coisa mais absurda e minha raiva sobe ao lembrar de que, quem me assediou todas as vezes tinha sido ele.

_Jamais faria sexo com ele – respondo.

_Por que não? – perguntam os dois em uníssimo e de repente me vejo em uma batalha de olhares e estou perdendo a paciência.

_Porque não! – grito indo em direção à cozinha e viro-me para Maluma, não aguentando mais essas revira voltas do seu humor – E o diabos você quer dessa vez, porque já ficou obvio que você só corre pra cá quando você precisa de alguma coisa!

Maluma está em silêncio enquanto Jhony passa silenciosamente em nosso meio indo em direção a saída, ouço a porta do apartamento fechar-se e continuo encarando fixamente o homem a minha frente. Ele parece tramar algo em sua cabeça e o vejo cruzando os braços.

Primeiraregra no manual de comportamentos sobre um cara. Se o homem cruza os braços,ele está preparando-se para contar uma mentira.    

Livro 1 - Doce TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora